sexta-feira, 21 de setembro de 2012

'DREDD": SEM ALIVIAR A BARRA, LONGA É ADULTO, CHEIO DE ESTILO E NÃO TRATA ESPECTADOR COMO IDIOTA


Para quem não conhece os quadrinhos, Dredd é um policial futurista e extremamente brutal que protege as ruas de Mega City One, uma metrópole superpovoada e fascista, que ocupa uma área gigantesca entre Nova York e Boston e é cercada por um deserto radioativo chamado A Terra Maldita, repleto de mutantes.

A HQ britânica "2000 AD", onde o herói apareceu, é pesada - nasceu em uma época conturbada do Reino Unido, quando a cultura punk declinava e a população via a decadência do país e a ascensão de Margareth Thatcher ao poder, eleita primeira ministra apenas três anos após a primeira edição chegar às bancas.

Em 1995, Sylvester Stallone interpretou o anti-herói em "Juiz Dredd", mas o longa não conseguiu traduzir a dureza, opressão e violência dos quadrinhos.

Os fãs da HQ - eu incluso - odiaram, tanto que chegou ao ponto de o criador do personagem, John Wagner, se negar a dar seu aval o projeto.

Agora, 17 anos depois, o diretor Pete Travis conseguiu captar a essência do que faz a saga de Dredd tão intensa e poderosa, criando uma obra simples na sua forma, mas sensacional no resultado final.

No longa "Dredd", que estreia hoje aqui no Brasil, o sombrio e incorruptível Juiz Dredd (Karl Urban) é o mais famoso deles, um grupo que detém, ao mesmo tempo, poder de polícia, juiz, júri e executor.

Imagens dessa postagem: Divulgação - Paris Filmes
Karl Urban é o protagonista de "Dredd"

Com uma visão bem clara de seu mundo – ele é a lei - Dredd é designado para treinar uma recruta com poderes psíquicos, a juíza Anderson (Olivia Thirlby).

Durante o dia de avaliação, ela opta por responder a um chamado em uma megaestrutura - eufemismo para uma favela - de 1 km de altura e lar de 75 mil pessoas.

O cerco policial logo vira uma batalha intensa e resulta na prisão de um dos cabeças da gangue de Ma-Ma - Lena Headey, da série "Game of Thrones", excepcional como uma mulher fria e cruel - que, ao ver em perigo a distribuição de uma nova droga chamada Slo-Mo, prende os juízes na megaestrutura e promove uma caçada brutal aos dois.

O filme inteiro se passa dentro desse prédio gigantesco chamado Peach Trees e, ao contrário de outros longas de super-heróis, "Dredd" tem um visual primário mas excepcional, que o aproxima de "Distrito 9".

A capital sul-africana, Johanesburgo, assim como em "Distrito 9", serviu como cenário sensacional para a decadente Mega City One, que ganha vida e, com isso, também o peso de um personagem capaz de definir as ações de seus moradores, o que traz o longa para bem perto da HQ que o originou e que deixa a mais ou menos limpa e organizada megalópole criada por computação gráfica no filme de 1995 absolutamente esquecível.

Mas quem dá show mesmo é o fantástico Karl Urban - ator conhecido por interpretar Éomer em "Senhor dos Anéis" e o médico Leonard McCoy, o "Bones", de "Star Trek" (2009).

Karl Urban, em cena de "Dredd"

Frio, determinado e mostrado pela perspectiva de sua aprendiz, o anti-herói é um personagem sombrio, tenso e com uma obrigação fanática de seguir a lei.

O fato de ele não tirar o capacete em nenhum momento garante ainda mais credibilidade ao intimidador juiz, pois não importa o homem por trás da máscara e sim o uniforme e tudo o que ele representa naquele mundo caótico.

A recruta Anderson, por sua vez, é a contraparte emocional da narrativa, muito mais humana que seu instrutor e que, vinda de uma das zonas mais pobres da cidade, sonha em fazer a diferença e não usa capacete em nenhum momento - a desculpa do roteiro é que isso afetaria seus poderes mentais, mas o real motivo é aproveitar a beleza de Olivia Thirlby e exibir suas expressões, facilitando a identificação do público com os protagonistas.

Olivia Thirlby e Karl Urban, em cena de "Dredd"

O longa tem uma bela mixagem de som, trilha sonora e visual, como eu não via faz tempo, fazendo das cenas de ação as melhores da temporada - apesar de constantes, não cansam pela variedade e criatividade, com destaque para uma traqueia quebrada sem dó em uma das lutas mais brutais do filme.

A droga Slo-Mo ainda garante algumas espetaculares cenas em câmera lenta - como a da Ma-Ma de Lena Headey tomando banho de banheira sob efeito do entorpecente e onde a habilidade do diretor de usar esse recurso sem exagero valoriza a produção e o 3D utilizado.

Lena Headey como a vilã  Ma-Ma, em cena de "Dredd"

Com muitas cenas incômodas e sem aliviar a barra nunca, "Dredd" é um longa de ação adulto e cheio de estilo e violência, que - finalmente - não trata o espectador como um idiota e, certamente, vai agradar tanto aos fãs do personagem quanto um novo público, interessado em algo mais intenso e saboroso do que costumamos ver nos nas salas de exibição.

Confira o trailer do filme:

*****
'DREDD'
Título Original:
Dredd
Diretor:
Pete Travis
Elenco:
Karl Urban, Lena Headey, Olivia Thirlby, Domhnall Gleeson, Santi Scinelli, Jason Cope, Deobia Oparei, Langley Kirkwood, Rakie Ayola
Produção:
Alex Garland, Andrew Macdonald, Allon Reich
Roteiro:
Alex Garland
Fotografia:
Anthony Dod Mantle
Trilha Sonora:
Paul Leonard-Morgan
Duração:
95 min.
Ano:
2012
País:
Reino Unido
Gênero:
Ação
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Paris Filmes
Estúdio:
DNA Films / IM Global / Reliance Big Entertainment / Reliance Big Pictures
Classificação:
18 anos
Cotação do Klau:

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