Você já tinha curtido essa crítica na última segunda (10), mas o longa estreia hoje aqui no Brasil - por isso, o repeteco.
Não, o vilão que Benedict Cumberbatch interpreta não se chama ‘John Harrison’.
Sim, seu nome é Khan - que na cult série dos 60 e no longa de 1982 foi interpretado por Ricardo Montalban – e que sempre é sinônimo de dores de cabeça e muita ação no universo trekker.
Sim, os Klingons - império militarista que hostiliza a Federação dos Planetas Unidos há algum tempo – também estão de volta.
E para completar, os pingos – aquelas doces criaturinhas em forma de bolinhas peludas e que infestaram a Enterprise num dos episódios mais engraçados da cult série - não só estão de volta, como salvam a vida do Capitão Kirk!
A sequência do filme de 2008 – que revitalizou o universo 'Star Trek' para o século 21 – consegue não só superar o primeiro - com cenas de ação de tirar o fôlego e homenagens a momentos clássicos da extensa mitologia - como, desde o primeiro fotograma, deixa evidente que o diretor J.J.Abrahams concebeu o longa 'Além da Escuridão - Star Trek' - que estreia na próxima sexta aqui no Brasil, quase um mês depois dos EUA – como uma grande homenagem aos fanáticos trekkers.
E mais: o diretor, um dos melhores da atualizade, prova mais uma vez ser habilidoso em pegar histórias complexas e entrega-las acessíveis e capazes de agradar a todos os públicos.
Não à toa , Abrahams foi o escolhido pela Disney para capitanear a sequência da saga Star Wars.
O longa já começa com uma cena absolutamente estonteante, com Kirk (Chris Pine) e McCoy (Karl Urban) correndo desesperadamente entre as árvores muito vermelhas das selvas de um planeta habitado por uma civilização primitiva – a tripulação daEnterprise tinha ido já justamente para salvar o planeta de uma catástofre vulcânica - com direito a Spock dentro do vulcão e pronto a não cumprir a determinação da Federação de não interferir no futuro de civilizações.
Um vulcano no vulcão - fotos dessa postagem: Divulgação/Paramount Pìctures do Brasil |
E aí vem a primeira surpresa: ao saltarem – tal qual Jack Sparrow – de um penhasco e caírem no mar, os dois nadam, nadam, e chegam... à Enterprise – que estava submersa!
Nos acostumamos a ver a mais icônica astronave de todos os tempos no espaço e vê-la sair do oceano, gigantesca no ótimo 3D, é uma cena muito, mas muito emocionante.
A Enterprise saindo do mar
Logo depois, é a vez do terrorista John Harrison (Benedict Cumberbatch) , na verdade Khan, entrar em ação atacando a bomba pontos estratégicos para desestabilizar a Frota Estelar – destaque para uma Londres futurista e ao mesmo tempo absolutamente tradicional, com a ponte, o parlamento e o Big Ben fazendo ótimo contraponto em pleno século 23.
A Londres do século 23 sob ataque terrorista
Khan foge para o planeta dos Klingons e com o perigo de iniciar uma guerra, a tripulação da Enterprise é enviada pelo Almirante Marcus (Peter Weller, intérprete do primeiro Robocop) para caçá-lo.
Khan é um homem do século 20 geneticamente modificado, um super soldado que recupera seus machucados rapidamente e que tem toda sua tripulação, também geneticamente modificada, guardada dentro de mísseis – as armas que o Almirante Marcus querem que a Enterprise descarregue na cabeça de Khan.
O vilão Khan
Cumberbatch - revelado para o mundo da ótima série da BBC, 'Sherlock' - é um dos melhores achados do longa: seu Khan é um vilão imponente e perfeito e suas motivações o humanizam, apesar dele ser extremamente frio e mais perigoso do que Nero (Eric Bana) foi no primeiro.
Sozinho, ele é o responsável por toda a violência, pelas melhores cenas de ação da trama e deixa os espectadores o tempo todo perdidos sobre suas intenções - já que também é extremamente manipulador.
Se o vilão é sério, a icônica tripulação da Enterprise se encarrega do alívio cômico.
Simon Pegg é um estupendo ator, rouba cada cena em que aparece como o engenheiro Scotty e mostra ser indispensável para o sucesso da franquia.
Scotty - de vermelho: roubando a cena
Karl Urban, como o oficial médico Dr. McCoy está mais solto e mais rabugento, conseguindo atingir em muitas cenas o mesmo ótimo desempenho que DeForest Kelley – o ‘Magro’ original – tinha na cult série e nos longas dos anos 80.
Dr. McCoy colhe sangue do vilão Khan - esse sangue será fundamental no desfecho da história |
John Cho, como o piloto Tenente Hikaru Sulu, é o que menos aparece: se no filme de 2008 participou de boas cenas de ação, nesse ele sumiu.
O piloto Tenente Hikaru Sulu |
Zoë Saldaña, como a oficial de comunicações Tenente Nyota Uhura, está mais apagada: apesar de participar de uma boa cena de ação com Kirk e Spock, seu relacionamento amoroso com o vulcano é mais falso que uma nota de três Reais - os dois juntos não tem química nenhuma.
Uhura e Spock: sem química como casal
Já Anton Yelchin tem aqui uma oportunidade de aparecer melhor e se sai muito bem.
Seu Alferes Pavel Chekov começa no seu posto de sempre – navegador - mas acaba assumindo a engenharia da Enterprise na ausência de Scotty e literalmente mete os pés pelas mãos.
Chekov, metendo os pés pelas mãos
No geral, a relação entre os personagens está mais madura e as cenas ficaram muito mais verdadeiras e mais naturais.
Mas o pano de fundo do longa é, sem dúvida, a cristalização de uma das amizades mais famosas de todos os tempos – entre Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto).
Se o lado rebelde e a empáfia de Kirk o levam ao fundo do poço logo no início, diante da ameaça Pine se transforma, aos poucos, no capitão ousado, inteligente e habilidoso que todos conhecemos - em muitas cenas, eu pude ver novamente William Shatner jovem em ação, nas entrelinhas de sua magnífica performance.
Spock e Kirk: amigos para sempre
Já Zachary Quinto como Spock é ‘hour concour’: se no longa de 2008 ainda tínhamos o Spock original (Leonard Nimoy) para nos tirar a atenção, aqui ele brilha sozinho e dá show seguido de show, cena a cena – inclusive dando vazão ao seu lado humano e.... mentindo!
Sim, Spock mente e por isso salva a Terra!
Poucas vezes eu vi na telona uma dupla tão imbatível quando essa.
Zachary Quinto como Spock: sen-sa-cio-nal!
Nem na cena da morte de Kirk – uma releitura com personagens trocados da morte de Spock, justamente no longa em que Khan aparece – ‘Star Trek 2: A Ira de Khan’ (1982) – os dois intérpretes não se perdem, descarregam as emoções, provam o valor de uma grande amizade e nos fazem ficarmos também muito emocionados.
Mas não fiquem tristes: Kirk volta à vida pelo sangue turbinado de Khan - que já havia ressuscitado um pingo...
De morto mesmo, só o Contra-Almirante Christopher Pike (Bruce Greenwood), grande amigo do pai de Kirk e que o tinha alistado na Federação no longa anterior.
Kirk e Pike - seu mentor
Com visual impecável e os efeitos em terceira dimensão bem utilizados, o longa tem cenas de batalha, as Aves de Rapina Klingons e duas novas naves da Federação.
A primeira, praticamente igual ao Milenium Falcon de Han Solo em ‘Star Wars’, faz uma ótima cena de ação com Kirk, Spock e Uhura a bordo.
A segunda é uma nave de batalha imensa, cerca de dez vezes maior que a Enterprise, que o Almirante Marcus – o grande vilão do longa e que no início comanda os atos de Khan – usa para fazer o ataque final.
A cena dessa nave caindo por cima da cidade sede da Federação – São Francisco – é muito impressionante.
E vocês pensaram vendo o trailer que era a Enterprise que caía, né?
Ela até cai, mas...chega de spoilers, né?
A Enterprise, caindo sobre a terra |
O Imax 3D deixa tudo ainda melhor, principalmente o som - pague um pouco mais caro e mergulhe na experiência.
Spock e Kirk interrogam Khan, preso na cela transparente da Enterprise
Embora a urgência da situação enfrentada pela tripulação da Enterprise justifique a rapidez dos acontecimentos, faltam pausas para os espectadores respirarem entre as cenas de ação - o que, ao menos , escondem alguns furos do roteiro.
O longa, assim, cumpre com sua missão de solidificar a saga trekker como uma das séries mais bem-sucedidas da atualidade.
O elenco afiado dá credibilidade ao longa e, em troca, os personagens que nos inspiram desde os 60 passam a ser amados por uma nova geração.
Filmaço.
Confira o trailer do filme:
*****
‘ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK’
Título Original:
Star Trek Into Darkness
Gênero:
Ficção Científica
Direção:
J. J. Abrams
Roteiro:
Alex Kurtzman, Damon Lindelof, Roberto Orci
Elenco:
Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoë Saldaña, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Benedict Cumberbatch, Alice Eve, Bruce Greenwood, Peter Weller
Produção:
Alex Kurtzman, Bryan Burk, Damon Lindelof, J. J. Abrams, Roberto Orci
Fotografia:
Daniel Mindel
Trilha Sonora:
Michael Giacchino
Ano:
2013
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
17/05/2013 (EUA)
14/06/2013 (Brasil)
Distribuidora:
Paramount Pictures Brasil
Estúdio:
Bad Robot / Kurtzman Orci Paper Products / Paramount Pictures / Skydance Productions
Orçamento:
US$ 190 milhões
Cotação do Klau:
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