quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

R.I.P: KIRK DOUGLAS


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Grande ator e diretor, uma das últimas Lendas da Era de Ouro de Hollywood era um ativista da democracia e dos direitos individuais
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Kirk Douglas, ator e cineasta americano, morreu aos 103 anos nesta quarta (5).

Ele vinha passando por problemas de saúde desde 1996, quando sofreu um acidente vascular cerebral.

Indicado ao Oscar três vezes, o protagonista de filmes como “Spartacus” (1960) se aposentou depois que passou a ter dificuldades para falar, devido ao AVC.

Kirk também foi três vezes indicados ao Emmy, a premiação mais importante da TV americana.

No Globo de Ouro, levou duas estatuetas: uma de melhor ator em drama (por “Sede de viver”, de 1956) e outra por sua filmografia, o prêmio especial Cecil B. DeMille.

Nesse último prêmio, ele subiu ao palco com sua nora, Catherine Zeta-Jones.

Veja:


O filho e também ator Michael Douglas lamentou a morte por meio de um comunicado para a revista "People":

"É com tremenda tristeza que, meus irmãos, anuncio que Kirk Douglas nos deixou hoje aos 103 anos."

"Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da idade de ouro dos filmes que viveu seus anos dourados, um humanitário cujo compromisso com a justiça e as causas em que ele acreditava estabeleceram um padrão que todos nós temos que buscar", completou Michael.

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Com o filho Michael - Variety
Filho de judeus imigrantes russos analfabetos, Issur Danielovitch foi o nome que Douglas recebeu ao nascer em um bairro pobre de Nova York, onde estudou interpretação na Academia de Artes Dramáticas.

"O invencível" (1949) rendeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator, prêmio que nunca venceu.

Confira o trailer de 'O Invencível':


A estatueta dourada só chegou à família com o filho Michael por "Wall Street" (1987), como ator, e por "Um Estranho no Ninho" (1975), como produtor.

Entre os filmes mais famosos de Kirk se destacam "Sede de viver" (1956), em que interpretou Van Gogh, "Duelo de titãs" (1959), "Spartacus" (1960) e "Sete dias de maio" (1964).

Confira o trailer de 'Sede de Viver':


Kirk Douglas interpretou papéis emblemáticos do cinema, trabalhou em mais de 80 filmes, mas se notabilizou por nunca ter aceitado um papel em uma sequência, mesmo com a possibilidade de ganhar cachês ainda mais altos.

Foi o caso da continuação de '20 Mil Léguas Submarinas', longa de ação baseado no livro de Júlio Verne, que ele estrelou em 1954 para a Disney.

O estúdio queria a continuação e as demais estrelas do elenco -  James Manson, Peter Lorre, Paul Lucas - já tinha topado.

Só que Douglas disse não e sem ele, desistiram do projeto.

Confira o trailer do longa de ação:


Nos anos 70, preferiu se dedicar a uma breve carreira de cineasta com os filmes "Ambição Acima da Lei" (1975) e "As Aventuras de um Velhaco" (1973).

Confira o ator em 'Spartacus':


O último da era de ouro de Hollywood, o galã do furo no queixo, morto hoje aos 103 anos, era também um campeão das boas causas e um exemplo de coragem e altivez.

Em 1960, ele deu o pontapé inicial para que a terrível 'lista negra' chegasse ao final -  como produtor e estrela do épico “Spartacus”, dirigido por Stanley Kubrick, vencedor de um Oscar.

Douglas insistiu que o nome do roteirista Dalton Trumbo, seu amigo, aparecesse nos créditos.

Até então, o socialista Trumbo só podia assinar com pseudônimo por causa da 'caça aos comunistas' dos anos 40 e 50 que acabou com a carreira e a vida de diversos artistas, principalmente roteiristas.

O gesto de Douglas, colocando nos créditos de Spartacus o nome de Trumbo com todas as letras, é considerado um dos maiores atos em defesa da democracia, da livre expressão e dos direitos fundamentais em território americano.

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Dalton Trumbo escreveu seus melhore roteiros assim, dentro da banheira - Variety
Em 2015, quando foi lançada a cinebiografia “Trumbo”, Kirk deu um depoimento sobre aqueles dias.

“Como atores, é fácil interpretarmos o herói. Temos que lutar contra os bandidos e defender a justiça. Na vida real, as escolhas nem sempre são tão claras.

A lista negra de Hollywood, recriada poderosamente na tela em ‘Trumbo’, foi uma época que me lembro bem. As escolhas eram difíceis.

As consequências foram dolorosas e muito reais. Durante a existência da lista negra, tive amigos que se exilaram quando ninguém os contrataria; atores que cometeram suicídio em desespero.

Minha jovem co-estrela em ‘Detective Story’ (1951), Lee Grant, não conseguiu trabalhar por 12 anos depois que se recusou a testemunhar contra o marido perante o Comitê de Atividades Anti-Americanas da Câmara.

Fui ameaçado pelo fato de usar um escritor da lista negra em ‘Spartacus’ – meu amigo Dalton Trumbo. Isso me marcaria como um “amante dos comunistas” e encerraria minha carreira.

Há momentos em que é preciso defender princípios. Estou tão orgulhoso dos meus colegas atores que usam sua influência pública para se manifestar contra a injustiça.

Aos 98 anos, aprendi uma lição da história: ela se repete com muita frequência. Espero que ‘Trumbo’, um belo filme, lembre a todos nós que a lista negra foi uma época terrível em nosso país, mas que devemos aprender com ela para que nunca mais aconteça”.

O Internet Movie Database fez uma bela homenagem à lenda:


A CBS News compilou uma bela seleção de fotos da carreira do ator - clique aqui.

Os filhos mais velhos, Michael e Joel, nasceram de seu primeiro casamento, com Diana Douglas. Eles se divorciaram em 1951.

Três anos depois, ele se casou com a americana de origem belga Anne Buydens, que uma vez escreveu a respeito de Kirk: 

"Viver com meu marido é como sentar em um lindo jardim ao lado de um vulcão que pode entrar em erupção a qualquer momento". 

O casal teve dois filhos, Eric e Peter.

Kirk deixa sua esposa Anne, três filhos e sete netos.

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