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Em operação no Brasil há apenas cinco anos, a Netflix tem números que já superam a segunda maior operadora de TV por assinatura e a terceira rede de TV aberta do país
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Dados inéditos, obtidos com exclusividade pelo site 'Notícias da TV', revelam que a plataforma de vídeo por streaming tem cerca de 6 milhões de assinantes pagantes no país.
Em seu melhor ano, dobrou de tamanho e seu faturamento anual está estimado em R$ 1,290 bilhão - ou quase 30% a mais do que o SBT.
A Netflix não divulga dados de assinantes e receitas por país, exceto os dos Estados Unidos.
Os números foram calculados a partir de loggins na internet, tráfego de dados e pesquisas de mercado.
A empresa que os produziu pediu para não ser identificada e admite uma margem de erro de até 10%.
A atriz Millie Bobby Brown, de Stranger Things, fenômeno de audiência da Netflix em 2016
De acordo com o estudo, a Netflix tinha 3,213 milhões de assinantes em outubro do ano passado.
Saltou para 6,082 milhões em setembro de 2016 e se fosse uma operadora de TV por assinatura, só perderia para a Net, que tinha 7,293 milhões de clientes em outubro - a Sky fechou o mês com 5,310 milhões assinantes.
Com um tíquete médio de R$ 22,90, a Netflix arrecadou quase R$ 1,3 bilhão.
Diferentemente das programadoras e operadoras de TV paga, o serviço de vídeo tem baixo custo tributário, o que gera uma "assimetria competitiva".
Bryce Dallas Howard em Black Mirror, série cult que teve temporada produzida pela Netflix - Netflix
Como o pagamento da assinatura é feito em cartão de crédito, sem a emissão de fatura ou nota fiscal, a Netflix não recolheria PIS, Cofins, ISS, ICMS e Condecine (taxa sobre o registro de títulos), de acordo com fontes do mercado de TV paga.
Isso lhe daria uma economia de R$ 378 milhões em um ano e reduziria o custo operacional em 50%.
Sob sigilo, executivos da Netflix admitem que a empresa só não paga ICMS e Condecine (que varia de R$ 1.822 por episódio de série estrangeira a R$ 7.291 por filme).
Mesmo assim, a vantagem é grande.
Sem o imposto sobre circulação de mercadorias e a contribuição para o desenvolvimento do cinema, a Netflix economizaria por volta de R$ 200 milhões no último ano.
O setor de TV por assinatura reclama isonomia para competir com a Netflix e outros serviços de OTT (over-the-top).
ão defende que a Netflix tenha a mesma carga tributária e as mesmas obrigações burocráticas que programadoras e operadoras.
Quer a desregulamentação e a desoneração da TV por assinatura, já que é difícil enquadrar um serviço, como a Netflix, que é operado globalmente, servido na "nuvem" da internet, um território relativamente livre.
A Ancine (Agência Nacional do Cinema), contudo, prevê lançar no início de 2017 uma consulta pública com as diretrizes para uma eventual regulamentação do serviço de video on demand, o que afetará a Netflix.
Essa regulamentação terá de passar pelo Congresso Nacional - ou seja, pode levar anos.
João Miguel é protagonista de 3%, primeira série de ficção original da Netflix no Brasil - Netflix
Com cerca de 6 milhões de assinantes, o Brasil está entre os três maiores mercados da Netflix (sem contar os Estados Unidos), praticamente do mesmo tamanho do Reino Unido e do Canadá.
Isso explica o investimento que a empresa vem fazendo no país: além da recém-lançada '3%', prepara para 2017 uma série sobre a Operação Lava Jato, um filme ('O Matador'), um reality show com Anderson Silva e uma série de stand up.
O levantamento obtido pelo Notícias da TV mostra que a Netflix está crescendo mais no Brasil do que na média mundial.
O último balanço oficial da empresa estima que fechará o ano com 40,150 milhões de assinantes fora dos Estados Unidos, um crescimento de 46% sobre o quarto trimestre de 2015.
A ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) refuta o raciocínio de que o crescimento da Netflix é decorrência da queda da TV paga.
De fato, o setor passa por um período de estagnação, mas a perda de assinante se verifica apenas no serviço de DTH (TV paga via satélite).
No cabo, que é onde a Netflix cresce, a TV por assinatura também se expande.
"Nós entendemos que as ofertas on demand são complementares ao serviço de TV por assinatura e que não há evidência de perda de base [de assinantes] para OTTs. Nossa expectativa é a de que haja isonomia entre os competidores, preferencialmente desobrigando a todas", afirma Oscar Simões, presidente-executivo da ABTA.
Procurada, a Netflix disse apenas que "é uma empresa baseada no Brasil e paga todos os impostos devidos".
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