Tem de tudo: os mais machinhos, as mais pintosas, as que cairam no gosto do público, os que viveram romances - escancarados ou misteriosos -, as que beijaram e as que foram - literalmente - detonadas.
São os gays e lésbicas das telinhas, que vocês pediram e que vamos recordar agora.
Confira:
Rodolfo Augusto (Ary Fontoura), de "Assim na Terra como no Céu" (1970/1971), era carnavalesco e gay .
Em plena ditadura militar, a censura vigente à época nem percebeu, e o personagem da novela das 10, escrita por Dias Gomes, deu o que falar.
O grande ator e diretor Ziembinsky interpretou o industrial Conrad, na novela das 10 "O Rebu" (1974/1975), que era apaixonado por seu protegido, o jovem Cauê (Buza Ferraz).
Tomado de ciúmes, ele matou Sílvia (Bete Mendes) ao saber do interesse de Cauê pela moça.
A trama toda da novela, escrita por Bráulio Pedroso, se desenrolou durante uma festa na casa de Conrad, onde Silvia foi morta, e a tia terminou presa no último capítulo.
Foi a primeira "bicha má" das novelas.
Na novela seguinte - "O Grito" (1975/1976) - o saudoso Rubens de Falco interpretou Agenor, um misterioso morador de um prédio que dava para o Minhocão, via elevada do centro de SP.
O autor Jorge de Andrade deu muitas dicas de que Agenor era gay: solteiro, quarentão, morava com a mãe, saía todas as noites...
A censura ficou de olho, e o personagem acabou eclipsado, uma pena.
Em "Vale Tudo" (1988), Cecília (Lala Dehelnzelin) e Laís (Cristina Prochaska) trocavam carícias e andavam de mãos dadas, mas Cecília morre em um acidente de carro, dando margem à discussão sobre herança e parceria civil - o irmão dela, o explorador Marco Aurélio (Reginaldo Faria) tenta impedir que Laís herde a pousada que as duas gerenciavam em Búzios.
Mais tarde, o autor Gilberto Braga fez entrar na história Marília (Bia Seidl), para fazer par romântico com Laís, e as duas terminaram a novela juntas.
O tímido Sandrinho (André Gonçalves), de "A Próxima Vítima" (1995), fez par com Jefferson (Lui Mendes).
Apesar de ter sido bem aceito pelo público da época, o ator André Gonçalves chegou a ser agredido fisicamente por um grupo de homens em uma rua do Rio.
O autor Silvio de Abreu manteve o casal, unido e feliz, até o fim da novela.
Jefferson (Lui Mendes), de "A Próxima Vítima" (1995), fez par com Sandrinho (André Gonçalves).
Nesse 2011, Lui Mendes deu vida a outro personagem gay, na novela do SBT "Amor e Revolução", que acabou sumindo da trama por conta de censura interna da emissora.
Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Sílvia Pfeifer), em "Torre de Babel" (1998/1999), formavam um casal de lésbicas que morreram juntas em uma explosão de um shopping, na trama de Silvio de Abreu.
Na época, a Globo alegou que, em pesquisa, o público pediu que elas saíssem da novela.
Silvio nem titubeou, e as explodiu da trama - literalmente.
Rafaela (Paula Picarelli) e Clara (Aline Moraes), em "Mulheres Apaixonadas" (2003), se apaixonaram no colégio e tiveram que enfrentar o preconceito dos colegas e, principalmente, da família de Clara.
No último capítulo da trama de Manoel Carlos, elas dão um rápido selinho - Clara fazendo Julieta e Rafaela fazendo Romeu - num teatrinho da escola.
Assim não vale!
Jenifer (Bárbara Borges) era uma milionária que namorava a médica Eleonora (Mylla Christie), em "Senhora do Destino" (2004/2005).
No final da novela de Aguinaldo Silva, as duas assumem a relação, passam a viver juntas e adotam um recém-nascido.
Na novela "América" (2005), Junior (Bruno Gagliasso) era um rapaz tímido, que morava no interior com a mãe e não não sentia atração por mulheres.
Até que ele conheceu o vaqueiro Zeca (Erom Cordeiro), por quem se apaixonou.
A autora da novela, Glória Perez, escreveu a cena final dos dois, onde eles se beijavam, a cena chegou a ser gravada mas, na hora da exibição, a Globo censurou.
Até hoje não vimos homens se beijando em novelas da Globo.
Em "Páginas da Vida" (2006/2007), Rubinho (Fernando Eiras) era um médico casado
com o músico Marcelo (Thiago Pichi).
Todos os amigos sabiam do relacionamento.
No final da novela de Manoel Carlos, eles viram pais, adotando o filho da empregada.
Casalzinho mais sem sal, esse.
Rodrigo (Carlos Casagrande) e Tiago (Sérgio Abreu) eram casados em "Paraíso Tropical" (2007).
Os dois moravam juntos, eram bem-sucedidos, trabalhavam no mesmo hotel em Copacabana e todos sabiam do relacionamento.
Ponto para o autor da novela, Gilberto Braga.
Em "Caminhos do Coração" (2007), da Record, Danilinho (Cláudio Heinrich) escondia sua homossexualidade da família e dos colegas de trabalho.
Bernardinho (Thiago Mendonça), de "Duas Caras" (2007/2008), sempre foi incompreendido pela família por causa de seu jeito delicado.
No decorrer da trama de Aguinaldo Silva, apaixonou-se por Carlão (Lugui Palhares), que, a princípio, o desprezou, mas no final os dois terminaram juntos, com direito a casamento e tudo.
Na minissérie da Globo "Queridos Amigos" (2008), Benny (Guilherme Weber) era uma bicha finíssima, que chegou a roubar um beijo do amigo Pedro (Bruno Garcia), sua paixão de muitos anos.
Maria Adelaide Amaral, a autora da minissérie, sabe das coisas.
Orlandinho (Iran Malfitano), de "A Favorita" (2008/2009), era um rapaz confuso e muito, mas muito bichinha.
Na trama de João Emanuel Carneiro, primeiro foi apaixonado por Halley (Cauã Reymond), mas caiu nas graças de Maria do Céu (Deborah Secco) no final da trama.
Os dois acabaram juntos e com um filho!
Pelo visto, virou evangélico, né? - só em igreja evangélica é que eu vejo "ex-viado"...
Stela (Paula Burlamaqui), de "A Favorita" (2008/2009), foi casada com outra mulher, com quem criou um filho.
Mais tarde, ela se interessou por Catarina (Lilia Cabral).
No final da trama, o destino das duas ficou em aberto quando elas viajaram juntas.
Pelo menos aqui, o final foi coerente.
Em "Caras e Bocas" (2009/2010), Cássio (Marco Pigossi) era descolado e divertido, trabalhava numa galeria de arte e criou o bordão: "Choquei! Fiquei rosa chiclete!".
Virou ídolo das pintosas rapidinho.
Na novela "Bela, A Feia" (2009/2010), da Record, Diogo (Sérgio Menezes) era um publicitário arrogante que teve um caso com Diego (Daniel Erthal).
Nos primeiros capítulos de "Ti-Ti-Ti" (2010/2011), Julinho (André Arteche) era um cabeleireiro assumidíssimo que namorava Osmar (Gustavo Leão), que morre logo no início da trama.
Absolutamente do bem, Julinho mais que mereceu acabar a novela com o surfista Thales (Armando Babaioff).
Em "Ti-Ti-Ti" (2010/2011), Thales (Armando Babaioff) era um surfista que casava-se com Jaqueline (Claudia Raia) para tentar esconder sua homossexualidade da mãe.
Mas apaixonou-se perdidamente por Julinho (André Arteche) e chegou a declarar sua paixão pelo cabeleireiro em público.
Grande sacada da autora do remake, Maria Adelaide Amaral.
Ainda em "Ti-Ti-Ti" (2010/2011), Adriano (Rafael Zulu) era um jornalista bichérrimo da revista "Moda Brasil".
Quem o vê atualmente como o mecânico Edvaldo em "Fina Estampa" nem se lembra do Adriano, o que só prova que Rafael Zulu é um grande ator.
Em "Insensato Coração" (2011), Roni (Leonardo Miggiorin) era uma bichinha muito divertida, promoter e amigo de Natalie Lamour (Deborah Secco), na trama de Gilberto Braga.
Raciocínio rápido e tiradas debochadas eram o mote do personagem, que caiu nas graças do público rapidinho.
Mais um grande trabalho de um grande ator.
Ainda em "Insensato Coração" (2011), Sueli (Louise Cardoso) descobriu que o filho, Eduardo (Rodrigo Andrade), é homossexual, vai apoiá-lo e, em seu quiosque, passa a defender a causa gay, principalmente depois que um garoto que ela protegia foi morto, devido a um ataque homofóbico.
As cenas de mãe e filho já estão entre as melhores das novelas, em todos os tempos.
Em "Amor e Revolução", do SBT, a jornalista Marina (Giselle Tigre) e a advogada Marcela (Luciana Vendramini) são amigas, trabalham juntas no jornal de Marina e vivem uma história de amor.
A emissora fez um carnaval danado para divulgar o beijo das duas, mas tirou da reta quando a novela começaria a abordar o relacionamento de dois homens.
Que feio, SBT!
André Gonçalves voltou a interpretar um gay em novelas nesse ano.
E foi "o gay"!
Na novela de Walcyr Carrasco, "Morde e Assopra", o bichérrimo Áureo foi um dos personagens mais comentados e queridos pelo público - que inclusive torceu para que ele acabasse com o bofe Josué (Joaquim Lopes).
Divulgação/TV Globo
A pintosa do momento é o Crô, interpretado por Marcelo Serrado na novela "Fina Estampa".
Depois de fazer vários machos alfa nas novelas da Record, Serrado voltou para a Globo como o mordomo de Tereza Cristina (Christiane Torlonni) e vem arrebentando com suas máximas, que sempre remetem à mitologia egípcia.
Com direito a namorado misterioso - só sabemos que o bofe tem uma tatuagem de escorpião no calcanhar - Crodoaldo Valério virou rapidamente um dos principais personagens da boa novela de Aguinaldo Silva, que entrega: o bofe do Crô não é nenhum dos meninos do vôlei, nem o motorista que bate na mulher.
Quem será?