quinta-feira, 3 de maio de 2018

'OS FANTASMAS DE ISMAËL': SÓ A PRESENÇA DO ELENCO ESTELAR SALVA TRAMA CONFUSA


SINOPSE:

Ismaël (Mathieu Amalric) é um cineasta que, após um longo tempo, voltou a amar.

Traumatizado devido ao súbito desaparecimento de sua esposa, Carlotta (Marion Cotillard), ocorrido há 21 anos, ele enfim consegue ter um relacionamento duradouro com a astrofísica Sylvia (Charlotte Gainsbourg).

Entretanto, a reaparição de Carlotta abala não só o relacionamento, como a própria estabilidade alcançada por Ismaël.

CRÍTICA:

'Os Fantasmas de Ismael', que estreia hoje aqui no Brasil era um filme muito aguardado, seja pela direção do respeitado cineasta francês Arnaud Desplechin (Três Lembranças da Minha Juventude, 2015), seja pelo elenco estelar - Charlotte Gainsbourg, Marion Cotillard, Mathieu Amalric e Louis Garrel.

O longa-metragem ainda foi escolhido para abrir o Festival de Cannes em 2017, fora de competição.

 Mathieu Amalric é Ismael - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Imovision
Com tudo isso, fica difícil de entender como o longa é frustrante para quem o assiste e se não é um filme fraco, por outro lado nunca chega a provocar no espectador a expectativa boa que tinha antes da estreia.

O roteiro - de Desplechin, Julie Peyr e Léa Mysius - a princípio é batido, apesar de interessante: Ismael (Amalric) é um cineasta francês que descobre que sua esposa, Carlotta (Cotillard), desaparecida há 21 anos, está viva e bem, tendo voltado para seu convívio.

Seria uma boa, mas nesse meio tempo ele já retomou a sua vida, se relacionando já há dois anos com a tímida Sylvia (Gainsbourg).

Cena do longa
Na atualidade, Ismael também está filmando a história do seu irmão, Ivan (Garrel), como uma forma de dar um sentido para a relação conturbada entre os dois e esses fantasmas do diretor irão assombrá-lo, numa trama que mistura ficção dentro da ficção, toques oníricos e um clima de paranoia que nunca arrebata o espectador.

Com começo interessante, o longa traz diálogos rápidos, que nos apresentam um tal de Ivan, que parece importante para a trama.

Logo, o espectador constata que se trata de um filme dentro do filme – é a obra que Ismael está trabalhando sobre seu irmão.

Logo depois, somos apresentados a Sylvia e a trama faz uma viagem rápida ao passado para sabermos como os dois se conheceram.

Ágil, bem realizado, com ótimos atores, estes trechos iniciais dão conta do recado e prendem a atenção ao ir nos revelando, pouco a pouco, as diversas camadas da trama.

Cena do longa
Pena que, a partir daí, o diretor perca o foco e mesmo com ótimos caminhos nas mãos, ele perde muito tempo por subtramas que não têm a mesma importância - ficaria bem melhor se o foco continuasse na relação entre Ismael, Carlotta e Sylvia.

Mesmo que os diálogos não fossem brilhantes, os momentos em que o trio principal estava convivendo na mesma casa, tentando se estabelecer nesta nova e confusa dinâmica, eram ótimos.

O ápice dessa perda de tempo é a inclusão de um novo personagem depois de metade do filme, para que ele consiga explicar a relação entre Ismael e o irmão – tudo regado a um desinteressante passeio a um centro médico.

Mesmo muito bem interpretada por Marion Cotillard, Carlotta é uma mulher difícil de decifrar: fugiu aos 20 anos de idade e duas décadas depois, volta, querendo continuar sua vida com o marido, de onde os dois pararam.

Evidente, Ismael mal acredita ao ver aquela figura, que ele pensava estar morta, em sua frente e, após o choque passar, as perguntas mais duras são feitas e os rancores são colocados para fora.

Ismael quer Carlotta de volta?

E Sylvia? Como fica nesse imblóglio todo?

Se no começo ela até aceita, Sylvia acaba decidindo seu próprio futuro ao perceber o quanto é difícil competir com um fantasma tão vivo quanto aquele.

O diretor Desplechin tinha tudo em mãos, mas perde a mão ao escolher outros caminhos menos interessantes.

Nem a figura do mentor de Ismael, o também cineasta Henri Bloom (László Szabó), que além de tudo era seu sogro, consegue ser bem tratada pelo roteiro.

Cena do longa
Mas o pior é vermos o atual galã do cinema francês, Louis Garrel, totalmente desperdiçado, fazendo parte de um outro filme – por vezes, literalmente.

Se não fosse pelas atuações do trio principal e por algumas boas surpresas na primeira metade do longa, o espectador sairia da sala de cinema e o esqueceria imediatamente.

O erro, afinal, foi não priorizar nenhuma das boas ideias, fazendo um filme que vai diversos lugares, mas não chega a lugar algum.

Vale pelas atuações do trio Amalric - Cotillard - Gainsbourg.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'OS FANTASMAS DE ISMAËL'
Gênero:
Suspense, Drama, Romance
Direção:
Arnaud Desplechin
Elenco:
Mathieu Amalric, Marion Cotillard, Charlotte Gainsbourg, Louis Garrel e outros
Roteiro:
Arnaud Desplechin, Julie Peyr, Léa Mysius
Produção:
Pascal Caucheteux, Vincent Maraval, Yaël Fogiel
Diretora de fotografia:
Irina Lubtchansky
Nacionalidade:
França
Estúdio:
Not Productions
Distribuição internacional:
ExportaçãoWild Bunch
Distribuidor brasileiro:
Imovision
Data de estreia (Brasil):
3 de maio de 2018
Duração:
1h 54min
Classificação Indicativa:
12 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

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