SINOPSE:
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos.
Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta.
Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe.
Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas.
Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora.
Nesse meio tempo, Turing vai revelando sua homossexualidade, na época proibida na Inglaterra - o que o leva a ser preso.
CRÍTICA:
O cinema adora prestar tributos aos grandes gênios: de Mozart a Andy Warhol, passando por Steve Jobs ('Jobs') e John Lennon ('O Garoto De Liverpool'), até chegar no mais recente, Stephen Hawking ('A Teoria De Tudo'), os filmes tentam entender ou mostrar os limites que separam um homem comum de um prodígio, ou do que é formada a mente de um gênio.
Novo longa do holandês Morten Tyldum, 'O Jogo da Imitação' - em exibição em 132 salas em todo o Brasil - é mais um a mostrar ao espectador que essa não será a primeira e nem a última vez que o cinema tenta manusear de forma rentável e comovente a vida daqueles capazes de mudar o mundo por meio de feitos extraordinários.
Só que, a exemplo de Eddie Redmayne - perfeito como Stephen Hawking em 'A Teoria De Tudo' - temos aqui outro ator britânico como protagonista - e que ator!
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| Benedict Cumberbatch, em cena como Alan Turing - fotos dessa postagem: Divulgação/Warner Bros. |
Baseado na livro 'Alan Turing: O Enigma', de Andrew Hodges, a trama, ambientada na Segunda Guerra Mundial, narra a trajetória de Alan Turing (Benedict Cumberbatch, mais que perfeito), cabeça por trás do projeto Ultra, considerado o pai da computação e que mostra como a máquina criada por ele conseguiu decifrar códigos de guerra alemães e ajudou a levar os nazistas à derrota.
Para ambientar o espectador, o roteiro usa flashbacks da juventude de Turing, cenas apresentadas fora de ordem cronológica e frames de batalhas da Segunda Guerra e das invasões nazistas - tudo para conseguirmos entender a mente e os deslizes do matemático: sua fobia social, os abusos sofridos na escola e um dos fatores mais importantes na trama, a descoberta de sua homossexualidade.
Ser gay no Reino Unido era crime passível de forte punição até meados dos anos 1960 e, assim, Turing foi condenado pelo crime de atentado ao pudor e à pena de castração química, recebendo o perdão da Rainha Elizabeth II apenas em 2013, quando já estava morto - ele morreu em 7 de Junho de 1954, com apenas 41 anos.
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| A equipe reunida |
O que o filme, assim como vários relatos biográficos, sugere é que ele foi condenado por ser homossexual, o que era ilegal nos anos 40 na Inglaterra e ainda é em vários lugares do mundo, principalmente os de maioria muçulmana.
Turing manteve segredo sobre sua homossexualidade por muito tempo, mas a informação caiu nas mãos de pessoas erradas e ele foi denunciado por vingança.
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| Keira Knightley como Joan Clark |
Apesar da pouca experiência em Hollywood, o cineasta norueguês Morten Tyldum aprendeu bem como jogar de acordo com as regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que concede o Oscar.
O bom desempenho de dramas históricos na premiação sempre foi evidente e, assim, temos aqui mais um típico 'filme de Oscar', usando e abusando a diversos chavões característicos dos dramas e que rendem votos dos membros da Academia.
Os personagens são bem delineados, mas acabam esbarrando nos clichês do gênero: Turing é o gênio perturbado, socialmente recluso e agredido na escola; Joan Clark (Keira Knightley) é a mulher poderosa, que não hesita em desafiar as regras moralistas da sociedade da época, mas que acaba sendo veículo de união do grupo por sua ternura apaziguadora e 'tipicamente feminina'; o grupo de antagonistas que magicamente resolve que a união faz a força e se tornam amigos do gênio que consideram egocêntrico.
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| Benedict Cumberbatch e Keira Knightley, em cena do longa |
Só que ninguém mais se lembra disso quando Benedict Cumberbatch está em cena: um dos melhores atores da atualidade, ele a princípio nos apresenta um Turing de dar ódio de tão egocêntrico - mas à medida que a trama avança, entrega um dos mais fortes e carismáticos protagonistas do cinema recente.
Se o longa não é extraordinário, a história de Alan Turing, Joan Clark e dos demais componentes do projeto Ultra, é inspiradora, o roteiro tem um potencial enorme de despertar a empatia dos espectadores e boas oportunidades de pontos de virada.
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| Turing, preso por ser gay |
O diretor Tyldum sabe que o cinema também é feito de escolhas - e sair do lugar comum e arriscar nas principais premiações se mostrou aqui uma acertada decisão.
TRAILER:
INDICAÇÕES AO OSCAR 2015:
FICHA TÉCNICA:
'O JOGO DA IMITAÇÃO'
Título Original:
THE IMITATION GAME
Gênero:
Drama
Direção:
Morten Tyldum
Roteiro:
Graham Moore, baseado na biografia escrita por Andrew Hodges
Elenco:
Allen Leech, Benedict Cumberbatch, Charles Dance, Keira Knightley, Mark Strong, Matthew Beard, Matthew Goode, Rory Kinnear, Steven Waddington, Tuppence Middleton
Produção:
Graham Moore
Fotografia:
Óscar Faura
Montador:
William Goldenberg
Trilha Sonora:
Alexandre Desplat
Duração:
113 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
05/02/2015
Distribuidora:
Diamond Films
Estúdio:
Warner Bros
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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