sábado, 24 de março de 2012

'PINA - 3D': WIN WENDERS PROVA QUE FORMATO USADO COMO ARTE É SEN-SA-CIO-NAL


Estreando ontem aqui no Brasil com o documentário "Pina - 3D", o mais premiado diretor alemão da atualidade prova que o 3D, um recurso mais usado em filmes de ação, quando usado em filmes de arte os transforma em filmes inesquecíveis.
Imagens: Divulgação/Imovision

Wim Wenders usou aqui pela primeira vez o recurso na sua vitoriosa filmografia para dar uma textura -  que fica maravilhosa na telona -  às coreografias da sua conterrânea Pina Bausch (1940-2009), um dos maiores nomes da dança contemporânea.


O projeto teve alguns problemas, principalmente com a morte da coreógrafa, de câncer - em junho de 2009 - dois dias antes do início das filmagens.


Wenders tinha em mente a presença de Pina à frente de todo o processo, o que o obrigou a interromper toda a produção.


O documentário acompanharia não só os ensaios e montagens dos trabalhos da coreógrafa, mas também uma excursão de sua companhia - a Tanztheater Wuppertal, que ela dirigiu por mais de 30 anos - ao exterior, incluindo o Brasil - o que acabou acontecendo em 2011, já sem a presença magnética de Pina.


Porém, os herdeiros de Pina e os bailarinos da trupe tanto insistiram com Wenders, que o filme finalmente saiu do papel, e na versão que vemos agora, o diretor recria algumas das coreografias mais conhecidas da Tanztheater Wuppertal, agora não só no palco de um teatro, mas na rua, num parque, numa piscina, num galpão envidraçado e a bordo de um monotrilho - sen-sa-cio-nal!


Assim, "Pina - 3D" registra fragmentos de coreografias como:
"A Sagração da Primavera" - sob música de Igor Stravinsky, num palco coberto de terra - onde se juntam uma ala toda masculina, outra toda feminina.
"Café Mueller" - com música de Henry Purcell - e conduzida por bailarinos de olhos fechados, num cenário com muitas cadeiras.
"Kontakhof" - executada por bailarinos de diversas idades.
"Vollmond" - que se desenvolve a partir de uma queda d'água no palco, com bailarinos brincando, molhados e felizes.
"O Leãozinho" - de Caetano Veloso,  um divertido solo em cima da canção.


Premiado como melhor direção em Cannes 1987 - por seu drama "Asas do Desejo" - Wenders vem refinando seu inesgotável talento em documentários, como os musicais "Buena Vista Social Club" (1999) e "A Alma de um Homem" (2003).

Aqui, ao encontrar cenários inusitados para as criações de Pina - que botava seus bailarinos para dançar em pisos de terra, água e outros elementos inesperados no ambiente normalmente controlado do palco - Wenders presta não só uma homenagem à grande coreógrafa, mas, principalmente, aos nossos sentidos.


Acerta também em não entrevistar ninguém - só alguns bailarinos falam espontaneamente de seu relacionamento com Pina - inclusive a brasileira Regina Advento, na companhia desde 1993 -  e outros preferem o silêncio, olhando para a câmera, já que seus sentimentos estão na dança criada por Pina, que fala por si.

O documentário estreou no Festival de Berlim 2011, foi indicado ao Oscar de documentário em 2012 e é exibido em versões 3D e 2D - prefira o 3D, você vai se maravilhar.

Confira o trailer do filme:

*****
'PINA - 3D'
Diretor:
Wim Wenders
Produção:
Gian-Piero Ringel, Erwin M. Schmidt, Wim Wenders
Roteiro:
Wim Wenders
Fotografia:
Hélène Louvart
Trilha Sonora:
Thom
Duração:
106 min.
Ano:
2011
País:
Alemanha/ França/ Reino Unido
Gênero:
Documentário
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
Neue Road Movies
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:

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