SINOPSE:
Adaptação de livro homônimo de Thomas Pynchon, o novo longa dirigido e roteirizado por Paul Thomas Anderson conta a história de um detetive particular, Larry "Doc" Sportello (Joaquin Phoenix), que investiga o sequestro de um bilionário latifundiário.
Mergulhado na loucura alucinógena da Los Angeles dos anos 1970, "Doc" Sportello precisa juntar histórias e evidências para chegar à verdade.
CRÍTICA:
Pode-se falar de um tudo sobre a obra de Paul Thomas Anderson, menos que ela mantenha o espectador confortável na poltrona do cinema.
Letal como um afiado punhal, 'Vício Inerente' - em exibição em 13 salas em todo o Brasil - não é um filme fácil, mas é absolutamente hipnotizante.
É uma viagem cinematográfica despreocupada em contar uma história coesa e sim em criar um mosaico, ou melhor, um caleidoscópio, da história noir movida a drogas escrita pelo festejado autor Thomas Pynchon, que tem aqui sua primeira adaptação cinematográfica, feita espetacularmente pelo próprio Anderson.
A cada revelação, a realidade se torna mais confusa, tudo sempre com tom peculiar de comédia e visual psicodélico, muitas vezes, borrado, para aumentar a sensação alucinógena.
Joaquin Phoenix como o detetive Larry "Doc" Sportello, em cena do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Warner Bros. |
Na trama ambientada em 1970, Shasta Fay Hepworth (Katherine Waterston) aparece na porta do detetive doidão Larry "Doc" Sportello (Joaquin Phoenix) e conta que seu novo namorado, um bilionário chamado Mickey Wolfmann (Eric Roberts), está desaparecido.
Relutante, ele aceita o caso, passa a rodar a cidade à procura de pistas, indícios o levam a mais perguntas e as investigações levam a novos casos de desaparecimentos.
Ao longo do caminho, as coisas começam a se complicar e as teorias de conspiração se multiplicam.
Katherine Waterston como Shasta Fay Hepworth, em cena do longa |
Típico longa que precisa ser visto mais de uma vez, o tom, visual, trilha e estilo do filme procuram reforçar o estado mental de alguém constantemente alto.
Anderson consegue capturar essa sensação de euforia e a insere em uma estrutura de três atos, na qual a atmosfera é mais importante do que qualquer coisa.
Os detalhes não são essenciais e, quando Doc descobre alguma nova informação, é a atuação absolutamente estupenda de Phoenix que nos diz mais sobre sua importância do que qualquer exposição óbvia.
E olha que ele foi a segunda opção para o papel: Anderson queria Robert Downey Jr., mas o Homem de Ferro não conseguiu sair de dentro da armadura vermelha e dourada a tempo das filmagens.
E assim, mais voltado para a comédia, Phoenix mais uma vez comprova ser um dos melhores atores da atualidade ao enfrentar um personagem muito diferente de seus papeis recentes, em 'Ela' e 'O Mestre' - onde ele também está muito bem.
Joaquin Phoenix, Martin Short e Katherine Waterston, em cena do longa |
Doc fuma e fuma um pouco mais e se os olhos escancarados, as costeletas e o chapéu de praia fazem dele um personagem caricato, o roteiro brilhante e atuação garantem profundidade, onde o ator é capaz de alternar momentos sombrios, heroicos e engraçados com muita facilidade, conduzindo suavemente o espectador por meio da trama aparentemente desconexa.
O elenco de apoio funciona bem como maneira de empurrar Doc adiante.
Josh Brolin é o retrato do detetive noir e símbolo da figura de autoridade: no papel de Bigfoot, ele é o tipo de cara que entra no apartamento de Doc chutando a porta para exigir respostas, exagero proposital, pois, afinal, ele é parte da sociedade que espera confrontar qualquer jovem com ideologias diferentes para a época.
Owen Wilson é Coy Harlinger, um agente disfarçado arrependido, que aparece nos lugares mais estranhos (incluindo um hospício que parece ter saído direto de 'Corra Que A Polícia Vem Aí').
Eric Roberts, em cena do longa |
Benicio Del Toro está em algumas cenas-chave como Sauncho Smilax, advogado de Doc, sempre com alguma informação útil.
Martin Short, como o Dr. Rudy Blatnoyd, está no trecho mais louco do filme, regado a sexo, cocaína e paranoia, momento interessante, capaz de aprofundar o clima da produção.
Katherine Waterston impressiona como a 'femme fatale' Shasta Fay e consegue seduzir apenas com palavras.
E como cereja do bolo, o longa conta com a narração de Joanna Newsom que, sem revelar demais, aprofunda a sensação de viagem do protagonista.
Temos aqui um filme complexo, esquisito, mas bastante divertido, denso, com muita coisa acontecendo, apesar de termos apenas relances da maioria das subtramas.
Owen Wilson, em cena do longa |
Provocante e visualmente interessante, esse é um longa que precisa ser visto com calma, pois tudo foi claramente pensado de forma detalhada e possui muitas nuances para o espectador absorver de uma só vez.
Com o tempo, as ligações ficam mais claras, a trama ganha sentido e as revelações se encaixam.
Perceber tudo isso da primeira vez não é fácil, mas tentar é algo bastante recompensador.
Filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'VÍCIO INERENTE'
Título Original:
INHERENT VICE
Gênero:
Policial
Direção:
Paul Thomas Anderson
Roteiro:
Paul Thomas Anderson, baseado no livro homônimo de Thomas Pynchon
Elenco:
Alina Gatti, Anders Holm, Andrew Simpson, Benicio Del Toro, Catherine Haena Kim, Christian Williams, Christopher Allen Nelson, Elaine Tan, Emmet Unverzagt, Eric Roberts, Erica Sullivan, Eva Fisher, Hong Chau, Jack Kelly, Jackie Michele Johnson, Jeannie Berlin, Jefferson Mays, Jena Malone, Jillian Bell, Joanna Newsom, Joaquin Phoenix, Joe Dioletto, Joey Belladonna, Jordan Christian Hearn, Josh Brolin, Katherine Waterston, Martin Dew, Martin Short, Maya Rudolph, Michael Kenneth Williams, Owen Wilson, Reese Witherspoon, Sam Jaeger, Sasha Pieterse, Serena Scott Thomas, Shannon Collis, Taylor Bonin, The Growlers, Timothy Simons, Vivienne Khaledi, Wilson Bethel, Yvette Yates
Produção:
Daniel Lupi, JoAnne Sellar, Paul Thomas Anderson
Fotografia:
Robert Elswit
Montador:
Leslie Jones
Trilha Sonora:
Jonny Greenwood
Duração:
148 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Estreia no Brasil:
26/03/2015
Distribuidora:
Warner Bros.
Estúdio:
Ghoulardi Film Company, Warner Bros.
Classificação:
18 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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