SINOPSE:
Em tom quase documental, a trama conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane).
A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos - dos 8 aos 15 anos de idade - e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.
Os primeiros amores, os conflitos em família, a mudança de escola e o sentimento constante de desgosto e admiração de Mason pela vida e pelos parentes.
CRÍTICA:
Ir ao cinema, se sentar confortavelmente, esperar a sala escurecer e mergulhar profundamente em 'Boyhood: da Infância à Juventude', que estreia hoje em 11 salas em todo o Brasil, é uma das experiências das mais encantadoras que você vai poder ter num cinema.
A começar pela extrema ousadia de Richard Linklater: depois de investigar os relacionamentos na trilogia 'Antes do Amanhecer', 'Antes do Pôr-do-Sol' e 'Antes Da Meia-Noite', o diretor chega agora ao seu trabalho mais espetacular, um estudo profundo sobre os tumultos da infância.
Mason (Ellar Coltrane) aos 8 anos no começo do longa - Fotos dessa postagem: Divulgação/Universal Pictures do Brasil |
O projeto parecia fadado ao fracasso: durante 12 anos, Linklater rodou o longa com os mesmos atores, já que a ideia era refletir sobre o tempo e sua força de transformação, revelando a mudança ano a ano não apenas do visual, mas também da personalidade desses personagens.
Com orçamento modesto, o filme mantém a fórmula que Linklater construiu ao longo de sua filmografia, incluindo a banalidade dos diálogos por vezes longos em exagero.
Mas, aqui, ele foi além, reunindo o que de melhor seu cinema trouxe ao longo dos anos: a visão romântica e realista da adolescência de 'Jovens, Loucos e Rebeldes', o flerte com a filosofia de 'Wacking Life', o humor jovem e despretensioso de 'Escola De Rock' e a intensidade afetiva da trilogia iniciada em 'Antes do Amanhecer'.
Patricia Arquette interpreta a mãe de Mason |
Por isso, ele entrega não apenas um filme sobre esse menino, Mason (Ellar Coltrane) e seu caminho da juventude à adolescência, mas também uma investigação sobre a banalidade da vida, o que pode torná-la por vezes mágica e especial e tantas outras vezes comum e insossa.
O elenco escolhido é um dos motivos do sucesso da empreitada: Mason é filho de Olivia (a talentosíssima Patricia Arquette) e tem uma irmã mais velha, Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor).
É o amadurecimento dessas relações familiares que está na superfície da trama, sem esquecer de uma reflexão sobre o estilo de vida americano e sobre as dificuldades da maternidade.
Quanto toca na relação entre Mason e o pai (Ethan Hawke), o filme também mostra que não segue o padrão confortável do cinema hollywoodiano: irregular, a construção do personagem foge da horizontalidade que poderia açucarar a trama e a transformação deste personagem ao longo dos anos é trampolim para mais uma atuação brilhante de Hawke - para mim um dos maiores e melhores atores de todos os tempos e que parece sempre confortável diante do texto de Linklater.
Mason e o pai (Ethan Hawke): relação intensa |
Aqui, o valor da narrativa está justamente na simplicidade de seus temas e na fácil identificação entre nossas memórias e o que vemos na telona pois, enquanto lutam para fazer o melhor que podem para criar seus filhos, os pais da trama erram, falham e parecem por vezes confusos em meio ao caos que a paternidade parece abraçar.
Esse apreço que o diretor parece ter pelo dia-a-dia, com todos os seus altos e baixos, é o que torna o filme algo tão rico, emocionante e em muitos momentos irremediavelmente cômico.
A conexão entre nossas histórias e a vida desses personagens faz do ato de mergulhar no longa uma aproximação com nossas próprias experiências.
Tanto tempo, tantas memórias e os personagens do filme, ao final, recuperam a fatídica pergunta: afinal, qual o sentido da vida?
Crescer, aprender, construir nossa identidade, transformar as pessoas ao redor, talvez essa seja a resposta nos dias atuais, nos anos 90, daqui mil anos.
Mason (Ellar Coltrane) aos 15 anos no final do longa |
'Boyhood' é um belo e profundo casamento entre a ficção e a realidade.
Vá ver correndo, pois dificilmente teremos tão cedo outro filme com tamanha intensidade e ousadia.
Filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE'
Título Original:
BOYHOOD
Gênero:
Drama
Direção:
Richard Linklater
Roteiro:
Richard Linklater
Elenco:
Andrew Villarreal, Bonnie Cross, Charlie Sexton, Elijah Smith, Ellar Coltrane, Ethan Hawke, Jamie Howard, Libby Villari, Lorelei Linklater, Marco Perella, Mark Finn, Patricia Arquette, Ryan Power, Shane Graham, Sharee Fowler, Steven Chester Prince, Tess Allen
Produção:
Cathleen Sutherland, John Sloss, Jonathan Sehring, Richard Linklater
Fotografia:
Lee Daniel, Shane F. Kelly
Montador:
Sandra Adair
Trilha Sonora:
IFC Productions
Duração:
165 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
30/10/2014 (Brasil)
Distribuidora:
Universal Pictures do Brasil
Estúdio:
Detour Filmproduction / IFC Productions
Classificação:
14 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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