terça-feira, 12 de março de 2013

AMOR À LA VANZOLLINI


Tá todo mundo torcendo pela volta.
Todo mundo.

As mulheres e namoradas dos amigos do trabalho me dão dicas, dizem que essa vida é assim mesmo, todo mundo quer botar a mão.

Seus maridos pedem, dizem que no trabalho ele anda tristíssimo, não é mais o mesmo.

Os irmãos vem de longe e também fazem a maior pressão.

Ele quer, insiste, dá uns repentes de encher minha casa com flores, parece um velório, fica até chato.

Eu também quero, muito. 

Nunca amei ninguém assim, com essa entrega, com essa sofreguidão, dando esse salto no escuro sem para quedas, só pra me esborrachar no fim.

Mas eu não vou.

Pra passar o que eu passei nos últimos dias?

De novo, não.

A idade fala mais alto e a liberdade de voltar a ser quem eu sempre fui, também.

Podíamos ser amigos - Ele não topa.
Podíamos ser amantes - Ele? Nem pensar.

Avenida São João, esquina com Ipiranga, à noite - foto: Cláudio Nóvoa
Volto da casa dele para a minha  casa à la Vanzollini: abatido e desencantado da vida.

Se tivesse metade da minha idade, superaria mais fácil, mas a verdade é que eu sinto que meu tempo nessa existência se esgota e que estou estraçalhado por dentro.

Já passei por tantas nessa vida - abandono e abuso sexual quando criança, perda de pessoas queridas o tempo todo, doença terminal - e já voltei à tona inúmeras vezes.

Dessa vez, não.

Tento por a cabeça pra fora da água, e não consigo.
A sensação de sufoco é grande, e as dores insuportáveis pelo corpo são mais uma prova de que eu somatizo tudo o que acontece.

Talvez ontem à noite e esse começo de hoje estejam sendo o pior momento de toda minha existência.

É de uma tristeza atroz se separar do homem da sua vida, assim, apaixonado desse jeito.

Talvez, um dia, eu ache que fiz a coisa certa, corajoso e o caralho.

Ou tenha a certeza de que fui um idiota, vai saber.

E nesse dia, então, vai dar na primeira edição....

#PRONTOFALEI

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