domingo, 2 de setembro de 2012

VENEZA 2012: PIERCE BROSNAN, PREMIAÇÃO DO YOUTUBE, TERRENCE MALICK E ACLAMAÇÃO DE JOAQUIN PHOENIX


Pierce Brosnan esteve no Festival de Veneza ontem para promover seu primeiro filme - 'Love Is All You Need' - com a diretora dinamarquesa Susanne Bier, ganhadora do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011 -  por "Em Um Mundo Melhor".

Mas o ator não poderia escapar de falar sobre James Bond no aniversário de 50 anos do personagem de Ian Fleming nas telonas.

"É uma grande celebração. Foi uma honra fazer parte de uma história tão icônica e serei James Bond para sempre", contou o bem-humorado astro ao repórter Rodrigo Salem, da Folha.
"Mas não preciso mais lidar com isso. Bond agora é problema de Daniel Craig."

Getty Images
Pierce Brosnan em Veneza 2012

O ator irlandês viveu o espião da Rainha com licença para matar em quatro filmes da franquia -"007 Contra GoldenEye" (1995), "007 - O Amanhã Nunca Morre" (1997), " O Mundo Não É O Bastante" (1999) e "Um Novo Dia Para Morrer" (2002) - e foi o primeiro 007 da geração Internet.

"Sou Bond para toda uma geração, mas tive meu lugar ao sol e foi divertido. Serei grato eternamente. Foi uma dádiva", exaltou Brosnan, que na comédia romântica divide cena com Trine Dyrholm.

Confira o trailer de 'Love Is All You Need':


Ainda no sábado, Philip Seymour Hoffman brilhou em Veneza 2012 como líder de um culto em "The Master", um envolvente novo filme inspirado na vida real do fundador da Cientologia,  L. Ron Hubbard - sobre como poder e fé podem corromper.

Seus críticos descrevem o movimento como culto, o qual dizem assediar aqueles que querem sair, apesar de o movimento negar as críticas.

O filme de Paul Thomas Anderson, mesmo diretor de "Sangue Negro", foi apresentado já tendo a Weinstein Company como distribuidora nos Estados Unidos, o que é uma uma boa aposta para indicações ao Oscar 2013.

Rotulado como "polêmico" meses antes de seu lançamento, principalmente por causa dos paralelos com a Cientologia - auto-denominada religião que é seguida por alguns dos maiores nomes de Hollywood e tem uma reputação por guardar cuidadosamente sua imagem - Anderson confirmou que o personagem de Hoffman, um homem carismático, charmoso e controlador que lidera uma fé chamada "A Causa", foi baseado em Hubbard, que morreu em 1986.

"É um personagem que criei baseado em L. Ron Hubbard. Há muitas semelhanças com os primeiros dias da Dianética", disse o diretor a repórteres após uma exibição para a imprensa, referindo-se ao sistema de auto-ajuda que Hubbard desenvolveu para a Cientologia.

"Eu não sei realmente muito sobre a Cientologia, particularmente agora, mas eu sei bastante sobre o início do movimento e isto me inspirou a usar como pano de fundo para estes personagens".

Ele disse também que havia mostrado o filme a Tom Cruise, estrela maior da Cientologia e que estrelou "Magnolia"(1999),  drama de Anderson  .

"Ainda somos amigos. Sim, eu mostrei o filme a ele e o resto fica entre nós."

AFP Photo / Gabriel Bouys
Joaquin Phoenix, Paul Thomas Anderson, a produtora JoAnne Sellar, Philip Seymour Hoffman e Madisen Beaty em Veneza

O filme começa no pós-guerra, com Freddie Quell (Phoenix) em rápida decadência, mergulhado no alcoolismo e em uma doença mental.

Ele é resgatado por Lancaster Dodd (Hoffman), que promete tratá-lo como "cobaia e protegido".

O diretor chamou o filme de "uma história de amor" entre dois personagens masculinos, e Hoffman disse que Lancaster Dodd, seu personagem, era um "profeta relutante que na verdade quer ser selvagem como Freddie".

Anderson afirmou, ainda, ter se surpreendido com a aceitação de Phoenix -  o ator não disse quase nada na entrevista, além de "eu não sei" e "não" e chegou a sair da sala por um momento para depois voltar , foi fumar na rua.

"Eu o convidei para atuar em todos os outros filmes que fiz, mas ele disse não, o que foi um pouco chato. Mas desta vez ele disse sim", contou Anderson.

Com o retrato dos exercícios repetitivos de "processamento" mental utilizados por Dodd e seus seguidores nos anos 1950, o próprio filme adquire uma qualidade hipnótica salientada pelas apaixonadas afirmações pseudo-científicas de Dodd.

A dissonante trilha musical do compositor Jonny Greenwood, integrante da banda de rock britânica "Radiohead", e os detalhes minuciosos de reconstrução de época agregam valor a este trabalho impressionante.

Os dois personagens principais, Quell e Dodd, não poderiam ter personalidades mais diferentes, embora Dodd também beire a ira quando seu movimento é questionado.

Em uma cena particularmente memorável, ambos são levados para uma prisão na Filadélfia, onde Quell, enlouquecido, depreda sua cela e se atira contra as grades, enquanto Dodd o observa calmamente da cela ao lado.

Mas o relacionamento entre os dois acaba virando um vínculo poderoso e Quell se torna um fiel auxiliar embora ainda lute contra seus demônios.

Líder de culto ou não, Dodd se preocupa genuinamente com o destino de Quell e quer ajudá-lo a alcançar "um estado de perfeição" ao invés de ser "um animal estúpido".

"Acho que eles realmente se identificam um com o outro", disse Hoffman aos jornalistas.

"Eles vieram de lugares diferentes, mas penso que tiveram a mesma origem. Ambos são animais selvagens. Um deles simplesmente se domesticou e tenta ensinar outras pessoas a fazê-lo", afirmou.

"Mas no fim das contas, ele quer ser selvagem como Freddie", acrescentou.

O filme, no entanto, termina com a separação entre os dois, quando o movimento de Dodd ganha projeção, deixando o público se questionar sobre o destino de Quell.

Os críticos derramaram elogios sobre os atores centrais: o "The Hollywood Reporter", por exemplo, chamou a atuação de Joaquín Phoenix de "definidora de carreira" e disse que o filme era muito mais do que paralelos com a Cientologia.

"The Master", que segundo a mídia americana custou cerca de US$ 35 milhões, tem estreia prevista para o fim do mês nos Estados Unidos e no Canadá e para o início do ano que vem na Europa.

Confira o trailer de "The Master":


Hoje, o cineasta espanhol David Victori venceu a edição inaugural do Festival de Cinema YouTube's Your Film Festival, do You Tube, por seu curta-metragem "A Culpa".

O vencedor foi anunciado em um evento dentro do Festival de Veneza, depois da avaliação por um júri que incluiu o diretor Ridley Scott e o ator Michael Fassbender.

AP Photo / Andrew Medichini
O ator Michael Fassbender e David Victori Blaya, da Espanha, vencedor do prêmio 'Your Film Festival', promovido pelo You Tube

Victori, cujo filme foca em um homem obcecado com a vingança depois do assassinato de sua esposa, receberá US$ 500.000 para seu próximo projeto - com Scott e Fassbender atuando como produtores executivos.

Fassbender, que ganhou a Copa Volpi de melhor interpretação masculina por "Shame" em Veneza 2011, descreveu filme Victori como "muito maduro e confiante."

"Eu fiquei envolvido desde o início do filme", disse Fassbender na cerimônia de premiação, após a exibição dos 10 filmes finalistas.

Victori disse que já apresentou seu projeto para Scott e Fassbender
"Nós temos um monte de trabalho a fazer e, eu não sei, se puder começar amanhã é melhor para mim", disse ele.

Visitantes do YouTube escolheram os 10 finalistas, que viajaram a Veneza para a seleção final, depois de assistir aos filmes no canal do YouTube -  www.youtube.com yourfilmfestival /
Os filmes não podiam ter mais de 15 minutos de duração.www.youtube.com yourfilmfestival / .

O YouTube realizou concursos de cinema no passado, mas este festival está em uma escala muito maior.

Confira o trailer de "A Culpa":


O diretor americano Terrence Malick divide opiniões como quase nenhum outro diretor atuando hoje, e "To The Wonder", sua história impressionista de amor e fé, praticamente sem diálogos, foi tão vaiado quanto aplaudido hoje,  em Veneza 2012.

O filme é o segundo do recluso diretor norte-americano em dois anos, depois de "A Árvore da Vida" ganhar a Palma de Ouro de melhor filme no festival de cinema de Cannes em 2011.

"To The Wonder" está concorrendo ao Leão de Ouro em Veneza, como um dos 18 filmes da competição principal, embora se sair vitorioso na cerimônia de encerramento, no sábado, será uma grande surpresa.

O tímido de holofotes Malick não estava em Veneza para promover seu filme antes de sua estreia mundial, mas o mais surpreendente é que o único ator principal presente na Itália para entrevistas e ensaios fotográficos era Olga Kurylenko.

Zimbio
A atriz ucraniana Olga Kurylenko, no domingo em Veneza

Co-estrelado por Ben Affleck, Rachel McAdams e Javier Bardem, os atores não fizeram a viagem, acrescentando um sentimento de anticlímax em torno de um dos títulos mais ansiosamente aguardados do festival.

"To The Wonder" é centralizado em Affleck e Olga - atriz nascida na Ucrânia e que até agora é mais conhecida por seu papel como Camille em "007 - Quantum of Solace" - como um casal profundamente apaixonado, mas incapaz de viver juntos.

Ela deixa Paris para uma pequena cidade nos Estados Unidos, e depois de lutar para se adaptar a sua nova vida, decide voltar para a França.

O personagem de Affleck tem um caso com uma antiga amiga, interpretada por McAdams, antes de sua primeira paixão retornar.

O ator espanhol Javier Bardem aparece como um padre perturbado diante de uma crise de fé, estendendo a trama do físico e emocional para o reino do espiritual.

Com apenas algumas palavras de diálogo, é dublado pelos personagens proferindo frases como: "O mundo tão distante, um fantasma, cinzas", e "O amor nos faz um, dois, um."

As primeiras críticas foram discordantes:
"Por mais talentosa que a técnica de Malick possa ser em alguns aspectos, este filme parece especialmente na difícil segunda hora, como rabiscos visuais sem metas temáticas focadas", escreveu Todd McCarthy no "The Hollywood Reporter".

Já a "Variety" chamou-o de "deslumbrante" e "de um cineasta que não perdeu sua capacidade de tocar e surpreender."

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