Há exatas cinco décadas, o musical 'The Sound of Music' (no Brasil, "A Noviça Rebelde") teve sua estreia em Nova York e tirou "...E o Vento Levou" do topo da lista das maiores bilheterias de todos os tempos, onde estava por quase trinta anos.
Adaptação do musical da Broadway de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II - que por sua vez dramatizou a história real da família Von Trapp - o filme - dirigido por Robert Wise e estrelado por Dame Julie Andrews e Christopher Plummer (o diretor chegou a cogitar o nome de Yul Brynner para interpretar o capitão Von Trapp) - foi inicialmente ignorado pela crítica, que depois o reconheceu como um dos grandes musicais da história.
Dame Julie Andrews em cena de 'A Noviça Rebelde' - Divulgação/Fox Film
O filme seria inicialmente dirigido por William Wyler ('Ben-Hur'), que terminou sendo descartado por ter uma visão diferente da dos produtores para o filme.
Nestes cinquenta anos e muito bem recebido pelo público, a influência de "A Noviça Rebelde" na cultura pop foi irresistível.
Confira a abertura do musical:
Não que os cinemas tenham sido invadidos por produções com freiras cantoras – "The Singing Nun", lançado no ano seguinte com Debbie Reynolds, foi um fracasso retumbante - mas as as canções de 'A Noviça Rebelde', traduzidas para o cinema, se tornaram o principal fator de sucesso do longa.
A maior prova aconteceu no palco da última cerimônia do Oscar, quando Lady Gaga, despida de sua figura extravagante e destacando apenas sua belíssima voz, liderou a homenagem da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pelo meio céculo de lançamento do filme , interpretando trechos de clássicos imortalizados na voz de Dame Andrews - como "The Sound of Music" e "Edelweiss"- arrancando aplausos emocionados da plateia de astros e estrelas.
Ao final, ainda ganhou ganhou um abraço e um sincero elogio da própria Dame Julie Andrews.
Confira a performance de Lady Gaga no Oscar:
Por falarmos em Julie Andrews: poucas vezes personagem e atriz combinaram tão bem e embora ela fosse a primeira escolha de Robert Wise, a 20th Century Fox não estava tão certa, mirando em atrizes mais conhecidas, como Grace Kelly e Shirley Jones.
"Mary Poppins" ainda não havia sido lançado quando a produção de "Noviça" começou, e Wise, ao lado do roteirista Ernest Lehman, assistiram a trechos do filme na Disney.
Bastaram alguns minutos para o diretor saber não só que havia encontrado sua estrela, como ela seria uma das maiores do mundo assim que "Poppins" chegasse aos cinemas.
E Dame Julie Andrews foi grande, teve uma carreira brilhante, que se perpetua até hoje.
Confira a música 'Edelweiss':
Embora tenha estourado no cinema, "A Noviça Rebelde" teve sua aura pop amplificada nos palcos: a produção original de 1959 na Broadway é montada até hoje, com um primeiro revival em Londres em 1981, seguido por um na Broadway em 1998 e um segundo na capital inglesa em 2006 – que terminou contratando uma desconhecida como protagonista, depois que negociações com Scarlett Johansson não tiveram sucesso.
Além disso, "A Noviça Rebelde" já teve diferentes montagens por todo o mundo - inclusive no Brasil, com Kiara Sasso e Herson Capri, em 2008 no Rio de Janeiro e em São Paulo.
"A Noviça Rebelde" não era um musical em sua concepção: a família Von Trapp verdadeira fugiu da Europa para os Estados Unidos no auge da Segunda Guerra Mundial, e Maria, a matriarca que deixou o convento para se casar com um nobre, publicou sua história em 1949.
"A Família Trapp" foi o primeiro filme baseado em sua história, uma produção alemã de 1956 que teve uma continuação dois anos depois.
A versão de Robert Wise com Julie Andrews é inspirada na vida de Maria, mas toma diversas liberdades, alterando a cronologia dos fatos e criando uma história de amor poderosa que, segundo a própria Maria Von Trapp, era mais conveniência que um sentimento real.
Nessa cena, Maria dança com o Capitão:
A trama, porém, é a mesma: Maria é uma noviça que passa a ser governanta da mansão de um nobre, o barão Georg Von Trapp.
A educação dos sete filhos do barão, que então era viúvo, se torna leve quando Maria descobre a vocação natural de todos para a música – transformados em um grupo vocal, eles usam o poder da música para fugir dos nazistas.
A verdadeira Maria Von Trapp - Divulgação
Quando começou a produção de seu "A Noviça Rebelde", Wise conversou com Maria e deixou claro que não se tratava de um documentário, e sim uma dramatização de sua história de vida.
Foi uma cortesia, já que ela havia vendido os direitos de seu livro em 1950 e não tinha poder de veto.
Ainda assim, ela surge em uma das cenas do longa em Salzburgo, ao lado de uma de suas filhas.
Maria morreu em 13 de fevereiro de 2014 nos EUA - país que sua família adotou após a fuga da Europa.
Tinha 99 anos.
Confira a música 'Do-re-mi':
É a prova que a vida real, por mais fascinante, precisa do tempero da fantasia para criar uma obra eterna.
Confira as curiosidades da produção:
1.
O primeiro número musical do filme, 'The Sound of Music', foi exatamente o último a ser rodado pelo elenco enquanto estava na Europa.
As filmagens desta cena ocorreram em junho e julho de 1964.
2.
A frente e os fundos da fazenda do capitão Von Trapp foram filmadas em dois locais diferentes em Salzburgo, na Áustria.
3.
Muita gente ainda hoje acredita que a canção 'Edelweiss', uma das que são cantadas no filme, é uma tradicional canção austríaca tal como a flor que lhe deu o nome, a edelvais; na verdade ela foi escrita para o musical e é pouco conhecida na Áustria.
4.
Christopher Plummer não cantou - foi dublado pelo cantor Bill Lee em todas as cenas em que o capitão aparece cantando.
5.
O musical ocupa a quarta colocação na Lista dos 25 maiores musicais americanos de todos os tempos, feita pelo American Film Institute (AFI) e divulgada em 2006.
6.
Do elenco de crianças filhas do Capitão, a única que teve algum destaque após ter participado do musical foi Angela Cartwight: a intérprete de Brigitta fez um sucesso absurdo logo depois, interpretando Penny, a filha do meio da família Robinson, na cult série 'Perdidos no Espaço' (1965-1968).
7.
Há 50 anos, o musical bombou nas premiações da temporada:
Oscar 1966:
Vencedor nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor montagem, melhor som e melhor trilha sonora.
Indicado também nas categorias de melhor atriz (Julie Andrews), melhor atriz coadjuvante (Peggy Wood), melhor fotografia, melhor direção de arte e melhor figurino.
Globo de Ouro 1966:
Vencedor nas categorias de melhor filme - comédia/musical e melhor atriz em comédia/musical (Julie Andrews).
Indicado nas categorias de melhor diretor e melhor atriz coadjuvante (Peggy Wood).
Prêmio Eddie 1966:
Vencedor na categoria de melhor montagem.
BAFTA 1966:
Indicado na categoria de melhor atriz britânica (Julie Andrews).
Pôster original do musical - Divulgação/Fox Film
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