SINOPSE:
Treinada desde cedo por Antíope (Robin Wright) para ser uma guerreira imbatível, a princesa Diana (Gal Gadot) nunca saiu da paradisíaca ilha de Themyscira, onde sua mãe, Hipólita (Connie Nielsen) é a rainha das Amazonas.
Só que quando o avião do piloto americano Steve Trevor (Chris Pine) é abatido e cai numa praia do local, ela descobre que uma guerra sem precedentes está se espalhando pelo mundo e decide deixar seu lar certa de que pode parar o conflito, que suspeita, seja fomentado pelo deus da guerra, Ares.
Lutando para acabar com todas as lutas, Diana percebe o alcance de seus poderes e sua verdadeira missão na Terra - ser a Mulher-Maravilha, a mulher mais poderosa da Terra.
CRÍTICA:
Se você é contra o politicamente correto e se nem pode ouvir palavras como representatividade ou emponderamento feminino sem nem tentar entender seus conceitos, nem leia esse texto - e melhor, nem vá ao cinema assistir 'Mulher-Maravilha', que estreia hoje em 877 salas em todo o Brasil, um dia antes da estreia nos EUA.
É que aqui, não temos 'mais um filme de super-herói'.
Temos sim, um filme de mulheres, dirigido maravilhosamente por uma mulher, Patty Jenkis, protagonizado espetacularmente pela atriz israelense Gal Gadot e que traz para a telona toda a força da personagem dos quadrinhos criada em plena segunda guerra, em 1941, justamente para trazer a mulher como dona de sua vida e dos seus atos.
Se a série de TV protagonizada pela Diva Lynda Carter nos anos 1970 já nos dava a ideia desse emponderamento feminino, o longa escancara isso de vez.
Gal Gadot é a protagonista Diana - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Warner Bros. |
Melhor adaptação da DC desde 'Batman - O Cavaleiro das Trevas', o longa finalmente traz um caminho feliz ao novo universo da companhia, prejudicado pelo irregular 'Batman Vs Superman - A Origem Da Justiça' e pelo sofrível 'Esquadrão Suicida'.
Temos aqui o primeiro filme-solo de uma heroína a ganhar as telas desde o péssimo 'Elektra', em 2004.
Mas lá, estávamos diante de um outro mundo, em que as adaptações de HQs ainda não eram algo tão grande como hoje em dia, num mundo pré-universos Marvel e DC.
E se a Marvel foi mais rápida ao reunir seus principais super-heróis num longa, a DC venceu a corrida para lançar o primeiro filme-solo com uma protagonista feminina, mostrando que a concorrência errou ao não se render aos apelos por um longa da Viúva Negra, por exemplo.
O longa é uma história de origem, mas que não deixa de apresentar sua ligação com o universo da Liga da Justiça ao trazer momentos passados nos dias atuais - as cenas de abertura e encerramento.
A maior parte da trama, no entanto, ocorre no passado, onde somos apresentados a uma pequenina Diana, princesa das Amazonas, que vive numa ilha isolada do mundo.
Ela sonha em treinar para se tornar uma brava amazona, mas é proibida pela mãe, a rainha Hipólita (Connie Nielsen), que teme em ver a filha em combate.
Só que a jovem, já dona de suas próprias ideias, busca a ajuda da tia Antíope (Robin Wright) para completar seu treinamento, que se mostrará bem-vindo quando, anos mais tarde, um avião cai na costa da ilha e Diana (Gal Gadot) é obrigada a socorrer o piloto, o espião americano a serviço da inteligência britânica, Steve Trevor (Chris Pine).
Chis Pine como Steve Trevor |
Ela consegue retirá-lo do mar, mas logo descobre que ele era parte de um conflito muito maior, que ameaçava todo mundo, a Primeira Guerra Mundial - que como sabemos, durou de 1914 a 1918.
Tomada pela missão e pela vontade de proteger a humanidade, Diana decide contrariar a mãe e seguir com Steve para o campo de batalha, onde espera confrontar o deus da guerra Ares, a missão final que Zeus deu à amazonas..
Finalmente, temos um filme da DC sem o tom sombrio de Zack Snyder, mas, para alívio dos fãs da DC, não chega perto do universo multicolorido e bem-humorado da Marvel - colorido mesmo, só os títulos de encerramento, uma arte refinada e sensacional, que compensa a espera na sala de cinema, já que filme da DC não tem cenas pós créditos.
Temos aqui a celebração do fantástico, principalmente ao investir numa abordagem menos realista, que envolve diretamente um cenário mitológico.
Experiente e ela mesmo muito emponderada, Patty Jenkins parece ter lido todas as infinitas críticas negativas de 'Batman Vs Superman' e 'Esquadrão', investindo num humor natural e privilegiando cenas com boa iluminação, sem aquele filtro sépia que Snyder adora usar desde '300' e que deixou o uniforme do Superman mais escuro que o do Batman, por exemplo.
O Laço da Verdade em ação |
Outro ponto a favor da diretora é que a maior parte dos confrontos acontecem durante o dia - evitando aquela bagunça visual que odiamos nos longas dirigidos por Snyder - e todas muito empolgantes, principalmente pela postura central de Diana.
Em determinado momento, ela é informada por Steve que nenhum homem conseguiria atravessar tal campo de batalha.
Um roteiro mais idiota a colocaria respondendo: “eu sou uma mulher” - mas o filme não precisa disso, já que a postura e atitude emponderada da personagem falam por si só.
O longa tem o foco no protagonismo feminino, mas não só isso, já que também aborda brevemente a questão racial, com um personagem que não consegue seguir seu sonho por causa da cor de sua pele.
Também trata de sexualidade de forma inovadora.
Diana à frente da mãe, tia e outra amazona |
Patty Jenkins, que já havia se destacado em 'Monster - Desejo Assassino' e na série 'The Killing', foi a escolha acertada para a direção do filme, que funciona como ação, como fantasia, como aventura e até mesmo como romance.
Trata de um amor entre pessoas, mas também de um amor altruísta, pela Humanidade, importante por desenvolver uma protagonista que é forte e determinada, mas também sensível e capaz de amar.
Ator repleto de altos e baixos, Chris Pine surpreendentemente está bem no papel de Steve, mesmo em um patamar inferior em comparação a Diana, o não deixa de ser importante no desenvolvimento da trama.
Pine é o coadjuvante perfeito para Gadot |
Mas o filme não seria o espetáculo que é se não fosse protagonizado por Gal Gadot.
Se ela foi muito criticada à época de sua escolha (magrela, sem seios fartos como a Wonder Woman das HQs e etc), hoje ela, que já havia sido a melhor coisa que vimos em 'Batman Vs Superman', É A Mulher-Maravilha.
Um feito e tanto, já que até agora, só tivemos uma Wonder Woman live action importante, justamente a interpretada por Lynda Carter na série de TV.
E Lynda vem dado seguidas entrevistas, dizendo ter adorado o enfoque que Patty Jenkis deu para a personagem que ajudou a eternizar e principalmente, pelo desempenho de Gadot.
E se agora Diana se mostra uma personagem complexa, bem desenvolvida, repleta de empatia e pela qual o público torce facilmente, isso se deve principalmente pelo bom trabalho ao apresentar a história de origem dela - a mãe lhe diz que ela foi criada a partir do barro, mas a versão que fica é a mais atual, que Diana é uma deusa, fruto do relacionamento de Hipólita com Zeus.
Sempre ponto de divergência na guerra Marvel x DC, o humor está presente no novo longa e se revela extremamente importante na construção da personagem e de sua relação com Steve.
O humor humaniza Diana, reforçando sua inocência de alguém que viveu isolada do mundo e que, agora, vê prazer em pequenas coisas, como num sorvete, que sorve divertidamente numa estação de trem.
O roteiro de Allan Heinberg, que tem a experiência em trabalhar em séries com protagonistas femininas marcantes - como 'Sex and The City', 'Gilmore Girls' e 'Grey’s Anatomy' - acerta em diversos pontos, inclusive no fato de jamais usar o nome 'Mulher-Maravilha'.
Patty Jenkins comandando uma cena com Gadot e Pine: diretora espetacular |
Não há momentos de auto-ostentação e Diana fala por si só.
Nos últimos anos, Jenkins se destacou mais com séries do que no cinema.
Aproveitando o bom momento da TV americana, nesse longa ela se cercou de profissionais de trabalham em séries, como o diretor de fotografia Matthew Jensen: com trabalhos espetaculares para 'Game of Thrones', por exemplo,ele desenvolve um visual particular ao filme, que supera todo aquele cinza escuro de Snyder.
Isso beneficia inclusive o 3D, embora o formato ainda esteja longe de ser fundamental para a história.
Ao menos os fãs não ficarão confusos nas cenas de ação, já que dá pra ver tudinho, com riqueza de detalhes.
O roteiro só peca um pouco na apresentação de seus vilões - General Ludendorff e Dra. Manu - que não são tão ameaçadores quando deveriam ser - e sim, temos Ares, que só se revela na estonteante batalha final.
Mas como não temos aqui um filme de heróis contra vilões e sim, sobre o surgimento de uma heroína, a produção entrega a história que se propõe a mostrar com sobras.
Os vilões do longa, General Ludendorff (Danny Huston) e Dra. Maru (Elena Anaya) |
Muita gente vai diminuir algumas questões do filme e, como dissemos no começo, trata-lo apenas como 'um filme de super-herói'.
Mas não se engane.
Não é coincidência que o primeiro filme de super-heroína dirigido por uma mulher ser também o primeiro a oferecer uma protagonista que não seja mero símbolo sexual.
Há uma clara preocupação na mensagem que está sendo transmitida - e, melhor, bem sucedida.
Diana volta ainda em 2017 às telas do cinema em 'Liga da Justiça', que estreia em 16 de novembro.
O que nos deixa com a pergunta engasgada na garganta:
"Quando chega Mulher-Maravilha 2?'
Filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'MULHER-MARAVILHA'
Título Original:
WONDER WOMAN
Direção:
Patty Jenkins
Roteiro:
Allan Heinberg, Zack Snyder, Jason Fuchs
Elenco Principal:
Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright, Danny Huston, David Thewlis, Elena Anaya, Lucy Davis
Produção:
Charles Roven, Deborah Snyder, Zack Snyder
Fotografia:
Matthew Jensen
Montador:
Martin Walsh
Trilha Sonora:
Rupert Gregson-Williams
Duração:
140 min.
Ano:
2017
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
01/06/2017 (Brasil)
Distribuidora:
Warner Bros.
Estúdio:
Atlas Entertainment / Cruel & Unusual Films / DC Entertainment / Warner Bros.
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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