Sidney - novamente interpretada por Neve Campbell - finalmente começa a superar os traumas do passado, lançando um livro de memórias, mas ainda é perseguida pelas lembranças.
Essa é a trama do tão aguardado de "Pânico 4", filme que estreia nessa sexta (15), e dá prosseguimento à franquia, mais de dez anos depois do lançamento de "Pânico 3"(2000).
Cercada de mistérios pelo estúdio norte-americano produtor do filme - quem acompanhou a sessão para a imprensa teve de assinar um termo em que se compromete a não revelar o final - o filme mostra Sidney percebendo a cada dia que mais e mais jovens conhecem sua história, mais por meio da série de filmes "Stab" do que pela série de livros da ex-jornalista Gale Weathers - novamente interpretada por Courtney Cox, e ainda dando um ótimo caldo.
Quando Sidney volta à sua cidadezinha para uma tarde de autógrafos, crimes acontecem e colocam em risco a vida dos jovens locais, e, mais do que encenar as mortes do primeiro "Stab" - e por tabela do "Pânico" original - essa matança reinventa os crimes - ou, como os personagens insistem em dizer, usa "novas regras".
A partir daí, essa nova empreitada do diretor Wes Craven - novamente roteirizado por Kevin Williamson, também autor da trilogia original - segue a linha vitoriosa que a série estabeleceu.
A diferença da série "Pânico" para os demais filmes está em que esses não se levam a sério - tanto que, quando uma personagem diz "Isto não é uma comédia, é um filme de terror", ela mesmo está subvertendo sua frase.
Temos aqui, sim, uma comédia regada a sangue, tanto sangue, que a partir de um momento perde-se a sensibilidade, e não nos damos conta de que o que está em jogo são vidas, na tela, é claro. "Pânico 4" mostra uma série de gags que são engraçadas e sagazes, talvez um tanto demais, pois custa para o filme se reencontrar novamente.
Demora para que a narrativa entre nos eixos e prove que não é apenas uma refilmagem disfarçada, e que teria algo de novo a acrescentar.
Afinal, nesta última década a juventude mudou, especialmente a forma como se comunicam e, mais do que isso, o que comunicam: vivemos na era do excesso de informação, o que resulta num enorme volume de informação desnecessária.
Esqueça "A Rede Social": "Pânico 4" tem muito mais a dizer sobre a juventude conectada que envia vídeos, textos, posts, scraps e comentários de onde estiver, e é essa doença contemporânea que Craven e Williamson levam à telona.
"Não quero ter amigos, quero ter fãs", diz uma personagem ávida por se tornar uma celebridade, não importa a que preço.
"Pânico 4" é também uma vingança pessoal de Craven - seu "A Hora do Pesadelo" foi destruído num remake horroroso lançado no ano passado - e ele não está sozinho, quando uma personagem enumera uma série de refilmagens do gênero, e nos damos conta de como o cinema atual é capaz de destruir clássicos - seja um Hitchcock ou mesmo um trash com algum status.
Esse filme talvez seja uma obra original, digna de entrar para o panteão cinematográfico por retratar bem uma época e uma geração, mas também pode ser um grande blefe, que daqui a algumas décadas, ironicamente, será tema de um remake.
Só o tempo para dizer.
Confira o trailer do filme:
*****
Título original: Scream 4
Diretor: Wes Craven
Estúdio: Dimension Films/Midnight Sun Pictures
Distribuidora: Imagem Filmes
Elenco:
Neve Campbell
Courteney Cox
David Arquette
Anna Paquin
Kristen Bell
Hayden Panettiere
Emma Roberts
Gênero: Terror, Suspense
Duração: Adrenalíticos 111 min.
Ano: 2011
Data da Estreia: 15/04/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
País: EUA
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