sexta-feira, 14 de junho de 2013

‘ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK’: COM KHAN, KLINGONS E PINGOS, LONGA PRESTA HOMENAGEM À CULT SÉRIE E FOCA NA AMIZADE ENTRE KIRK E SPOCK



Você já tinha curtido essa crítica na última segunda (10), mas o longa estreia hoje aqui no Brasil - por isso, o repeteco.

Não, o vilão que Benedict Cumberbatch interpreta não se chama ‘John Harrison’.
Sim, seu nome é Khan - que na cult série dos 60 e no longa de 1982 foi interpretado por Ricardo Montalban – e que sempre é sinônimo de dores de cabeça e muita ação no universo trekker.

Sim, os Klingons - império militarista que hostiliza a Federação dos Planetas Unidos há algum tempo – também estão de volta.

E para completar, os pingos – aquelas doces criaturinhas em forma de bolinhas peludas e que infestaram a Enterprise num dos episódios mais engraçados da cult série - não só estão de volta, como salvam a vida do Capitão Kirk!

A sequência do filme de 2008 – que revitalizou o universo 'Star Trek' para o século 21 – consegue não só superar o primeiro - com cenas de ação de tirar o fôlego e homenagens a momentos clássicos da extensa mitologia - como, desde o primeiro fotograma, deixa evidente que o diretor J.J.Abrahams concebeu o longa 'Além da Escuridão - Star Trek' - que estreia na próxima sexta aqui no Brasil, quase um mês depois dos EUA – como uma grande homenagem aos fanáticos trekkers.

E mais: o diretor, um dos melhores da atualizade, prova mais uma vez ser habilidoso em pegar histórias complexas e entrega-las acessíveis e capazes de agradar a todos os públicos.

Não à toa , Abrahams foi o escolhido pela Disney para capitanear a sequência da saga Star Wars.

O longa já começa com uma cena absolutamente estonteante, com Kirk (Chris Pine) McCoy (Karl Urban) correndo desesperadamente entre as árvores muito vermelhas das selvas de um planeta habitado por uma civilização primitiva – a tripulação daEnterprise tinha ido já justamente para salvar o planeta de uma catástofre vulcânica - com direito a Spock dentro do vulcão e pronto a não cumprir a determinação da Federação de não interferir no futuro de civilizações.

Um vulcano no vulcão - fotos dessa postagem: Divulgação/Paramount Pìctures do Brasil
E aí vem a primeira surpresa: ao saltarem – tal qual Jack Sparrow – de um penhasco e caírem no mar, os dois nadam, nadam, e chegam... à Enterprise – que estava submersa!

Nos acostumamos a ver a mais icônica astronave de todos os tempos no espaço e vê-la sair do oceano, gigantesca no ótimo 3D, é uma cena muito, mas muito emocionante.

A Enterprise saindo do mar

Logo depois, é a vez do terrorista John Harrison (Benedict Cumberbatch) , na verdade Khan, entrar em ação atacando a bomba pontos estratégicos para desestabilizar a Frota Estelar – destaque para uma Londres futurista e ao mesmo tempo absolutamente tradicional, com a ponte, o parlamento e o Big Ben fazendo ótimo contraponto em pleno século 23.

A Londres do século 23 sob ataque terrorista

Khan foge para o planeta dos Klingons e com o perigo de iniciar uma guerra, a tripulação da Enterprise é enviada pelo Almirante Marcus (Peter Weller, intérprete do primeiro Robocop) para caçá-lo.

Khan é um homem do século 20 geneticamente modificado, um super soldado que recupera seus machucados rapidamente e que tem toda sua tripulação, também geneticamente modificada, guardada dentro de mísseis – as armas que o Almirante Marcus querem que a Enterprise descarregue na cabeça de Khan.

O vilão Khan

Cumberbatch - revelado para o mundo da ótima série da BBC 'Sherlock' -  é um dos melhores achados do longa: seu Khan é um vilão imponente e perfeito e suas motivações o humanizam, apesar dele ser extremamente frio e mais perigoso do que Nero (Eric Bana) foi no primeiro.

Sozinho, ele é o responsável por toda a violência, pelas melhores cenas de ação da trama e deixa os espectadores o tempo todo perdidos sobre suas intenções - já que também é extremamente manipulador.

Se o vilão é sério, a icônica tripulação da Enterprise se encarrega do alívio cômico.

Simon Pegg é um estupendo ator, rouba cada cena em que aparece como o engenheiro Scotty e mostra ser indispensável para o sucesso da franquia.

Scotty - de vermelho: roubando a cena

Karl Urban,  como o oficial médico Dr. McCoy está mais solto e mais rabugento, conseguindo atingir em muitas cenas o mesmo ótimo desempenho que DeForest Kelley – o ‘Magro’ original – tinha na cult série e nos longas dos anos 80.

Dr. McCoy colhe sangue do vilão Khan - esse sangue será fundamental no desfecho da história

John Cho, como o piloto Tenente Hikaru Sulu, é o que menos aparece: se no filme de 2008 participou de boas cenas de ação, nesse ele sumiu.

O piloto Tenente Hikaru Sulu
Zoë Saldaña, como a oficial de comunicações Tenente Nyota Uhura, está mais apagada: apesar de participar de uma boa cena de ação com  Kirk e Spock, seu relacionamento amoroso com o vulcano é mais falso que uma nota de três Reais - os dois juntos não tem química nenhuma.

Uhura e Spock: sem química como casal

Já Anton Yelchin tem aqui uma oportunidade de aparecer melhor e se sai muito bem.

Seu Alferes Pavel Chekov começa no seu posto de sempre – navegador - mas acaba assumindo a engenharia da Enterprise na ausência de Scotty e literalmente mete os pés pelas mãos.

Chekov,  metendo os pés pelas mãos

No geral, a relação entre os personagens está mais madura e as cenas ficaram muito mais verdadeiras e mais naturais.

Mas o pano de fundo do longa é, sem dúvida, a cristalização de uma das amizades mais famosas de todos os tempos – entre Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto).

Se o lado rebelde e a empáfia de Kirk o levam ao fundo do poço logo no início, diante da ameaça Pine se transforma, aos poucos, no capitão ousado, inteligente e habilidoso que todos conhecemos  - em muitas cenas, eu pude ver novamente William Shatner jovem em ação, nas entrelinhas de sua magnífica performance.

Spock e Kirk: amigos para sempre

Já Zachary Quinto como Spock é ‘hour concour’: se no longa de 2008 ainda tínhamos o Spock original (Leonard Nimoy) para nos tirar a atenção, aqui ele brilha sozinho e dá show seguido de show, cena a cena – inclusive dando vazão ao seu lado humano e.... mentindo!
Sim, Spock mente e por isso salva a Terra!

Poucas vezes eu vi na telona uma dupla tão imbatível quando essa.

Zachary Quinto como Spock: sen-sa-cio-nal!

Nem na cena da morte de Kirk – uma releitura com personagens trocados da morte de Spock, justamente no longa em que Khan aparece – ‘Star Trek 2: A Ira de Khan’ (1982) – os dois intérpretes não se perdem, descarregam as emoções, provam o valor de uma grande amizade e nos fazem ficarmos também muito emocionados.

Mas não fiquem tristes: Kirk volta à vida pelo sangue turbinado de Khan -  que já havia ressuscitado um pingo...

De morto mesmo, só o Contra-Almirante Christopher Pike (Bruce Greenwood), grande amigo do pai de Kirk e que o tinha alistado na Federação no longa anterior.

Kirk e Pike - seu mentor

Com visual impecável e os efeitos em terceira dimensão bem utilizados, o longa tem cenas de batalha, as Aves de Rapina Klingons duas novas naves da Federação.

A primeira, praticamente igual ao Milenium Falcon de Han Solo em ‘Star Wars’, faz uma ótima cena de ação com Kirk,  Spock e Uhura a bordo.

A segunda é uma nave de batalha imensa, cerca de dez vezes maior que a Enterprise, que o Almirante Marcus – o grande vilão do longa e que no início comanda os atos de Khan – usa para fazer o ataque final.

A cena dessa nave caindo por cima da cidade sede da Federação – São Francisco – é muito impressionante.
E vocês pensaram vendo o trailer que era a Enterprise que caía, né?
Ela até cai, mas...chega de spoilers, né?

A Enterprise, caindo sobre a terra
O Imax 3D deixa tudo ainda melhor, principalmente o som - pague um pouco mais caro e mergulhe na experiência.

Spock e Kirk interrogam Khan, preso na cela transparente da Enterprise

Embora a urgência da situação enfrentada pela tripulação da Enterprise justifique a rapidez dos acontecimentos, faltam pausas para os espectadores respirarem entre as cenas de ação -  o que, ao menos , escondem alguns furos do roteiro.

O longa, assim, cumpre com sua missão de solidificar a saga trekker como uma das séries mais bem-sucedidas da atualidade.

O elenco afiado dá credibilidade ao longa e, em troca, os personagens que nos inspiram desde os 60 passam a ser amados por uma nova geração.

Filmaço.

Confira o trailer do filme:


*****
‘ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK’
Título Original:
Star Trek Into Darkness
Gênero:
Ficção Científica
Direção:
J. J. Abrams
Roteiro:
Alex Kurtzman, Damon Lindelof, Roberto Orci
Elenco:
Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoë Saldaña, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Benedict Cumberbatch, Alice Eve, Bruce Greenwood, Peter Weller
Produção:
Alex Kurtzman, Bryan Burk, Damon Lindelof, J. J. Abrams, Roberto Orci
Fotografia:
Daniel Mindel
Trilha Sonora:
Michael Giacchino
Ano:
2013
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
17/05/2013 (EUA)
14/06/2013 (Brasil)
Distribuidora:
Paramount Pictures Brasil
Estúdio:
Bad Robot / Kurtzman Orci Paper Products / Paramount Pictures / Skydance Productions
Orçamento:
US$ 190 milhões
Cotação do Klau:

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