sábado, 5 de maio de 2018

'PERDIDOS NO ESPAÇO': FICÇÃO CIENTÍFICA E BOA HISTÓRIA - COMO A SÉRIE ORIGINAL DEVERIA TER SIDO E NÃO FOI


SINOPSE:

A Família Robinson são exploradores espaciais que seguiam para uma nova colônia em Alfa Centauro, quando sua nave, Júpiter II, juntamente com várias outras naves semelhantes, cai em um planeta desconhecido, habitável, mas instável sismologicamente.

A missão de todos, agora, é tentar sobreviver e arranjar um jeito de contatar os demais sobreviventes na nave capitânia, a Resolute, em meio às artimanhas de uma falsa Dra. Smith e da presença de um Robô humanoide alienígena, na verdade uma formidável máquina de combate - e morte.

CRÍTICA:

Quando o remake 'Perdidos no Espaço' foi anunciado pela, Netflix, muita gente, inclusive os fãs da série original de 1965, nem ficaram sabendo.

É que a plataforma de streaming lança tanta coisa que, em alguns casos, podemos perder algo, como é o caso deste seriado, que tenta atualizar a história para os dias atuais, enquanto, ao mesmo tempo, se mantém o máximo possível fiel ao original, em termos de ficção científica.

A série original é uma saga que mostra a aventura da Família Robinson, um grupo de exploradores que vaga pelo cosmo para colonizar outros planetas, mas que acaba se perdendo por conta de um tipo de buraco negro, que os leva para um local muito, muito distante.

A série original durou três temporadas, mas foi o suficiente para criar um ar de “cult” ao seu redor, bem como gerar uma legião de fãs nostálgicos.

Não por um acaso ela foi “vítima” de tentativas de remake, em mais de uma ocasião.

A primeira tentativa foi em 1998, com um filme para o cinema, que não é exatamente ruim, mas ficou só naquilo.

A segunda veio em 2004, com um piloto encomendado pela Warner, mas que não foi adiante por questões criativas e financeiras.

Agora nos vemos frente a um “novo tempo” para a família Robinson, sob o comando da Netflix.

Ao contrário da colorida e divertida série original, situada num futurístico 1997, esta ganha ares modernos e uma visão contemporânea, mais séria, do futuro de 2048.

'Perdidos no Espaço', a versão de 2018, conta a mesma história do original, mas com pequenas e bem vindas adaptações: a família Robinson - John, Maureen, Judy, Penny e Will - continua a mesma família unida de sempre, com pequenas mudanças visuais.


A família Robinson reunida - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Netflix
Colocando o Dr. Robinson (Toby Stephens) como um herói com um quê de Arnold Schwarzenegger e Liam Neeson nas sequências de ação, desta vez, a série dá mais espaço à sua mulher, Dra. Maureen Robinson (Molly Parker), que continua sendo uma brilhante cientista, mas agora tem o papel de líder da família, enquanto o pai das crianças tenta se reaproximar após um período ausente.

O feminismo e a diversidade ainda estão presentes nas filhas Judy (Taylor Russell), adotiva, negra, destemida e a médica do grupo e Penny (Mina Sundwall), uma futura autora com decisões irritantes e tiradas que servem de alívio cômico.


Judy (Taylor Russell) e Penny (Mina Sundwall), em cena da série
Talvez o mais carismático de todos seja o jovem Will Robinson, interpretado pelo ator revelação Maxwell Jenkins.

Sua relação com o pai e com o robô alienígena - que como o original, também grita "Perigo, Will Robinson!", são o foco de grande parte da temporada, bem como a ingenuidade do garoto e a incrível capacidade que ele tem de conseguir soluções rápidas no último minuto e salvar o dia.

Também está de volta o piloto Don West (Ignacio Serricchio), aqui um "faz tudo" e contrabandista, que chega ao convívio com o pessoal da  Júpiter II mais para frente da história.

Ele ainda serve como alívio cômico e, caso a trama dos anos 60 seja seguida, um possível interesse amoroso de Judy.


Don West (Ignacio Serricchio),em cena da série
Além dele, a produção insere novos personagens, sobreviventes de uma missão maior da qual os Robinson fazem parte, o que dá espaço para novos conflitos e relevos à trama.

As grandes sacadas, porém, ficam por conta da Dra. Smith e do Robô.

O grande antagonista da saga agora é a Dra. Smith, aumentando para quatro o número de mulheres centrais na saga.

Smith sempre foi central nas histórias da família Robinson e aqui, ela entra na vida dos personagens quase que ao acaso, mas de maneira bem interessante.

Ao contrário do antagonista trapalhão dos anos 60, ela não só é uma trapaceira, como também uma quase sociopata.

Suas ações beiram o clichê, tanto que, quando ela é obrigada a mostrar alguma simpatia, parece algo falso.

Ainda assim, a escolha do roteiro de fazê-la mais vil dá à produção um interessante ar de tensão e suspense.


Resultado de imagem para parker posey lost in space
Parker Posey é a Dra. Smith
O trabalho espetacular da 'rainha dos filmes independentes dos EUA', Parker Posey, no papel da vilã, se não é tão cheio de chiliques e caras e bocas como era com Jonathan Harris na série original, não dá para comparar, já que a intenção aqui é outra.

Já o Robô aqui não é um artefato terrestre, que é lançado junto com a Júpiter II e os Robinsons: é um humanoide alienígena, que pode se transformar numa extraordinária máquina de combate e morte - mas que absorve a personalidade terna e inteligente do garoto Will e se transforma num ser útil e da paz.


Imagem relacionada
O Robô dessa vez tem forma humanoide e é uma máquina de combate poderosa
Se a primeira temporada da série original teve uma primeira temporada em preto & branco, sombria e totalmente 'sci-fi', as outras duas foram transformadas num show de cores e de palhaçadas, principalmente protagonizadas pelo Dr. Smith, Will e o Robô - tudo porquê concorria nos mesmos dias e horários com a coloridíssima e camp série 'Batman', aquela protagonizada por Adam West e Burt Ward.

Livre na Netflix, o remake é um “sci-fi” moderno, com ambientação atual e ligações com o mundo real, mais do que a série original.

A história tem um “quê” futurista por, de fato, passar cerca de 50 anos adiante de nosso tempo, mas não há uma estranheza, já que tudo ainda faz sentido de acordo com o tempo atual e meio que o presente deles ainda poderia ser o nosso.

Os cenários e os objetos de cena remetem à série clássica (casos do microfone do rádio com fio enrolado, o cenário em curvatura e as portas da nave reforçadas com um 'x'), mas o que mais chama a atenção nessa versão é que a família Robinson não é mais a “Família Margarina” que estávamos acostumados, já que todos têm problemas, nuances, dificuldades e defeitos, com perfis muito mais bem trabalhados e com possibilidade de evoluções e crescimentos que nunca vimos antes na saga.

A única exceção, talvez, seja Will Robinson, que ainda mantém certa “pureza”, ainda que passe longe de ser uma criança 100% inocente: assim como na série original, é muito inteligente e nem um pouco ingênuo, costuma saber o que faz, por mais que as provações nem sempre sejam justas com o menino.


Resultado de imagem para lost in space 2018 will
Max Jenkins (II) é Will
Momentos ruins e tristes ocorrem, problemas internos rolam, mas eles nunca deixam de ser uma família e, ao mesmo tempo, um grupo de exploração altamente preparado para colonizar o desconhecido.

Como toda versão moderna de obras clássicas, aqui tudo é muito mais carregado de drama: a Júpiter II (aqui visual externo muito semelhante à Millenium Falcon de 'Star Wars') tem dúzias de 'irmãs', todas elas tripuladas com outros colonizadores, que interagem entre si na maior parte dos capítulos.



Imagem relacionada
A Júpiter II tem agora visual do Milleniun Falcon 
A narrativa em “Flashback”, seguindo de perto a fórmula estabelecida por 'Lost' e que faz sucesso, não chega a irritar como em 'Arrow' ou 'Punho de Ferro', são sempre bem colocados e servem para agregar detalhes importantes ao enredo - casos da vida terráquea dos Robinsons e à conturbada relação da falsa 'Dra. Smith' com sua irmã.

Falsa, porquê na primeira cena de ação que vemos - o robô atacando a estação espacial Resolute, onde estão atracadas as inúmeras Júpiters - ela rouba o crachá e a identidade do verdadeiro Dr. Smith - aqui vivido por Billy Mummy, o Will Robinson da série original, em ponta muito legal.

Veja a cena de Parker Posey com Billy Mummy:



Se o Robô (voz de Brian Steele) continua atendendo pelo nome de… Robô, nesta versão há uma grande mudança pela qual a figura da máquina passa - bem sacada e sensacional.

A nova série, apesar de muitas e muitas cenas arrastadas, surpreende ao apresentar um material bem focado no que se propõe, com uma dose bem calculada de ficção científica e com atualizações que, até agora, deram certo.

Confira entrevista com o elenco:



Pecando um pouco no ritmo, pulando algumas importantes cenas de ação, a nova série demora a empolgar, mas dá conta do recado e entrega um resultado melhor do que sua versão cinematográfica de 1998.

Sem contar que deixa espaço para uma segunda temporada ainda mais interessante.

Se você era fã do original, vai apreciar e se não conhece a obra e tem receio de ficar perdido, não se preocupe.

Vai perder apenas uma referência ou outra, mas é tudo explicado do zero, voltado para todo tipo de audiência.

Uma série sobre personagens, com uma pitada de ficção científica e aventura na dose certa.

COMPARE OS ELENCOS DA SÉRIE ORIGINAL E DO REMAKE:
John (Guy Williams/Toby Stephens) - O pai da família Robinson era um astrofísico na primeira versão, mas se tornou em um militar no reboot. A pinta de galã, porém, continua a mesma.
Maureen (June Lockhart/Molly Parker): mulher de John e mãe das crianças, ela era uma bioquímica na série original  e se nos anos 1960 ela passava boa parte do tempo cozinhando e cuidando do jardim., na nova versão, ela é uma engenheira determinada - e a responsável pela decisão de levar a família ao espaço.
Dr. Smith (Jonathan Harris/Parker Posey): na mudança mais radical entre as duas versões, o personagem traiçoeiro se transformou em uma mulher, também bem pouco confiável e ainda mais dúbia.
Judy (Marta Kristen/Taylor Russell): Filha mais velha dos Robinsons, na nova série ela é filha do primeiro casamento de Maureen, mas nunca conheceu o pai biológico e foi adotada por John. Atlética e confiante, é a médica do grupo.
Penny (Angela Cartwright/Mina Sundwall): Filha do meio da família, ela surge na série original como uma inocente garota de 11 anos que ama animais e música. Na nova versão, ela é mais velha e tem um senso de humor afiado.
Will (Billy Mumy/Maxwell Jenkins): o caçula da família  era uma criança prodígio que entendia muito de computadores e eletrônica na série dos anos 1960; ele continua esperto, mas agora mostra um lado mais vulnerável: doce, ele morre de medo de decepcionar a família. O que não muda é que ele continua sendo o mais próximo do robô.

Don West (Mark Goddard/Ignacio Serricchio): Piloto militar na primeira versão da série, no reboot ele trabalha com viagens inter-espaciais e ainda contrabandeia produtos de luxo.
O Robô: Melhor amigo de Will na série, a criatura  cibernética se beneficiou bastante da evolução nos efeitos especiais.: agora, é um humanoide cheio de truques.Você ainda vai ouvi-lo várias vezes dizendo  a icônica frase: "Perigo, Will Robinson!"
TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'PERDIDOS NO ESPAÇO'
Título original:
Lost in Space
Gênero:
Aventura, Drama, Ficção científica
Criado por:
Matt Sazama, Burk Sharpless
Elenco Principal:
Molly Parker, Toby Stephens, Max Jenkins (II), Taylor Russell McKenzie, Ignacio Serricchio, Parker Posey, Brian Steele, Mina Sundwall
Produtor Executivo/Criador:
Matt Sazama
Criador da Série Original:
Irwin Allen
Produção:
Synthesis Entertainment, Applebox
Exibição:
Netflix
País:
EUA
Número de Episódios:
10
Duração dos Episódios:
60 min.
Status:
Em andamento
Estreia:
13 de abril

COTAÇÃO DO KLAU:

Nenhum comentário:

Postar um comentário