sexta-feira, 4 de novembro de 2016

'THE CROWN': SÉRIE SOBRE OS PRIMEIROS ANOS DE REINADO DE ELIZABETH II É IRRESISTÍVEL E ESPETACULAR


SINOPSE:

A trama da nova série original Netflix, em dez episódios, é focada na família real mais poderosa do mundo, escancarando seus bastidores não muito nobres e também nas audiências semanais realizadas entre a Rainha Elizabeth II (Claire Foy) e os primeiros-ministros britânicos, de 1952 até os dias de hoje - o primeiro a aparecer é Winston Churchill (John Lithgow).

A primeira temporada vai do casamento de Elizabeth com Philip Mountbatten (Matt Smith), o duque de Edimburgo, em 20 de novembro de 1947 -  e termina dez anos depois.

Baseada na peça 'The Audience', encenada por Dame Hellen Mirren.

CRÍTICA:

A série 'The Crown' é uma superprodução de US$ 124 milhões (R$ 400 milhões),  que pretende humanizar a biografia da Rainha da Inglaterra, Elizabeth II, de 90 anos, além de mostrar um outro lado da Casa de Windsor.

O drama conta como Elizabeth Alexandra Mary (Claire Foy), filha de George VI (Jared Harris), o rei gago, deixou de ser Princesa para virar a comandante do Império Britânico, numa ascensão marcada por desavenças e barracos típicos de uma família plebeia.

A atriz britânica Claire Foy interpreta a rainha Elizabeth em The Crown, nova série da Netflix - Divulgação/Netflix
A atriz britânica Claire Foy interpreta a rainha Elizabeth - Netflix

Com dez episódios, a primeira temporada tem como ponto de partida o casamento de Elizabeth com Philip Mountbatten (Matt Smith), o duque de Edimburgo, em 20 de novembro de 1947, e termina dez anos depois.

Cada temporada da série pretende mostrar uma década da vida da Rainha.

A entrada de Philip na família real britânica foi cheia de controvérsias: primo de segundo grau da então futura rainha, ele não tinha muito dinheiro e era considerado estrangeiro, por ser filho de pai grego.

Suas três irmãs não foram convidadas para o casamento porque eram casadas com nobres alemães - supostamente nazistas.

Pouco mais de quatro anos após o matrimônio, o Rei George VI morreu e Elizabeth, sua filha, foi nomeada Rainha.

A mudança afetou Philip, que se incomodava com o fato de não poder mais andar ao lado da mulher - o protocolo o fazia ficar sempre atrás.

O casal discutiu muito por causa disso - e a série reconstitui os diálogos.


Vanessa Kirby é a princesa Margaret, a irmã atrevida da rainha Elizabeth- Netflix

Enquanto Elizabeth se casava e ganhava a coroa, sua irmã ficava cada vez mais afastada da rotina de sua família.

Alvo preferido dos paparazzi da época, a Princesa Margaret (Vanessa Kirby) tinha uma vida social ativa e não saía das colunas sociais.

Ela protagonizou um grande escândalo quando vazou para a imprensa a notícia de que iria se casar com um homem divorciado - os jornais detonaram a ideia e taxaram o caso como um "romance real que coloca a monarquia em risco".

Mas Elizabeth tinha um reino para cuidar, fazia reuniões semanais com o primeiro-ministro Winston Churchill (John Lithgow) - e eles discutiam sobre tudo, incluindo qual deveria ser o sobrenome do marido dela.

A Rainha procurava não se intimidar frente ao experiente político e evitava ceder às suas pressões.

Elizabeth era bem avaliada pela classe política, por ser progressista e contemporânea, ao contrário do conservador Churchill.

Resultado de imagem para the crown netflix cartaz brasileiro
 Claire Foy como Elizabeth e Matt Smith como Phillip  - Netflix

 Assinado por Michele Clapton, vencedora do Emmy e conhecida pelo trabalho em 'Game of Thrones', da HBO, o luxo do figurino chama a atenção.

Em entrevista para o site Fashionista, a figurinista contou que buscou ser muito fiel à história e que, basicamente, replicou o que foi documentado em fotos.

Só na primeira temporada, foram usadas cerca de 7.000 roupas, das quais 350 feitas feitas à mão.

Algumas peças tiveram de ser adquiridas nos Estados Unidos, de mulheres que viveram no período logo após a Segunda Guerra Mundial.

Com tudo isso, se você for ver a série, esperando um "The Real Housewives" da família real, esqueça.

O criador Peter Morgan - que divide a função de showrunner com o diretor Stephen Daldry ('Billy Elliot', 'As Horas' e 'O Leitor') - assina os dez episódios da primeira temporada de e segue o clima de 'A Rainha' (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por Melhor Roteiro Original).

A tensão é estabelecida através de olhares e gestos.

Em determinado momento, uma briga violenta entre Elizabeth e seu marido, Philip (Matt Smith) é apresentada ao espectador sem áudio, mas transmite a gravidade da situação.

A série não tem medo de tomar seu tempo para acompanhar os acontecimentos históricos e muitos vão se surpreender ao perceber que Elizabeth não é o centro das atenções do piloto.

O problema é que, muitas vezes, esse ritmo se torna repetitivo e pode perder a atenção do espectador.

Pensando em sua totalidade, a série apresenta certa falta de consistência ao dosar conflitos políticos e dramas pessoais.

Enquanto alguns episódios são tão completos que poderiam gerar filmes, outros pecam pela lentidão ou por seguir um caminho educativo demais.

Numa situação paradoxal, a série apresenta subtramas dispensáveis e/ou pouco desenvolvidas, mas é agraciada com um elenco eficiente.

Como Rainha Elizabeth II, a performance de Claire Foy merece aplausos, de pé.

Desde o primeiro momento, seu trabalho traz humanidade para a monarca, capaz de derrubar todos os preconceitos que giram ao redor de sua figura.

Ao longo da temporada, a doce e tímida moça cede lugar para a firme governante -  e essa transformação é feita com maestria pela atriz, muitas vezes sem uso de palavras.

Quem também rouba a cena é John Lithgow, numa composição singular do polêmico Primeiro-Ministro Winston Churchill.

Foto John Lithgow
John Lithgow interpreta o Primeiro-Ministro Winston Churchill
Sua atuação é incrível e mostra uma interessante dinâmica com a protagonista, mesmo com seu personagem só apresentando novas camadas emocionais no final da temporada.

Matt Smith como Phillip apresenta um trabalho bem diferente de 'Doctor Who', retratando um homem contraditório: dono de ideais modernos, mas frustrado ao ser subordinado da esposa numa sociedade (ainda mais) machista.

Vanessa Kirby aproveita a chance de brilhar e representa sua Princesa Margaret com charme e emoção.

Inclusive, seu drama - que eu não vou contar aqui - é um dos melhores dilemas do show, capaz de mobilizar o espectador até o sensacional embate final entre as duas irmãs, que é de cortar o coração.

Jared Harris, Eileen Atkins e Alex Jennings também trazem os lados humanos de grandes figuras públicas e ajudam na identificação com o público.

Por enquanto, uma segunda temporada de 'The Crown' não foi confirmada, mas rumores apontam que a pré-produção de novos episódios já começou.

Caso aconteça, não será surpresa, já que as performances do elenco principal devem atrair atenção da crítica especializada e o drama tem muito potencial.

Sem falar que histórias interessantes não irão faltar.

Afinal, são 64 anos do reinado de Elizabeth II... até agora...

Série irresistível e espetacular.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'THE CROWN'
Título Original:
The Crown
Série Original Netflix
Gênero:
Drama, Histórico, Biografia
Número de Episódios:
10
Duração dos episódios:
60 minutos
Criada por:
Peter Morgan, Stephen Daldry
Produtores Executivos:
Andy Harries, Robert Fox, Matthew Byam-Shaw
Elenco Principal:
Claire Foy, Matt Smith, John Lithgow, Jared Harris, Eileen Atkins, Alex Jennings
País:
EUA
Status:
Em produção
Direção do ep 1:
Vermin Catcher
Roteiro do ep 1:
Peter Morgan
Exibição:
Netflix

COTAÇÃO DO KLAU:

Nenhum comentário:

Postar um comentário