Uma das melhores séries de TV de todos os tempos, 'Two and a Half Men' exibe seu último episódio nesta quinta (19) nos EUA, ainda envolta no mistério sobre o retorno de seu principal protagonista, Charlie Sheen.
Se a comédia politicamente incorreta nunca atingiu o topo na concorrida disputa por audiência nos Estados Unidos, durante suas 12 temporadas, conseguiu manter um público cativo, formado em 90% por homens - inclusive aqui no Brasil, onde é exibida pelo Warner Channel e pelo SBT.
Com a saída tumultuada de Charlie Sheen em 2011 - após brigar com o criador e produtor da série, Chuck Lorre - a comédia se perdeu com uma história confusa, mesmo com a entrada de Ashton Kutcher - ator queridinho do público americano - no elenco.
Agora, na temporada final, o falso casamento gay entre Alan Harper (Jon Cryer) e Walden Schmidt (Kutcher) e a adoção de um garotinho afro americano fizeram com que a série voltasse ao modelo original e retomasse o sucesso.
Intitulado 'Ele Não Está Morto', o derradeiro episódio pode surpreender - principalmente por amarrar todas as tramas e pelo fato de que todo mundo aposta que Charlie Sheen vai aparecer, vivo ou como o fantasma de Charlie Harper.
Produzida pela Warner Bros. Television e gravada na sede do estúdio em Burbank - cidade da grande Los Angeles - 'Two and a Half Men' estreou na CBS com sucesso em em 22 de setembro de 2003, alcançando um público de 18,44 milhões de telespectadores americanos.
Charlie Sheen, Jon Cryer e Angus T.Jones, oa protagonistas originaos da série - Fotos dessa postagem - Divulgação/CBS |
Esse piloto, considerado um dos melhores episódios iniciais de todos os tempos, atraiu um número de telespectadores que acompanhariam a série nos anos seguintes.
Porém, a comédia jamais foi líder absoluto de audiência - a de maior audiência foi a sexta temporada (2008-2009), com média de 15,06 milhões de telespectadores por episódio, o que deixou a série em décimo lugar no ranking das maiores audiências da TV norte-americana, melhor posição em 11 anos.
As aventuras amorosas de Charlie Harper (Sheen), que se relacionou com mais de 40 mulheres na série, fidelizaram o público, interessado em saber qual seria a próxima acompanhante do bon vivant californiano, um milionário compositor de jingles para propaganda e que morava sossegado numa esplêndida casa na praia de Malibu.
Até que seu irmão, Alan (Jon Cryer), recém divorciado e sem ter onde morar, bater à sua porta pedindo abrigo e levando de contrapeso seu pequeno filho Jake (Angus T. Jones) - o 'meio homem' do título traduzido da atração, 'Dois Homens e Meio'.
Os micos pagos por Alan também agradavam os fãs, assim como as tiradas ácidas do garoto Jake, que o público viu crescer e se tornar um pós adolescente durante a série.
Confira os erros de gravação da quarta temporada:
A vizinha Rose (Melanie Lynskey) - que após tomar um pé na bunda de Charlie esta sempre perseguindo-o e vigiando-o - e principalmente, a empregada Berta (Conchata Ferrell) foram bem vindas adições ao elenco regular.
Berta é a que eu mais gosto: com suas tiradas rápidas e inteligentes, desbocada, beberrona, maconheira, mãe de muitos filhos, ela mais passeia do que trabalha na casa de Malibu, foi mandada embora diversas vezes, demitiu-se diversas vezes e é a personagem coadjuvante mais longeva da série - está presente em todas as temporadas.
Conchata Ferrell como Berta, em cena com Charlie Sheen |
Só que a grande força da série era Charlie Harper, graças à magistral interpretação de Charlie Sheen, filho do também astro Martin Sheen e irmão do correto ator Emilio Estevez.
Sheen já era um astro do cinema - com atuações elogiadas em 'Platoon', 'Wall Street', 'Top Gang' e 'Os Três Mosqueteiros' - quando aceitou o convite de Chuck Lorre para protagonizar a comédia televisiva.
A maior audiência em um único episódio com Sheen no elenco foi no 22º capítulo da segunda temporada, onde Jake passou uma noite na casa da avó, a ricaça corretora de imóveis Evelyn (Holland Taylor, soberba), deixando-a louca.
Holland Taylor como Evelyn, contracena com Charlie Sheen |
Enquanto isso, Charlie e Alan aproveitaram o tempo livre do pestinha em um barzinho, paquerando as mulheres do lugar - a audiência foi de 24,24 milhões de telespectadores.
Só que no final da oitava temporada, o caldo entornou: Sheen vivia momentos difíceis, entrando e saindo seguidas vezes do 'rehab' e seus atrasos tumultuavam muito as filmagens da série.
Até a briga homérica com seu até então melhor amigo Chuck Lorre - criador e produtor da série - que, inconformado, pediu a cabeça do ator à Warner - que o demitiu sem mais delongas.
Confira os erros de gravação da Sétima Temporada:
Confira os erros de gravação da Sétima Temporada:
Charlie Sheen entrou então para um seleto grupo de protagonistas de série que foram demitidos no auge do sucesso - o primeiro foi Dick York, intérprete de James (Darren) Stevens, marido da bruxa Samantha (Elizabeth Montgomery), que foi demitido na temporada da série 'A Feiticeira' (1966-1972) por faltar muito por seguidos problemas de saúde, sendo substituído até o final da série por Dick Sargent.
Sem tempo para fechar a série, Warner e Lorre resolveram então matar Charlie Harper e até na morte do personagem a comédia lucrou.
Alan (Jon Cryer) em episódio do funeral do irmão, Charlie
A próxima temporada foi confirmada - com Ashton Kutcher no lugar de Sheen - e sua estreia, no primeiro episódio da nona temporada, foi a maior audiência da série.
Atentos 28,74 milhões de telespectadores queriam saber como a atração continuaria sem o astro maior, além da curiosidade em saber como o personagem de Kutcher, o bilionário Walden Schmidt, se encaixaria na história.
A CBS apostou alto em Kutcher: então nome popular nas comédias românticas do cinema e vindo de um tumultuado divórcio com a estrela Demy Moore, ele passou a ser o ator mais bem pago da TV, recebendo nada menos que US$ 700 mil dólares por episódio.
Depois das telonas, Kutcher voltava assim ao veículo que o consagrou - ele se tornou astro logo no começo da carreira, como um adolescente ingênuo em That '70s Show (1998-2006) - onde conheceu a atual mulher, Mila Kunis.
A série seguiu com mais baixos que altos até 2013, quando o intérprete de Jake, Angus T. Jones, já um homem feito, virou um fundamentalista cristão dos mais chatos, inclusive gravando um polêmico vídeo em que, ao lado do seu pastor, pedia para os telespectadores que não assistissem à série, por ela ser "suja e repleta de maus exemplos e palavrões".
Angus T.Jones e sua nova face de fundamentalista cristão - E! Online |
Como na trama, Jake tinha virado um soldado do exército enviado ao oriente médio, a produção foi diminuindo sua participação até ele sumir de vez - agora, Jake sequer é citado.
Sem Sheen e T. Jones, Jon Cryer era o único remanescente do elenco original e com a inclusão da atriz Amber Tambly (como Jenny, filha lésbica de Charlie Harper), o formato 'dois homens e meio' se perdeu e, assim, a série caminhou para os seus piores anos.
Do expressivo número de 28,74 milhões de telespectadores, a série chegou ao patamar abaixo dos 10 milhões.
Com exceção de Alan, agora todos os protagonistas não tinham um padrão de comportamento - a mudança constante era para ver qual delas agradaria mais ao público.
Sem sucesso, os roteiristas decidiram agir e arriscar com uma história radical - e não é que a trama de 'um casal gay numa série de macho' deu certo?
Jon Cryer e Ashton Kutcher se beijam na temporada final de 'Two and a Half Men'
O produtor Lorre já tinha dito que essa décima segunda temporada seria a última - e ela estreou com o comentadíssimo casamento gay entre Walden e Alan.
Não, os dois machos alfa não viraram gays: a união entre os dois tem um propósito, que é permitir que Walden possa adotar um filho.
A aposta arriscada trouxe um novo e bem vindo fôlego à série, principalmente nas cenas onde Cryer, ator soberbo, arrasa como um Alan gay - em uma cena, ele diz a Walden que tem nove entre dez características de uma boa mulher.
Já Kutcher, mesmo sendo apenas um razoável ator, também faz uma boa mescla entre os momentos gays e hétero de Walden.
Eles conseguem adotar um garoto afro americano, Louis (Edan Alexander), que ganha o sobrenome Schmidt.
Ashton Kutcher, Edan Alexander e Jon Cryer, em cena da atual temporada
Assim, para a alegria dos fãs, e mesmo que que tenham ocorrido protestos de fãs mais raivosos contra essa nova abordagem da série, o formato original ('dois homens e meio') foi recuperado e 'Two and a Half Men' voltou a ser manchete mundo afora pela ousadia.
Essa última temporada realmente tem sido um primor de texto, direção e boas interpretações e agora, os fãs se perguntam:
Afinal, Charlie Sheen volta mesmo para o episódio final?
A começar pelo título do episódio - 'Ele Não Está Morto' - passando pela recente entrevista de Ashton Kutcher a Ellen DeGeneres - onde ele praticamente confirmou que Sheen estará, sim - até as recentes declarações dúbias do próprio Sheen, tudo leva a crer que o maior protagonista da série estará em cena para encerra-la com chave de ouro.
|
Confira um trailer de um dos últimos episódios desta temporada:
Warner, Chuck Lorre e demais responsáveis pela produção, no entanto, evidentemente negam o retorno, o que faz a despedida de 'Two and a Half Men' ser uma das melhores da história.
Vamos aguardar o Warner Channel - que exibe a comédia toda quinta, 20 h - exibir esse episódio aqui, o que deve acontecer semana que vem.
Confira as aberturas - da primeira à décima primeira temporadas:
*****
'TWO AND A HALF MEN' - ÚLTIMO EPISÓDIO DA SÉRIE
Quando:
Quinta (19)
Onde:
CBS (EUA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário