quinta-feira, 31 de maio de 2018

'EU SÓ POSSO IMAGINAR': DRAMA RELIGIOSO MOSTRA QUE A DOR PODE SER O COMEÇO DO ENCONTRO DO SEU LUGAR NO MUNDO


SINOPSE:

Bart Millard (J. Michael Finley) é o vocalista da banda cristã MercyMe e tem um relacionamento conturbado com seu pai, que sempre o tratou de maneira dura e nunca entendeu seu amor pela música. 

Conseguindo forças através de Deus, Bart resolve então eternizar sua relação em uma canção, "I Can Only Imagine".

CRÍTICA:

Definir um público alvo talvez seja um dos principais passos para vender um projeto, mas o cinema está ai para provar que um filme pode se vender de inúmeras formas.

É esse o caso do longa religioso ‘Eu Só Posso Imaginar’, que estreia hoje aqui no Brasil apresentando um pesado drama que mostra como a canção gospel mais vendida dos Estados Unidos conseguiu chegar nessa marca, mergulhando na vida de altos e baixos do cantor Bart Millard (J. Michael Finley), para mostrar como sua banda MercyMe chegou onde chegou.

J. Michael Finley interpreta o cantor Bart Millard - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Lionsgate

O cantor, que teve uma infância difícil e sofreu com um pai abusivo (Dennis Quaid, sensacional e um dos maiores acertos do longa) se juntam ao elenco principal, que se doa à obra e alcança a emoção proposta de forma bem honesta.

Dennis Quaid, em cena do longa

Quaid e Finley conseguem ter uma química emocionante em cena e convencem como um pai rígido e violento e um filho gentil, que sonha muito além de sua bolha.

Todo o primeiro ato acerta ao apresentar a infância complicada de Millard, apelando para nossa empatia com uma trilha sonora bem pontuada e uma direção bem realizada pela dupla Andrew e Jon Erwin, que sabem bem a hora de cortar e a hora de enquadrar mais aproximadamente para realçar o sentimento da cena.

Nesse começo, toda a premissa religiosa fica de lado para se aprofundar na relação pai e filho, muito bem construída, mesmo que um pouco exagerada criando antagonismos, consegue emocionar por apresentar um protagonista carismático.

A montanha-russa sentimental continua a partir da segunda metade do filme, quando seu lado religioso assume o controle e o longa ganha ares de road movie, mostrando a jornada do herói em busca de seu sonho, após deixar sua zona de conforto e partir para os desafios de ser um artista e encontrar seu lugar no mundo.

Nesse momento, Millard muda drasticamente, de um menino tímido e solitário para um homem determinado, o que causa uma certa confusão no perfil até então desenvolvido para o personagem.

Apesar da história crescer visualmente e o filme tomar proporções maiores, o roteiro se torna arrastado e perde aquela delicadeza inicial que nos mantém interessados.

Ao final, o longa mergulha em alguns clichês e se torna previsível, apresentando a redenção do pai e se segurando no perdão divino como justificativa para todos os seus atos, caindo na necessidade de “passar uma mensagem bonita”.

Cena do longa

Até mesmo quando a tão esperada canção que dá título ao filme é cantada, tudo gira em torno de transformar esse ato em algo transcendental e divino, mesmo que tenha uma letra forte, a história por trás sempre será mais interessante que a própria música em si.

Problemas à parte, o longa tem um lado musical divertido, além de carisma, que definitivamente vai conquistar um público maior que o religioso, que se der uma chance, certamente sairá do cinema com um sorriso de empatia - isso se não arrancar algumas lágrimas ao longo da jornada de superação de Bart Millard.

É um filme adorável, que mostra que a dor pode ser um gatilho para encontrar seu caminho no mundo.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'EU SÓ POSSO IMAGINAR'
Título original:
I Can Only Imagine
Gênero:
Drama, Biografia
Direção:
Andrew Erwin, Jon Erwin
Elenco:
Dennis Quaid, J. Michael Finley, Cloris Leachman e outros
Roteiro:
Jon Erwin, Brent McCorkle
Produção:
Kevin Downes, Mickey Liddell, Pete Shilaimon
Produtor Executivo:
Scott Ellis
Trilha Sonora:
Brent McCorkle, Brody Rose
Montador:
Andrew Erwin, Brent McCorkle
Estúdio:
Lionsgate, LD Entertainment, Toy Gun Films
Distribuição:
Paris Filmes
Nacionalidade:
EUA
Data de lançamento (Brasil):
31 de maio de 2018
Duração:
1h50 min.
Classificação Indicativa:
12 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

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