A imensa Sala das Turbinas da Tate Modern em Londres projeta até o mês de março de 2012 FILM, um poema filmado pela artista britânica Tacita Dean que é ao mesmo tempo uma vibrante defesa do cinema analógico, próximo de desaparecer desde o início da era digital.
O espectador, em um cenário escuro como uma sala de cinema, contempla uma tela vertical em forma de película, com perfurações nos lados, pelas quais desfilam durante 11 minutos todo tipo de imagens.
Divulgação
A artista britânica Tacita Dean
Um sol resplandecente, um caracol, um ovo, uma chaminé industrial, o mar, colagens do tipo Mondrian ou um olho se sucedem na tela, recriando a inventividade da sétima arte desde o início.
Algumas imagens foram coloridas a mão, outras são tão brilhantes que parecem digitais, mas todas foram feitas com a câmera, modelo antigo, e editadas manualmente por Tacita Dean.
Reuters
Público observa o poema de Tacita Dean, projetado na imensa parede da Tate modern
"Nós criamos esta mídia magnífica e agora a estamos perdendo", lamentou a artista inglesa, nascida em 1965 e que mora atualmente em Berlim.
Para ela, o filme de 16 milímetros é o que corre mais risco.
"Apenas o filme permite ter este aspecto, esta impressão de movimento quando alguém se aproxima da tela", disse.
Para o diretor da Tate Modern, Chris Dercon, os museus podem ser os únicos lugares para assistir filmes analógicos, caso os laboratórios de revelação fechem as portas e as empresas interrompam a produção de rolos de filmes.
No livro que acompanha a mostra, 80 artistas falam sobre o cinema, como o diretor francês Jean-Luc Godard, para quem "o chamado cinema digital não é um simples meio técnico, e sim um meio de pensamento. E quando as democracias modernas fazem do pensamento técnico um meio separado, estas democracias predispõem ao totalitarismo".
"Hoje seus anos estão contados, mas permanecerei fiel ao filme analógico até o fechamento do último laboratório", afirma o cineasta Steven Spielberg.
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