segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

FESTIVAL DE BERLIM: LEMBRANÇAS DE SEYMOUR HOFFMAN, DANIEL RIBEIRO E SEU CINEMA GAY, LARS VON TRIER E SHIA LABEOUF


O dia a dia do 64º Festival de Cinema de Berlim , você vê aqui:

BERLINALE RELEMBRA PHILIP SEYMOUR HOFFMAN

A morte do ator norte-americano Philip Seymour Hoffman por uma aparente overdose de drogas entristeceu todos os participantes da Berlinale 2014

Diretores, atores e atrizes se mostraram muito tristes com a ausência de Hoffman, que era esperado em Berlim para promover seu filme "God's Pocket", sucesso no último Festival de Sundance.

O presidente do júri - produtor cinematográfico e roteirista James Schamus - disse que Hoffman estará lá em espírito.

O presidente do júri da Berlinale 2014, James Schamus - Zimbio.com

"Aquela notícia foi muito dura para todos nós", disse Schamus em uma entrevista coletiva na qual todos os membros do júri estavam presentes.

"Philip Seymour Hoffman estará aqui...e eu sei que muitos de seus amigos vão se reunir para recordá-lo. São lugares como Berlim que concedem um espaço para lembrar, lamentar e celebrar, e acho que vocês podem ficar sossegados porque ele estará aqui."

'HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO': BRASILEIRO SELECIONADO À MOSTRA PANORAMA LEVA ROMANCE GAY SEM SEXO A BERLIM

O cineasta Daniel Ribeiro fará a estreia de seu primeiro filme de um jeito especial: "Hoje eu Quero Voltar Sozinho" - que foi exibido na telona pela primeira vez na mostra Panorama do Festival de Berlim hoje - já conta com uma página no Facebook com mais de 40 mil seguidores.

O sucesso antecipado do longa se deve em boa parte pelo curta na qual a nova produção é baseada, "Eu Não Quero Voltar Sozinho", premiado no Festival de Paulínia, em 2010.

O filme vem conquistando fãs por trazer a descoberta da homossexualidade pelo viés romântico, que antecede o sexo.

Em entrevista a Mariane Zendron (UOL), Ribeiro disse que depois do Festival, a equipe decidiu colocar o curta no YouTube e  a partir daí, a história da amizade de Leonardo, Giovana e Gabriel foi ganhando fãs - já conta com mais de 2 milhões de visualizações.

Com isso, o diretor viu que, com um longa, teria mais tempo para desenvolver os conflitos do filme, que trata do despertar sexual de Leo, um jovem estudante do Ensino Médio que se apaixona por Gabriel ao mesmo tempo em que desperta sentimentos em Giovana.

Segundo o diretor, o trunfo do filme é que os meninos se descobrem gays de uma forma não sexual.
"Os adolescentes gays querem ser associados ao amor e ao afeto. Percebo que quando esses jovens contam aos pais ou no trabalho que são gays, as pessoas já imaginam o sexo. A parte romântica é esquecida. O filme é uma maneira de jovens dizerem aos pais: 'olha, é isso o que eu sinto'".

O diretor Daniel Ribeiro - UOL

Ribeiro deixa claro que é a favor de filmes que tragam o sexo gay, como "Tatuagem" (2013), de Hilton Lacerda, mas reforça que "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" funciona mais como uma introdução ao tema.
"Acho importante cenas de sexo e o cinema é um lugar bom para discutir assuntos mais parrudos. Diferentemente do que acontece na televisão, os limites do cinema são mais flexíveis".

Aos 32 anos, com dois curtas sobre a homossexualidade (o outro é "Café com Leite", 2007) e agora um longa, Daniel chama de "conservadorismo besta" a dificuldade em retratar a homossexualidade na TV ou exibir um simples beijo entre pessoas do mesmo sexo. 
"Isso é medo de incomodar o anunciante. Só isso justifica o medo de exibir um beijo gay. A sociedade parece meio adolescente discutindo isso".

Por outro lado, Daniel reconhece o mérito da TV ao "levar o assunto para a mesa do jantar".
"Há 15 anos, as pessoas não conheciam muitos gays. Eu mesmo, quando me descobri gay, não tinha um milhão de exemplos, nem na TV e nem na vida. A televisão ajudou as pessoas a se assumirem. Não dá para tirar o mérito dela".

Com a intenção de discutir mais profundamente a questão da sexualidade, Daniel criou um protagonista com deficiência visual. 
"Quando o personagem é gay vem o questionamento: você escolhe ou não ser gay? Um dia fiquei pensando de onde vem a atração sexual de uma pessoa que já nasce cega. Vem do cheiro? Do toque? Da voz?. O filme não responde a essas perguntas, mas olha para isso. Muitas pessoas querem saber como alguém 'se torna' gay, mas é uma coisa que vem de dentro, que vem quando você nasce".

O ator Guilherme Lobo - que não é deficiente visual - surpreendeu a equipe ao fazer o teste para interpretar Leo, com apenas 15 anos de idade.
"Disse a ele que não precisava interpretar um cego no teste. Só queria ver como ele lidava com as falas, mas ele quis fazer o personagem completo e nos surpreendeu muito. Todo mundo me pergunta se ele é mesmo deficiente visual".

Três anos depois, com os atores um pouco mais velhos e o longa em Berlim, Daniel comemora que a história tocou não apenas a comunidade gay ou os deficientes visuais.
"Percebi que seria muito melhor tratar tudo com naturalidade, tanto a homossexualidade como a deficiência visual. Todo mundo pode ser relacionar com esse personagem porque as grandes questões dele são universais. Todo mundo se apaixona pela primeira vez, todo mundo tem duvidas se vai ser correspondido, todo mundo quer ter um amigo na volta para casa. Isso derruba os preconceitos".

O filme estreia no dia 28 de março - em São Paulo e no Rio de Janeiro - mas Daniel disse que ele e sua equipe estão trabalhando duro para expandir o lançamento para várias cidades brasileiras, já que tanta gente já se identificou com os dilemas apresentados no longa.

Confira o trailer do longa "Hoje eu Quero Voltar Sozinho" :


DE SURPRESA, LARS VON TRIER APARECE NA BERLINALE PARA CAUSAR

Quando o assunto é polêmica, não há limites para o diretor dinamarquês Lars Von Trier: ele apareceu no Festival de Berlim, neste domingo (9), vestindo uma camiseta com o símbolo do Festival de Cannes, da França, e a frase: "persona non grata".

O cineasta ganhou o rótulo após declarar no evento francês, em 2011, que sentia empatia por Adolf Hitler.

Há dois anos, quando lançava "Melancolia" em Cannes, ele foi questionado sobre sua ascendência alemã.

Na ocasião, Von Trier disse que entendia Hitler, afirmando que era "nazista".

A organização do festival francês pediu que ele voltasse atrás em seus comentários e o baniu do evento, declarando-o "persona non grata".

Agora, em Berlim, ele promove o filme "Ninfomaníaca": a primeira parte do longa, que já estreou no Brasil, foi exibida no festival com seis cenas adicionais, focando em detalhar os dramas da personagem principal Joe (Charlotte Gainsbourg).

O diretor Lars Von Trier em Berlim - Tobias Schwarz/Reuters

A exibição arrancou aplausos e risadas da plateia, mas quem espera pelas prometidas cenas de sexo tórridas e transgressoras terá que esperar pela segunda parte.

A previsão é de que a segunda parte de "Ninfomaníaca" faça sua estreia justamente em Cannes em maio.

A  informação ainda não foi confirmada - nem negada - pela equipe do festival francês.

"A segunda parte é mais devagar, vai mais no coração do tema que Lars escolheu, é mais explícito", adiantou a produtora Louise Vesth, sem revelar maiores detalhes.

EM BERLIM PARA PROMOVER 'NINFOMANÍACA' SHIA LABEOUF DESPIROCA DE VEZ

Os atores e atrizes do filme "Ninfomaníaca – Volume 1", do diretor Lars Von Trier participavam de uma entrevista coletiva no Festival de Berlim, quando o ator Shia LaBeouf não gostou quando foi perguntado sobre sua atuação nas cenas de sexo e abandonou a coletiva.

O artista citou uma frase do jogador de futebol francês Eric Cantona depois de ser detido em 1995 por agredir um torcedor:
"Quando as gaivotas seguem o barco é porque pensam que as sardinhas serão lançadas ao mar".

Seus colegas de elenco Christian Slater, Uma Thurman, Stacy Martin e Stellan Skarsgard decidiram permanecer.

Veja:


Depois de abandonar a coletiva de imprensa, o ator chegou para a pré-estreia do filme em que atua,  de smoking e usando um saco de papel na cabeça escrito: 
"Eu não sou mais famoso".

Shia LaBeouf em Berlim - AP

Desde o dia 13 de janeiro ele vem publicando a mesma frase, diariamente,  em sua página no Twitter.

Desde o ano passado, Shia vem sendo acusado de copiar textos para roteiros de seus projetos pessoais e, recentemente, disse que abandonaria a vida pública.

Agora, parece ter despirocado de vez.

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