SINOPSE:
Baseado na biografia do cientista mais pop de todos os tempos, o filme mostra como o jovem astrofísico Stephen Hawking (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge, Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa quando tinha apenas 21 anos.
CRÍTICA:
Sabemos que todos os anos, muitos filmes são feitos para disputar o Oscar e abusam de clichês para agradar a Academia.
Se mostrarem uma figura polêmica e sua luta - principalmente física - para vencer dificuldades melhor ainda, utilizando todas as táticas conhecidas para emocionar a cada cena.
Alguns, porém, se dão mal nessa trajetória.
Felizmente, esse não é o caso de 'A Teoria de Tudo' - que estreia hoje em 51 salas em todo o Brasil - e que conta a história do casal Stephen Hawking - gênio que, enquanto procurava respostas para a existência, tinha seu corpo destruído pela esclerose lateral amiotrófica - e sua mulher Jane, que ficou ao seu lado o quanto pôde, mesmo diante da dura realidade.
Baseado no romance homônimo escrito por Jane, o filme funciona muito, graças às atuações de Eddie Redmayne (Stephen Hawking) e Felicity Jones (Jane Hawking), que passam em cada cena sentimentos e pensamentos complexos com simples olhares, reforçados pela câmera, sempre em close nos dois.
Eddie Redmayne (Stephen Hawking) e Felicity Jones (Jane Hawking), em cena do longa - Fotos dessa postagem: Divulgação/Universal Pictures |
O britânico Redmayne - um dos melhores atores da sua geração - se transforma fisicamente para lembrar o gênio e impressiona pela forma como transmite muito sem dizer quase nada.
Já Felicity está ainda melhor no papel da amorosa esposa, que é destruída pelas circunstâncias catastróficas de seu casamento: conforme Stephen perde sua capacidade motora, Jane desmorona emocionalmente sem deixar transparecer à sua família - porém seus olhos deixam isso sempre evidente.
O longa começa com Hawking conhecendo Jane na Universidade de Cambridge, em 1963 e a partir daí, ele passa a desenvolver teorias avançadas, se relacionar com a garota e, eventualmente, descobre sua terrível doença.
Felicity Jones como Jane Hawking, em cena do longa |
Não espere ver no longa a magnitude das importantes descobertas sobre espaço-tempo do físico: como a trama é focada no relacionamento dos dois, o roteiro de Anthony McCarten faz uma salada com buracos negros e relatividade sem conteúdo ou capacidade de fazer o público entender a importância desses avanços.
Quando Stephen e Jane se casam, o drama familiar toma conta: Jane sacrifica sua vida para cuidar do marido e dos filhos, a previsão de dois anos de vida para Stephen cai por terra e a vida de Jane não fica nada fácil com o tempo.
É aí que entra Jonathan (Charlie Cox, protagonista da nova série 'Demolidor'), condutor de coral da igreja que tumultua a vida dos dois ao passar a conviver com o casal diariamente - um triângulo amoroso, enfim.
Ator soberbo, Cox consegue evitar qualquer traço de maldade enquanto se aproxima de Jane, e a complexa situação é tratada com delicadeza na telona, mesmo que o diretor acabe por perder o sentido dela ser melhor explorada.
Charlie Cox e Eddie Redmayne, em cena do longa |
Perto do fim, quando Hawkings já está completamente incapacitado, a grande questão é a forma como nos comunicamos e nos relacionamos, mesmo sem palavras.
A voz robótica do físico - Hawkings em pessoa gravou as falas - ganha vida com os movimentos faciais limitados de Redmayne - dá vontade de levantar na sala de cinema e aplaudir de pé - e pausas demoradas a cada conversa permitem ao espectador estudar reações dos personagens, em vez de darem respostas simples sobre seus pensamentos.
A exemplo da vida de Hawkings - pop ao extremo, amado por cientistas e pelo público em geral e que inclusive já participou, como ele mesmo, de um episódio chave da série 'The Big Bang Theory' como o guru maior do Dr. Sheldon Cooper (Jim Parsons) - o filme sempre deixa claro que a doença afeta apenas o corpo do gênio, não sua mente ou vontade de viver.
A cena que o mostra imitando o robô Dalek - da série britânica 'Doctor Who' - mostra bem isso e faz refletir sobre a capacidade do Ser Humano de ir além das próprias limitações.
A transformação física de Eddie Redmayne é impressionante |
Agradável de se ver e recheado com bons momentos, o longa, mirando sempre no Oscar, se aprofunda demais num relacionamento melodramático e sua narrativa sofre.
Apesar de duas das melhores atuações do ano darem o status de grande filme à produção, a trama fica mais preocupada em fazer o espectador se emocionar ao invés de refletir.
Mesmo assim, um filmaço.
Eddie Redmayne levou o SAG Awards e o Globo de Ouro pela atuação - desbancando o favorito Michael Keaton, por 'Birdman' - e foi indicado ao Oscar.
Felicity Jones levou o Globo de Ouro pela atuação - também foi indicada ao Oscar.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'A TEORIA DE TUDO'
Título Original:
THE THEORY OF EVERYTHING
Gênero:
Drama
Direção:
James Marsh
Roteiro:
Anthony McCarten
Elenco:
Adam Godley, Charlie Cox, Charlotte Hope, David Thewlis, Eddie Redmayne, Emily Watson, Enzo Cilenti, Felicity Jones, Harry Lloyd, John Neville, Maxine Peake, Richard Cunningham, Tom Prior
Produção:
Anthony McCarten, Eric Fellner, Tim Bevan
Fotografia:
Benoît Delhomme
Montador:
Jinx Godfrey
Trilha Sonora:
Jóhann Jóhannsson
Duração:
119 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
29/01/2015
Distribuidora:
Universal Pictures
Estúdio:
Working Title Films
Classificação:
10 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
Nenhum comentário:
Postar um comentário