Drama familiar tenso, 'A Busca', longa de estreia de Luciano Moura na direção, nos apresenta um pai, Theo (Wagner Moura), em conflito com a mulher, Branca (Mariana Lima) - de quem está se separando - e com o filho adolescente, Pedro (Brás Moreau Antunes).
A partir do momento em que Pedro desaparece de casa, fugindo de um universo familiar que desmorona, Theo parte em busca do filho e a trama ganha ares de thriller psicológico e suspense - com os pais atrás de pistas que indiquem o paradeiro do rapaz.
Daí em diante, o longa vira um tradicional road movie de autodescoberta, no qual Theo vai rever seus conflitos internos e seu afastamento do próprio pai enquanto segue os passos do filho.
Wagner Moura (Theo) e Mariana Lima (Branca), em cena do longa
Aqui, a mistura de gêneros não é o problema, mas a forma como a trama é conduzida, já que o arco dramático do filme é mal desenvolvido e o clímax, justamente sei final, não bate com o que o telespectador viu até então na telona.
Afinal, Luciano Moura, diretor vindo da publicidade, valoriza a estética e força das cenas em particular sem pensar no todo do filme e existem várias sequências isoladas na produção que têm pouca força por apresentarem uma ligação muito débil com o conjunto.
Isso fica evidente na cena em que Theo chega a um acampamento por onde seu filho passou e se depara com uma jovem prestes a dar à luz - ela teve um rápido romance com o jovem.
Ele faz seu parto às margens de um rio numa cena muito bonita, mas vazia e que pouco diz sobre Pedro, o menino fugitivo, ou sobre Theo, o pai que se descobre.
Brás Moreau Antunes (Pedro), em cena do filme
E assim são outras muitas sequências, vazias e fúteis, onde o acima da média Wagner Moura até que se esforça, mas não sobrevive diante do roteiro problemático - o transtorno do sumiço do filho, assim como as descobertas que faz ao longo do caminho, perdem força dramática graças ao mal desenvolvimento da história.
Nem a montagem de Lucas Gonzaga - que fez um razoável trabalho em '2 Coelhos' - consegue salvar o longa, evidenciada na sequência do atropelamento de Theo, com fades desnecessários, simulando os apagões do impacto e sua volta à consciência - um trabalho primário, ruim.
Ao longo do filme existem mais dois fades longos e mal inseridos que denotam ou falta de possibilidades do editor diante das cenas disponíveis ou desapego ao trabalho.
E o que falar dos personagens coadjuvantes que vão aparecendo no caminho de Theo?
O homem que o atropela - interpretado por Ruy Resende - é o mais bem acabado exemplo: ele entra em cena por um motivo: depois de socorrer o personagem de Moura, o leva para sua casa.
Quando Theo pede a ele um lençol ou atadura para enrolar o tórax por causa de uma costela quebrada, este se vê obrigado a abrir um quarto da casa fechado há anos para atender o pedido - o porquê disso não se sustenta.
Wagner Moura, em cena do longa |
Momentos depois, ao deixar Theo num posto de gasolina, o atropelador diz a seguinte pérola: “Quando achar seu filho, o leve para casa. Não diga nada, apenas o leve para casa”.
O problema é que já tínhamos visto que o brevíssimo convívio entre os dois não justifica essa aproximação emocional, o que acaba gerando um efeito dramático nulo.
No fim, ainda temos Wagner Moura e Lima Duarte em cena, olhos rasos d'água, tensão construída na face e a emoção perdida em algum lugar da estrada - dois grandes atores esbanjando talento dramático sem que o espectador esteja envolvido com o momento.
No ano passado, o longa inacreditavelmente levou o prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular no Festival do Rio.
Não merecia.
Confira o trailer do filme:
*****
'A BUSCA'
Diretor:
Luciano Moura
Elenco:
Wagner Moura, Mariana Lima, Lima Duarte, Brás Moreau Antunes
Produção:
Bel Berlinck, Andrea Barata Ribeiro
Roteiro:
Elena Soarez, Luciano Moura
Fotografia:
Adrian Teijido
Trilha Sonora:
Beto Villares
Duração:
96 min.
Ano:
2012
País:
Brasil
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Downtown Filmes, Paris Filmes, RioFilme
Estúdio:
O2 Filmes / Globo Filmes
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:
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