quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

JÓIAS DA DIVA DAS DIVAS LIZ TAYLOR TEM RECORDE DE LANCES EM LEILÃO, E ARRECADAM MAIS DE U$ 116 MILHÕES


A lendária pérola conhecida como "A Peregrina" - que teve como última dona a Diva Elizabeth Taylor, retornou a Paris - onde pertenceu a Napoleão III  e ficou em exposição até a semana passada - antes de ser leiloada ontem, juntamente com outras jóias da coleção de Taylor na Christie's de Nova York.

Assim como outras joias, a história desta peça da coleção da Diva de Hollywood (1932-2011) é grandiosa: esteve em poder de várias famílias abastadas do mundo, até mesmo por oito gerações em poder da Casa Real espanhola.

"É uma pérola impressionante. Foi encontrada no Panamá em 1579 e levada para Madri, onde foi adquirida por Felipe II e permaneceu com a Coroa espanhola durante oito gerações", declarou Jonathan Rendell, vice-presidente da Christie's.

"Ela foi retratada em muitas ocasiões em obras do pintor espanhol Diego Velázquez e é um objeto extraordinário. Ainda hoje é importantíssima para a Família Real espanhola, como símbolo de seu poder", declarou Rendell.

"Quando foi descoberta, era a maior pérola do mundo", detalhou Rendell, lembrando que a joia foi levada até Paris por José Bonaparte, onde a peça foi herdada por Napoleão III "e depois vendida ao duque de Abercorn, de família irlandesa, ficando em suas mãos até 1914, quando passou para a coleção do rei da Espanha Afonso XIII, que já havia comprado uma pérola de grande porte para sua esposa, a rainha Vitória Eugénia", acrescentou.

Rendell resumiu a história de "A Peregrina" no século XX: "a joia foi parar nos Estados Unidos e ali ficou até ser comprada por Richard Burton - marido da atriz por duas vezes - em um leilão, no fim dos anos 60 por US$ 37 mil".

AP
A pérola "A Peregrina" foi montada em um colar de pérolas, rubis e diamantes,  feito pela Casa Cartier a pedido da Diva

Elizabeth encontrou inspiração em um retrato do século XVI para encomendar aos joalheiros de Cartier montar a peça em um colar de pérolas naturais, rubis e diamantes, destacando a beleza da "pérola mais perfeita do mundo", como foi descrita nos catálogos de venda.

"Acho que Elizabeth Taylor sabia absolutamente tudo sobre esta pérola e, na realidade, a usava com frequência, tanto em ocasiões especiais quanto em seus filmes, como 'A Megera Domada (1967)'", revelou o vice-presidente da Christie's.
"Historicamente é a peça mais importante que temos", completou Rendell.

No leilão de ontem (13), "A Peregrina" foi arrematada já na primeira metade da sessão por US$ 11,8 milhões - novo recorde mundial de venda de uma pedra preciosa durante um leilão.

Reuters
Comprador faz lance durante leilão de joias de Elizabeth Taylor
Comprador dá lance no leilão, ontem em NY

A expectativa em torno das peças era tal que a Christie's só permitiu o acesso à "zona nobre" de sua sede novaiorquina a quem abrisse uma linha de crédito de US$ 100 mil.

Não foi para menos, já que quatro horas depois os 80 lotes alcançaram quase US$ 116 milhões (R$ 210 milhões), muito acima dos US$ 30 milhões estimados inicialmente.

A única concorrente de "A Peregrina" na coleção da Diva - no que se refere ao valor e importância - é o "Diamante Elizabeth Taylor", de 33 quilates, avaliado em US$ 2,5 milhões.
Trata-se de uma grande pedra, a mais adorada pela atriz.

AP
"Diamante Elizabeth Taylor": jóia favorita da Diva e minha também!

"A 'Liz' Taylor gostava tanto desse diamante que para ela era uma espécie de 'baby', que ficava ao lado da saboneteira em seu lavabo, o que dá uma ideia de quanto ela a usava", comentou Rendell.

A pedra foi adquirida por Richard Burton quando era conhecia como "Diamante Krupp" e custou em 1968 cerca de US$ 300 mil, transformando-se em um símbolo da atriz, tanto que passou a ser reconhecida pelo seu próprio nome - o mesmo não ocorreu com "A Peregrina", que acabou ofuscando o "Diamante Taylor" no leilão - encontrou comprador por US$ 8,8 milhões.

Outra das "pérolas do leilão" foi um diamante plano com engrenagem de ouro conhecido como "Taj Mahal", com o qual Burton a surpreendeu em seu aniversário de 40 anos.
A joia foi vendida por US$ 8,8 milhões, enquanto um colar de esmeraldas e diamantes  - assinado pela Bvlgari em estilo art déco - conseguiu US$ 5,9 milhões.

AP
Colar de esmeraldas e diamantes, da Bvlgari

Outro jogo de quatro peças de rubis e diamantes assinado pela Cartier acabou arrematado por US$ 9,6 milhões, incluindo um anel que alcançou US$ 4,2 milhões e um colar que saiu por US$ 3,7 milhões, enquanto um chamativo anel de diamantes amarelos - a cor preferida da Diva - chegou a US$ 2 milhões.

Outras joias negociadas foram uma tiara vendida por US$ 4,2 milhões, um anel de diamantes de cor conhaque - também presente de Burton à Diva - que saiu por US$ 2,3 milhões, e brincos de pérolas naturais e diamantes, avaliados em até US$ 600 mil e arrematados por quase US$ 2 milhões.

France Presse

Detalhe da tiara, arrematada por US$ 4,2 milhões

O leilão continuará nessa semana com a coleção de roupas da Diva, "toda a história da moda no século 20", na qual se destacam chamativos vestidos produzidos pela grife Pucci na década de 1960, jaquetas com pedraria feitas pela Versace nos anos 80 e várias peças de Christian Dior.

AP
Roupas, lenços, bolsas e malas da Diva também estão no leilão

Dois dos trajes que mais interesse despertaram são os vestidos que a protagonista de "Gata em Teto de Zinco Quente" usou nos dias de seus dois casamentos com Burton - em 1964 e 1975 - um de seda amarela assinado por Irene Sharaff, e outro de seda verde e rosa da estilista Gina Fratini.

Liz Taylor, que morreu após um ataque cardíaco em março, aos 79 anos, atraiu boa parte dos olhares durante a temporada de leilões deste ano, onde tiveram especial relevância alguns retratos da atriz, como "Liz 5", do rei da "Pop Art", Andy Warhol (1928-1987), vendido por quase US$ 27 milhões.

Getty Images
Elizabeth Taylor Krupp Diamond
Liz exibe o "Diamante Taylor", em 1969

Todo o dinheiro arrecadado com o leilão na Christie's vai direto para pesquisas que ajudam as vítimas e procuram a cura da Aids, a grande obra da vida dessa grande mulher.

Realmente, a Diva das Divas.

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