segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MARCOS PAULO: BELEZA E TALENTO QUE SE FORAM MUITO CEDO


O ator e diretor Marcos Paulo Sesso foi um dos homens mais lindos da nossa TV.

Dono de um rosto perfeito, corpo idem, voz marcante, cabelos encaracolados e um talento mais que admirável para fazer toda sorte de papéis, a primeira vez que eu lembro de tê-lo visto foi ao lado de Regina Duarte, na novela "Carinhoso" ( TV Globo - 1973), onde ele disputava a mocinha com seu irmão na trama, interpretado pela lenda Cláudio Marzo.

Ele era tão bom, mas tão bom, que - me lembro - o público se dividiu entre ele ele e Marzo - Regina quase ficou sem mocinho no final!

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Regina Duarte e Marcos Paulo, em foto promocional da novela "Carinhoso" (1973)

Paulistano e filho adotivo do aclamado ator e diretor de TV Vicente Sesso, a paixão pela telinha começou cedo - e dentro de casa.

 A primeira novela, como ator, foi em "O Morro dos Ventos Uivantes" (1967), na TV Excelsior.

Blog de Debora Duarte
Com Debora Duarte, no começo da carreira

A partir daí, sua carreira de ator deslanchou e sua beleza e talento estiveram presentes em muitas produções clássicas da história das novelas, como "Pigmalião 70" (1970), "Gabriela" (1975), "Corpo a Corpo" (1984) e "Tieta" (1989), entre outras produzidas pela Globo.

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Com Suzana Gonçalves em "O Primeiro Amor" (1972), da Globo

A última novela que Marcos fez como ator foi "Desejo Proibido" (2008).

Já a faceta diretor surgiu em 1978, quando ele dirigiu - ao lado de Daniel Filho, Gonzaga Blota, Dênnis Carvalho e José Carlos Pieri - a novela "Dancin’ Days", um dos maiores sucessos da Globo em todos os tempos.

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Com Sônia Braga, em " Fogo Sobre Terra" (TV Globo, 1974)

Ainda na Globo - e já como Diretor Geral - assinou, entre outras os sucessos "A Indomada" (1997), "Porto dos Milagres" (2001), "Desejo Proibido" (2008) e até uma temporada de "Malhação" (2009).

Nas telonas, Marcos Paulo assinou apenas um longa como diretor-geral - o sucesso "Assalto ao Banco Central" (2010).

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Com Elizabeth Savalla em "Gabriela" (TV Globo, 1975)

Como ator, seu último trabalho foi no longa "Faroeste Caboclo", baseado na música de sucesso da banda "Legião Urbana" e que tem previsão de estreia para 2013.

Marcos era casado atualmente com a atriz Antônia Fontenelle - que vive Marlene na novela "Balacobaco" (Record) - o casal não tinha filhos juntos, mas Marcos deixou herdeiros de outras relações, com Renata Sorrah e Flávia Alessandra, também atrizes.

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Com Bete Mendes em "O Casarão" (TV Globo, 1976)

O primeiro casamento foi com a jornalista Belisa Ribeiro e, depois, ele se casou com Márcia Mendes - famosa apresentadora do "Jornal Hoje", que morreu nos 80, de câncer, no auge da beleza.

Depois, o relacionamento com Renata Sorrah durou dois anos, e dele nasceu Mariana, que deu o neto Miguel para o diretor.

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Com Malu Mader em "Corpo a Corpo" (TV Globo - 1984), o ator exibe um corpo perfeito

Pai de Vanessa, fruto do namoro com a modelo italiana Tina Serina, do casamento com
Flávia Alessandra, Marcos teve outra menina,  Giulia, hoje com 12 anos.

Em agosto de 2011, Marcos Paulo passou por cirurgia para remover um tumor no esôfago .

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Na série "O Primo Basílio" (TV Globo, 1988)

Foram tempos difíceis, e ele chegou a ficar muito abatido e muito magro, mas conseguiu dar a volta por cima e se recuperar bem.

Nos últimos dias, andava cheio de planos, principalmente já pré produzindo seu segundo longa como diretor, inclusive com parte do elenco já escalado.

Na semana passada, passou alguns dias em Manaus (AM), participando do festival de cinema da cidade, e foi ovacionado pelo público presente - foi a última vez que o artista recebeu o aplauso dos seus fãs.

O Fuxico.com
Com a mulher, Antônia Fontenelle e os amigos Antônio Pitanga e Otávio Augusto na última sexta (9), no Festival de Cinema de Manaus - última aparição pública

Ontem, já em sua casa no Rio, não resistiu a uma embolia pulmonar, e morreu nos braços de sua amada Antonia, a mulher que ficou e cuidou dele todo esse tempo difícil por que passou.


Dos textos que vi na internet sobre Marcos Paulo, o melhor deles é, sem dúvida, o que o autor de novelas Ricardo Linhares publicou na "Folha de S.Paulo" de hoje:

Saudade. Vai deixar saudade.

Quando eu comecei a escrever este texto, ao lado de saudade, a outra palavra que me ocorreu associada ao Marquinhos [o diretor Marcos Paulo, morto no domingo] foi confiança.

Como estou sob a influência da vitória do Fluminense, vou usar o futebol como metáfora.

Marcos dividia o jogo, passava a bola, recebia, trocava, corria junto para comemorar o gol.

Estava sempre presente, nos bons momentos e também nas fases mais complicadas, que todos os trabalhos atravessam.

Era um companheiro querido.

Na última vez em que nos encontramos, ele me disse: "Ricardinho, vamos voltar a nos divertir".

Nós estávamos planejando retomar a nossa parceria.

Por diversão, ele se referia a um estilo de novela que marcou a nossa trajetória profissional, iniciada em "Tieta" (1989), adaptação da obra do escritor Jorge Amado escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e por mim, com a direção-geral de Paulo Ubiratan.

Marcos fazia o jovem Arturzinho da Tapitanga, um dos vilões, filho do coronel, interpretado com o brilhantismo habitual por Ary Fontoura.

O personagem não tinha destaque no livro, mas cresceu na adaptação, graças ao charme que ele deu ao tipo.

Ao lado de Daniel Filho, Ubiratan foi outra grande influência profissional no início da sua carreira de diretor.

Ele foi um dos grandes diretores da TV brasileira, que até hoje, infelizmente, não recebeu o devido reconhecimento.

Quando morreu, Marquinhos foi apontado naturalmente como seu sucessor por ter semelhanças de temperamento e visão do ofício.

A partir de "Tieta", e com Paulo Ubiratan na direção e Aguinaldo Silva no texto, nós realizamos diversos trabalhos de grande sucesso, entre eles "A Indomada "(1997).

Com a morte de Ubiratan, Marquinhos assumiu a direção de "Meu Bem Querer "(1998) e, em 2001, realizou "Porto dos Milagres".

Nesse estilo de novela, um tom acima do naturalismo, com ironia e sátira política, ao lado de efeitos especiais e muitos furdunços na pracinha das fictícias cidades do interior que criávamos, Marcos Paulo estava em seu ambiente.

Ele ria das maluquices que inventávamos, dava sugestões, acrescentava o seu molho.

E, assim, apesar do trabalho incessantes, nós nos divertíamos. Há poucas coisas tão boas quanto rir junto das mesmas coisas com cumplicidade de amigo.

Era o que estávamos planejando voltar a fazer.

Marquinhos permanece no coração dos seus amigos e na sua obra.

Saudade.

Ricardo Linhares, 50, é autor de novelas da Globo, como "Insensato Coração" (2011) e "Paraíso Tropical" (2007)

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