sexta-feira, 22 de abril de 2011

DIRETOR E ELENCO FALAM SOBRE "BRÓDER"

Diretor e elenco de "Bróder" se reuniram em São Paulo nesta segunda(18) para coletiva de imprensa que antecede o lançamento comercial do filme - a produção chega às salas brasileiras com 45 cópias depois de uma bem-sucedida carreira em festivais de cinema como Berlim, Gramado, Paulínia, Rio e Mostra de SP.

No encontro com jornalistas, estiveram presentes o estreante na direção de longa-metragem Jeferson De, o roteirista Newton Cannito e o afinado elenco formado por Caio Blat, Jonathan Haagensen, Cássia Kiss e o rapper Du Bronx.

Confira os melhores momentos do bate-papo, publicado pelo site Cineclik:

Filmado na periferia de São Paulo, no bairro do Capão Redondo, "Bróder" acompanha a história de três amigos que se reencontram para comemorar o aniversário de um deles.

Eles nasceram na região da zona sul da cidade e seguiram destinos distintos, sendo que um deles, Macu - Caio Blat - , se encontra em vias de se envolver com a criminalidade.

Fotos: Marcelo MarquesO diretor Jeferson De repudia estigma de "filme-favela"

O mote do longa-metragem, contudo, não é sobre crime, favela e violência urbana.

A história gira em torno da estrutura familiar que está por trás de indivíduos que se perdem durante a trajetória de vida.
"Todo mundo tem um Macu na família. E essas pessoas não caem do céu; todas têm uma história, uma mãe, um pai ou padrasto, irmãos, enfim, toda uma família em sua casa. 'Bróder' é como conhecer a história de Zé Pequeno [personagem de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles]", disse Jerfeson De, que repudia o estigma de “filme-favela”.

"Acho sinceramente que essa é uma história de três amigos que poderia se passar em qualquer outro cenário, fosse nos Jardins ou no Leblon", afirma o diretor, citando bairros nobres de São Paulo e Rio de Janeiro.

Para interpretar com credibilidade sua personagem, Caio Blat mergulhou no universo dos moradores da comunidade do Capão Redondo e chegou a alugar uma casa no bairro, onde morou enquanto trabalhou o personagem.
“Existia uma cobrança muito grande dos moradores, de que nós respeitássemos os costumes do bairro, a história de vida deles”, revelou o ator ao se referir à abordagem dos seus novos vizinhos.
"Eu precisava respirar aquele ambiente e ser aceito, porque Macu é uma figura muito popular na comunidade. Eu precisava do aval dos moradores para poder contar a história deles", concluiu.

Caio Blat, Jonathan Haagensen e o diretor Jeferson De

O ator descobriu da pior forma que seus esforços para incorporar Macu tiveram êxito ao ser barrado em um restaurante que costumava frequentar , quando tentou entrar caracterizado como o personagem - corte “máquina zero” e roupa típica de jovens de periferia, depois de um dia de filmagem - e foi impedido pelo segurança da casa que desconfiou que fosse um marginal.
"Nunca senti uma humilhação maior do que aquela. Mas também percebi, naquela hora, que tinha chegado ao ápice do que estava buscando", contou o ator.

Blat disse ainda que chegou o set no dia seguinte revoltado e contou para Jeferson, o Jonathan Haagensen e o Silvio Guindane - que não esteve presente à coletiva -, o que tinha passado.
“Fui criando mais drama e nada, nenhuma reação. Foi quando eles esticaram a mão e disseram: 'bem-vindo ao clube'".

Neste momento, o ator Jonathan Haagensen pediu a palavra:
"Não é pelo fato de ser negro, a questão é ser excluído por não estar dentro do padrão que a sociedade exige", disse ele se referindo ao episódio vivenciado por Caio Blat.

Jonathan Haagensen fala sobre aceitação da sociedade

Ainda sobre o tema, Jeferson De acrescentou: "Esse 'racismo cordial' no Brasil é muito louco. Só aqui você tem negros neonazistas. Só aqui você tem ‘meio negro’, ‘meio viado’. Nem todo mundo tem essa clareza do Jair Bolsonaro", disse Jeferson, para logo completar: "Eu não sou um Spike Lee brasileiro. Para ele é bem mais fácil, lá negro é negro e branco é branco".

Além do elenco ambientado, o fato de as cenas terem sido rodadas na própria comunidade também contribuiu para a verossimilhança do filme.

Filmado no bairro, em que elementos como mobília e outros objetos foram mantidos com mínima intervenção da direção de arte.

"A família saía da casa e nós entrávamos para filmar", relembrou Cássia Kiss, que vive a mãe de Macu.

Cássia Kiss, que interpreta a mãe do protagonista, fala na coletiva

Apesar de ter filmado no bairro, Jefferson De fez questão de esclarecer que a localidade é figurante em seu filme.
"Escolhi o Capão porque lá existe uma efervescência grande da cidade, mas o que importa é a história que está sendo contada, sobre essas pessoas e suas buscas por uma identidade. As pessoas querem boas histórias, que emocionem, independente de onde elas se passam", ressaltou.

Matéria publicada no site Cineclik em 18.4.2011
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1.ENTREVISTA: CAIO BLAT

2."BRÓDER" É RETRATO FIEL E MAGISTRAL DA PERIFERIA PAULISTANA

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