SINOPSE:
Oitava temporada de 'American Horror Story', 'Apocalypse' se passa na Costa Oeste dos Estados Unidos em um futuro próximo.
Após uma explosão nuclear que destrói o mundo, o Posto 3, um abrigo subterrâneo, é construído para abrigar sobreviventes específicos que possuem forte composição genética.
Wilhemina Venable e Miriam Mead comandam o abrigo, causando tortura àqueles que residem lá.
As pessoas no local são o cabeleireiro Sr. Gallant, sua avó, Evie, a bilionária Coco St. Pierre Vanderbilt e sua assistente, Mallory, assim como novas adições, Timothy Campbell e Emily, que enfrentam a ira das duas mulheres.
No entanto, Michael Langdon, o Anticristo, chega e começa a transformar a ordem em caos, pois pretende levar os merecedores para um "santuário".
CRÍTICA:
Cada temporada de 'American Horror Story' tem suas especificidades.
'Murder House' falava de fantasmas, 'Asylum' de psicopatia, 'Coven' falava de bruxas, 'Freak Show' de aberrações, 'Hotel' reinterpretava os vampiros, 'Roanoke' falava de tortura e 'Cult', de histeria coletiva.
Em cada temporada também víamos assuntos periféricos se distribuírem entre os plots principais.
Sarah Paulson como Wilhemina Venable - Fotos dessa postagem: Divulgação/FX |
A criação de Ryan Murphy e Brad Falchuk tentou cobrir o máximo possível de tópicos relacionados ao horror, mas ficou sempre faltando aquele que parecia anunciado desde que Constance (Jessica Lange) encontrou o corpo assassinado da babá de seu neto.
Os fãs da antologia não poderiam esperar por resposta melhor, já que a esperada trama do anticristo viria acompanhada de um quase utópico crossover entre o primeiro e o terceiro ano.
Quando o ambicioso projeto foi anunciado parecia impossível que Murphy conseguisse trazer de volta todos os elementos das duas temporadas anteriores.
Entretanto, absolutamente tudo que era relevante no universo de 'Coven' e 'Murder House' foi revigorado para compor o mundo de 'Apocalypse'.
A lista de astros e estrelas que voltariam para reviverem seus personagens era extensa e a expectativa em torno da história mais ainda.
Kathy Bates como Miriam Mead |
Sempre restrita a tramas claustrofóbicas, veríamos pela primeira vez a série acontecer numa escala global.
Seria essa, também, a oportunidade de corrigir ou reiterar aspectos dramatúrgicos das duas temporadas revisitadas.
'Murder House' teve uma trajetória bastante coesa.
Porém, 'Coven' aconteceu em meio a muitas controvérsias.
A história do clã das bruxas veio depois de 'Asylum', considerada por muitos a temporada de ouro da série.
Enquanto a trama do sanatório era sombria e macabra, 'Coven' era uma explosão de cultura pop, com a necromancia como um recurso que imortalizava os personagens e uma possibilidade de spin-off que começou a ditar o decorrer da narrativa, prejudicando o produto final.
Acusada de ser teen demais, inconsistente demais, 'Coven' foi a temporada que finalmente dividiu o público de 'American Horror Story' entre aqueles que duvidavam e aqueles que ainda acreditavam nas histórias que Murphy queria contar.
E assim, com pequenos crossovers acontecendo durante essas etapas, eis que finalmente surgiu a oitava temporada trazendo a ideia de um mega crossover , ao envolver dois dos mais elogiados anos da produção
‘Apocalypse’ foi ousado ao juntar ‘Murder House’ e ‘Coven’, com ênfase para a última - e apresentar tantos personagens em somente dez episódios.
Evan Peters como Sr. Gallant |
Com tão pouco tempo, Murphy e Falchuk acertaram em alguns pontos - e erraram em muitos outros.
A Fox Brasil errou ainda mais, ao programar essa oitava temporada para o horário nobre do seu serviço Fox Premium, em vez de disponibilizar a série no FX, onde era exibida às quintas, 16 horas com reprise aos domingos, 11h - horários impraticáveis para os fãs.
Pior: os três primeiros episódios da nova temporada em nada acrescentaram para a trama.
Com personagens descartáveis, que mesmo sendo utilizados mais à frente não apresentaram nada de novo ou interessante (e calma, pois chegarei em Timothy (Kyle Allen) e Emily (Ash Santos).
Timothy (Kyle Allen) e Emily (Ash Santos) |
A chegada do querido e admirado 'Coven' conseguiu agitar as coisas e trazer uma perspectiva do que esperar para a finalização desta etapa.
A verdade é que ‘Apocalypse’ construiu uma temporada boa para se maratonar.
Assistir capítulo por capítulo semanalmente causa certa exaustão no espectador e até mesmo perda de interesse, já que tivemos muitos elementos sendo apresentados de maneira desordenada, causando desconforto e uma falta de criação de identidade como um todo.
É como se assistíssemos o crossover de ‘Coven’ e ‘Murder House’ e ao mesmo tempo um enredo lateral que não deveria nem estar ali em primeiro lugar.
O grande flashback que se construiu até chegar a “batalha final” conta com as melhores cenas desta oitava etapa.
É inegável que as bruxas, especialmente Cordelia (Sarah Paulson), Myrtle Snow (Frances Conroy), Madison Montgomery (Emma Roberts) e Mallory (Billie Lourd) foram fundamentais para deixar o roteiro ao menos interessante e entregar momentos inesquecíveis ao público.
O Coven em cena |
Toda a construção de relacionamento, amizade e irmandade entre as personagens foram fundamentais para entregar a sensação de dever cumprido.
Ao se colocar na lateral os detalhes e personagens acrescentados sem um propósito enriquecedor, ou, como no caso de Jeff Pfister (Evan Peters) e Mutt Nutter (Billy Eichner), sem tantas cenas necessárias, é possível admitir que o roteiro teve uma construção decente ao conectar todos os acontecimentos pré-apocalipse e entregar respostas para as perguntas deixadas em aberto - como é o exemplo do retorno de Myrtle.
Outro detalhe são as personalidades e importância de Mallory e Coco St. Pierre Vanderbilt (Leslie Grossman) para a narrativa, em evidência a atuação de ambas que estavam no ponto certo o tempo todo.
Grossman, inclusive, vai de insuportável e descartável para peça necessária para a conclusão da trama.
Já Michael Langdon (Cody Fern), versão fim do mundo, é uma espécie de vampiro Lestat menos assustador.
Os momentos do garoto nos flashbacks não conseguem alcançar o mesmo interesse que as bruxas provocam, o que causa inquietação do telespectador que assiste, pois era esperado um vilão mais amedrontador e intrigante do que o rapaz.
Fica a dúvida se a culpa é do roteiro ou na atuação de Fern – que não apresentou grandes coisas desde o início da temporada.
Michael Langdon (Cody Fern), o pior anticristo de todos os tempos |
O parágrafo final surpreendeu ao trazer, mesmo que somente por alguns poucos minutos, a realeza do vodu Marie Laveau (Angela Bassett) - uma pena que foi por tão pouco tempo.
Outro detalhe a destacar é a participação de Constance (Jessica Lange) quando Mallory retorna ao passado para destruir a possibilidade daquele futuro cavernoso.
Lange sempre foi a estrela maior de 'AHS' - e revê-la em cena foi um achado para os fãs.
Marie Laveau (Angela Bassett) |
Apesar da morte de Michael não ter sido algo tão estarrecedor quanto se era esperado, a batalha tem coerência com a forma como as bruxas costumam agir: sempre enxergando lá na frente e com cautela.
Por fim, ‘Apocalypse’ deixa abertura para um futuro portador dos últimos dias e com isso justificando a presença dos personagens de Allen e Santos no início da série, quase como se o anticristo já tivesse planejado o encontro.
Fato é que não acrescenta em muito na história e deixa uma reticências sem gosto de quero mais.
A oitava temporada esteve longe de ser perfeita, mesmo superando em muito outras que 'American Horror Story' já apresentou.
Também contou com muitas boas atuações, especialmente por parte do elenco original de 'Coven'.
Se for pra fazer essa encheção de linguiça e correr com tudo no final, é melhor pedirmos: Murphy, já está bom, pode parar.
TRAILER DA OITAVA TEMPORADA:
FICHA TÉCNICA:
'AMERICAN HORROR STORY: APOCALYPSE'
Gênero:
Terror
Episódios:
10
Elenco Principal:
Sarah Paulson como Wilhemina Venable, Cordelia Goode e Billie Dean Howard
Evan Peters como Sr. Gallant, James Patrick March, Tate Langdon e Jeff Pfister
Adina Porter como Dinah Stevens
Billie Lourd como Mallory
Leslie Grossman como Coco St. Pierre Vanderbilt
Cody Fern como Michael Langdon
Emma Roberts como Madison Montgomery
Cheyenne Jackson como John Henry Moore
Kathy Bates como Miriam Mead e Delphine LaLaurie
Criação e Roteiro:
Ryan Murphy, Brad Falchuk
Emissora:
FX
Ano de Produção:
2018
COTAÇÃO DO KLAU:
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