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Filme protagonizado por Regina Casé vem fazendo sucesso absurdo mundo afora, mas passa desapercebido aqui no Brasil
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O Ministério da Cultura anunciou na manhã desta quinta (10), o nome do filme escolhido pelo Brasil para representar o país na categoria Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2016.
E o representante brasileiro veio sem surpresas: 'Que Horas Ela Volta?'.
Premiado nos festivais de Sundance e Berlim, o longa de Anna Muylaert já era a aposta do mercado cinematográfico - tanto que alguns consideram que o filme, se bem vendido, pode render indicação a Melhor Atriz no Oscar para Regina Casé - a exemplo do que aconteceu com Fernanda Montenegro em 'Central do Brasil'.
Os outros filmes que tentavam uma indicação ao Oscar eram:
'A História da Eternidade', 'Alguém Qualquer', 'Campo de Jogo', 'Casa Grande', 'Entrando Numa Roubada', 'Estrada 47' e 'Estranhos'.
Arte do site Adoro Cinema mostra Regina Casé em cena do longa, ao lado da estatueta dourada
Gostei tanto desse longa, que a crítica que fiz aqui no Blog no último dia 27 de agosto tinha o título:
'QUE HORAS ELA VOLTA?': REGINA CASÉ, IRRESISTÍVEL E SENSACIONAL NUM DOS FILMES MAIS BELOS E POÉTICOS DO ANO
E ainda dei cotação 'Ótimo'!
Para quem não leu a crítica, ela pode ser acessada aqui.
E vale a pena relembrarmos o trailer do longa:
Enfim: o filme vem sendo bem falado e bem criticado mundo afora, mas aqui tem passado desapercebido - e eu juro que não entendo.
Como bem lembrou hoje o jornalista Renato Marafon no site Cine Pop, o cinema do Brasil existe como exibição e entretenimento desde julho de 1896, e como realização e expressão desde 1897.
A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em 8 de julho de 1896, no Rio de Janeiro, por iniciativa do exibidor itinerante belga Henri Paillie.
Embora nunca tenha chegado a se estruturar plenamente como indústria, o cinema brasileiro, em seus mais de 119 anos de História, teve momentos de grande repercussão internacional, como na época do Cinema Novo (1963 a 1970).
E eu lembro: já ganhamos prêmios importantes - como Palma de Ouro em Cannes ('O Pagador de Promessas') Melhor atriz em Berlim (Fernanda Torres em 'Eu te Amo'), demos um Oscar de Melhor Ator a William Hurt (por 'O Beijo da Mulher Aranha', de Hector Babenco, totalmente filmado aqui em SP) - e uma infinidade de indicações.
Regina Casé ganhou o prêmio de 'Melhor Atriz' em Sundance - e o festival nem tinha essa categoria, ela só foi criada para laurear seu soberbo desempenho.
Regina Casé como Val, em cena de 'Que Horas Ela Volta?' - Divulgação/Gullane Filmes |
Assim como Marafon, eu também não consigo entender como o país de maior referência de produção e consumo de novelas no mundo tenha tamanha resistência para com sua própria indústria cinematográfica.
Para aqueles que já pensaram em criticar, espere: estou levantando aqui linguagem dentro de narrativa audiovisual, roteiro, criação de personagens e desenvolvimentos de histórias que nos fazem acompanhar algo – seja por uma hora e meia, seja por oito meses.
Ligada à TV Globo, a Globo Filmes vem fazendo sua parte - pena que para cada 10 longas produzidos, 9 sejam aquelas comédias sem noção, que se lotam as salas de cinema, daqui a um ano ninguém mais lembra da história, quanto mais do elenco, diretor e etc.
Aclamado no exterior, ‘Que Horas Ela Volta?‘ concorrerá a uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2016.
Sem ganhar muita repercussão por aqui, o filme está fazendo um sucesso absurdo no mercado internacional e já foi vendido para mais de 20 países, tendo um lançamento comercial na Europa antes mesmo do Brasil.
Na Itália já foi lançado em 70 cidades no início de junho, alcançando a 8ª posição do ranking dos filmes mais vistos.
Já na França foi lançado no final de junho com mais de 100 cópias em 90 cidades.
Será que essa repercussão toda - e todas as críticas favoráveis nas maiores mídias europeias e americanas - não servirão para que a ficha dos brasileiros finalmente caia e finalmente mostre o valor do bom cinema brasileiro para nós, os próprios brasileiros?
Juro que não entendo.
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