SINOPSE:
Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Brasil era aliado dos Estados Unidos, Inglaterra e França.
Na época, foram mandados à Itália mais de 25 mil soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira) para combater os inimigos, representados pelo Eixo: Alemanha, Itália e Japão.
Quase todos de origem pobre e em sua maioria, despreparados para o combate, sem armamento, sem uniformes e sem botas para enfrentar o rigoroso frio italiano, os chamados 'pracinhas' tiveram que aprender na prática a lutar pela sobrevivência.
Depois de sofrerem um ataque de pânico coletivo no sopé do Monte Castelo, os soldados Guimarães (Daniel de Oliveira), Tenente (Julio Andrade), Piauí (Francisco Gaspar) e Laurindo (Thogum Teixeira) tentam descer a montanha, mas acabam se perdendo um do outros.
Daniel de Oliveira, Thogum Teixeira e Julio Andrade, em cena do longa - Fotos dessa postagem: Divulgação/Europa Filmes |
Quando conseguem se reencontrar, precisam decidir se retornam para o batalhão e correm o risco de enfrentar a Corte Marcial por abandono de posto, ou voltam para a posição da noite anterior e se arriscam a enfrentar um ataque surpresa do inimigo.
É quando conhecem o jornalista Rui (Ivo Canelas), que conta sobre um campo minado ativo e eles acham ser essa a chance de se redimirem da mancada que cometeram.
Mas muita coisa ainda está por acontecer e a guerra está longe de acabar.
CRÍTICA:
Finalmente, o cinema brasileiro está deixando de lado as péssimas comédias caça niqueis com globais e se aventurando novamente em gêneros que possam mostrar densidade e qualidade de roteiros, fotografia e, principalmente, interpretação e direção.
É o caso desse 'A Estrada 47', drama de guerra de época, que estreia hoje em 44 salas em todo o Brasil e que finalmente conta para o grande público a saga dos maiores heróis brasileiros de todos os tempos.
Sob o comando do tenente Penha (Júlio Andrade), um grupo de pracinhas brasileiros está isolado nas montanhas geladas da Itália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Elenco principal do longa em foto promocional |
A detonação de minas terrestres desencadeia um ataque de pânico e dispersa os combatentes que, depois de reagrupados, passam por uma série de encontros e situações que os leva à missão de liberar uma estrada - a 47 do título - para a passagem e avanço do Exército dos Estados Unidos em território italiano.
Pobres, sem equipamentos, sem uniformes, sem comida, passando frio: a saga dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra por si só já é uma daquelas histórias que a gente jamais esquece - eu mesmo, desde que comecei a ouvi-las pela primeira vez, passei a querer saber mais e mais dessa tropa que tinha tudo para dar errado - mas que é cantada em prosa e verso pelos aliados, exército americano principalmente, como fundamental para a derrocada do ditador italiano Benito Mussollini.
No longa, finalmente vemos, com riqueza de detalhes, os dramas pessoais dos homens em cena - ou seja: não espere ver um épico de ação na telona, já que aqui temos um filme sobre homens, não sobre o combate, apesar deles estarem presentes em várias cenas.
Se não há muita ação, existem enquadramentos belos, favorecidos pela locação (na região italiana de Friuli-Venezia Giulia), pela estupenda direção de fotografia de Carlos Arango De Montis ('O Ato De Matar') e pelo inspirado roteiro e direção absolutamente seguros, de Vicente Ferraz.
Mas é o elenco que deixa o espectador absolutamente extasiado.
Um dos personagens principais é Guima (Daniel de Oliveira), soldado responsável pela descoberta e desarmamento das minas.
Sua voz serve como narração pontual, em uma carta que escreve ao pai e o relato não traz redundâncias entre as cenas e o texto, na contracorrente de um vício do nosso cinema.
Outra figura importante é Piauí (Francisco Gaspar), soldado que começa o filme em estado de choque.
Por não estar no controle de seus atos, o comportamento dele coloca, a princípio, em risco tanto a vida dos companheiros quanto a simpatia da plateia.
Só que, mais adiante, o personagem se redime por causa de sua relação com um prisioneiro alemão (Richard Sammel, de '3 Dias Para Matar').
O ator alemão Richard Sammel - ao centro - em cena do longa |
Os militares são acompanhados em sua jornada por um repórter (o ator português Ivo Canelas), mas o roteiro teima em insistir que ele interpreta um brasileiro.
A escalação se explica pelo acordo de coprodução, que envolveu empresas de Brasil, Itália e Portugal.
Bom ator, Canelas até que se esforça, mas o sotaque luso escapa em algumas falas e compromete sua performance e a verdade de sua personagem.
Com diálogos muito acima da média do cinema brasileiro atual e com desempenhos memoráveis, o longa cumpre, com sobras, a missão de compor um retrato humano de um contexto histórico tantas vezes exaltado mas nunca mostrado de verdade.
Esqueça Dom Pedro, Tiradentes, Senna: se um dia este país teve heróis reais, estes foram os soldados brasileiros na Itália, que fizeram a História mudar graças à fibra e à perseverança inerente do povo brasileiro.
Chorei muito - mas achei um filmaço.
PRÊMIOS:
Melhor Filme - Festival de Gramado
Melhor Filme - Cine Ceará
Melhor Montagem - Festival do Rio
Prêmio Signis - Festival de Havana
Melhor Filme - Festival de Cinema da Lapa
Melhor Direção - Festival de Cinema da Lapa
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'A ESTRADA 47'
Gênero:
Drama
Direção e Roteiro:
Vicente Ferraz
Elenco:
Daniel de Oliveira, Daniele Grassetti, Francisco Gaspar, Ivo Canelas, Júlio Andrade, Richard Sammel, Sergio Rubini, Thogun Teixeira
Produção:
Isabel Martinez, Leonel Vieira
Fotografia:
Carlos Arango De Montis
Montador:
Mair Tavares
Trilha Sonora:
Luiz Avellar
Duração:
106 min.
Ano:
2013
País:
Brasil / Itália / Portugal
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
07/05/2015
Distribuidora:
Europa Filmes
Estúdio:
PRIMO Filmes, Três Mundos Produções
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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