'Philomena', longa dirigido pelo até agora inspirado Stephen Frears e que estreia hoje 80 salas em todo o Brasil é um filme menor, com roteiro ruim, dirigido sem emoção nenhuma e onde só o talento de Dame Judi Dench - maior atriz britânica viva - dá um certo ânimo de se sentar na sala de cinema e assistir a esse engano.
Longa típico de uma 'Sessão da Tarde', a história real, relatada pelo jornalista Martin Sixsmith, tinha tudo para ser sensacional na telona, mas pela falta de inspiração dos roteiristas - entre eles, o também protagonista Steve Coogan - e a direção equivocada de Frears, resultou em mais um filme superficialmente dramático e sem graça.
A trama narra a história verídica de Philomena, separada do filho Anthony num convento irlandês nos anos 50, de onde ele foi levado por ordem das freiras e do qual nunca mais se teve notícias.
Anos mais tarde, seu caminho cruza com o do jornalista Martin Sixsmith (Coogan), que se oferece a publicar sua história pois vê nela uma boa possibilidade para ganhar dinheiro e retomar a carreira abalada por brigas políticas.
Só Dame Judy Dench - indicada ao Oscar 2014 pelo papel - desempenha um papel razoável, graças ao seu imenso talento, que nunca será arranhado.
Dame Judi Dench em cena do filme - Fotos dessa postagem: Divulgação/BBC Films
Aqui, pouca coisa funciona, tudo é jogado de uma vez e a construção dos personagens é sofrível - tanto Philomena, mostrada de forma completamente ingênua e boba, quanto a do jornalista, personagem frio e muito sem sal.
Em busca do pequeno Anthony, a dupla passa por situações tidas como engraçadas, sempre para ressaltar o abismo intelectual entre os dois - em uma das cenas, Philomena conta a história inteira do livro simples que está lendo enquanto eles são transportados no carrinho de golfe pelo aeroporto.
Não existem pessoa tão vazias quanto esses dois e isso parece ainda mais inaceitável numa história que gira em torno dos protagonistas e que era para ser um alerta sobre o mercado negro de adoção de crianças - que padres e freiras católicos praticam em nome de deus até hoje.
Dame Dench e Coogan: sem química nenhuma
A trilha sonora até que tenta dar ritmo, emocionar, empurrar o longa, sem resultados.
Entre alguns pontos positivos, destaque para a fotografia - muito bonita, principalmente nas passagens pelo convento irlandês.
As críticas em relação à igreja católica, assim como ao partido Republicano e o preconceito estimulado por ele também geram bons momentos de discussão, apesar de serem bem superficiais - como o restante do filme.
De qualquer forma, ao tentar enquadrar uma boa história num padrão de cinema tão previsível, o longa deixa muito a desejar e deve ser esquecido rapidamente - assim que a empolgação para o Oscar 2014 esfriar.
Em tempo:
Dame Dench trocou de agente - que a acompanhava faz tempo.
Deve ser por isso que suas últimas escolhas tenham sido tão ruins como essa.
Confira o trailer do filme:
*****
'PHILOMENA'
Título Original:
PHILOMENA
Gênero:
Drama
Direção:
Stephen Frears
Roteiro:
Jeff Pope, Martin Sixsmith, Steve Coogan
Elenco:
Amber Batty, Amy McAllister, Anna Maxwell Martin, Barbara Jefford, Cathy Belton, Charissa Shearer, Charles Edwards, Charlie Murphy, D.J. McGrath, Elliot Levey, Florence Keith-Roach, Frankie McCafferty, Gary Lilburn, George Fisher, George Michael Rados, Harrison D'Ampney, Jordan King, Dame Judi Dench, Kate Fleetwood, Mare Winningham, Marie Jones, Martin Glyn Murray, Michelle Fairley, Nicholas Jones, Nika McGuigan, Paris Arrowsmith, Peter Hermann, Rachel Wilcock, Rita Hamill, Ruth McCabe, Saoirse Bowen, Sara Stewart, Sean Mahon, Simone Lahbib, Sophie Kennedy Clark, Steve Coogan, Tadhg Bowen, Vaughn Johseph, Wunmi Mosaku
Produção:
Gabrielle Tana, Steve Coogan, Tracey Seaward
Fotografia:
Robbie Ryan
Montador:
Valerio Bonelli
Trilha Sonora:
Alexandre Desplat
Duração:
98 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
14/02/2014
Estúdio:
Baby Cow Productions / BBC Films / British Film Institute
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:
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