SINOPSE:
Após a morte do rei T'Chaka (John Kani), o príncipe T'Challa (Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação.
Nela, são reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governo.
T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Laetitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha.
Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.
CRÍTICA:
Quando o Universo Cinematográfico Marvel foi criado, a premissa era que cada herói tivesse sua aventura solo para depois, todos se reunissem em 'Os Vingadores'.
Só que o tempo passou, mais super-heróis chegaram e a trama entre eles fez com que, cada vez mais, participações ocasionais surgissem - era este o conceito de uma imensa história contínua narrada a cada novo capítulo.
'Pantera Negra', que estreia hoje aqui no Brasil, não foge à esta tendência temporal, mas ao mesmo tempo retoma a ideia original de ambientar a realidade de um herói específico - no caso em questão, Wakanda, o país-natal de T'Challa, que aqui é um dos principais personagens da trama.
Chadwick Boseman é o protagonista T'Challa - Fotos dessa Postagem - Divulgação/Disney |
Isolado do resto do mundo para esconder uma potência tecnológica inigualável à base do valioso metal vibranium, Wakanda é um mix das raízes ancestrais do povo africano e a modernidade - não por acaso, a trilha sonora traz muito da força dos tambores.
Mais do que a beleza natural, chama a atenção e enche os olhos do espectador a cultura do lugar: dos figurinos vistosos às máscaras exuberantes, das crenças relacionadas à dança, o movimento dos corpos, o sotaque imaginário e coeso: tudo é muito peculiar a este lugar, trazendo uma nova e importante vertente ao já imenso UCM, tanto em relação à pluralidade quanto à representatividade.
Letitia Wright é Shuri |
Em ambos os aspectos, o longa é essencial, não apenas por possibilitar um ícone negro como exemplo - para que jovens da etnia se reconheçam também no universo dos super-heróis - mas também por trazer sua realidade e anseios ao fantasioso mundo da Marvel.
É que o conflito existente entre T'Challa (Chadwick Boseman) e Killmonger (Michael B. Jordan) é um espelho dos ideais de Martin Luther King e Malcolm X sobre a posição dos negros na sociedade norte-americana, nos anos 1960.
Da mesma forma, o filme aborda, ainda que rapidamente, questões urgentes sobre os refugiados e até mesmo dá uma sutil cutucada na ojeriza do atual presidente norte-americano, Donald Trump, às "nações de merda" - o simbolismo da primeira cena pós-créditos fica evidente.
Mais ainda: há no filme uma textura da cultura negra que vem muito do meticuloso trabalho do diretor e roteirista Ryan Coogler, em tão bem retratar particularidades típicas.
Neste sentido, o longa é também um ícone na representação feminina, já que tanto Lupita Nyong'o, quanto com Danai Gurira e a ótima Letitia Wright, são mulheres fortes e decididas, com posição de destaque na estrutura de poder de Wakanda.
Além disto, o trio surge muito bem na composição de suas personagens, especialmente na divertida dinâmica entre irmãos envolvendo Shuri e T'Challa.
Andy Serkis é Ulysses Klaue |
No lado masculino, além do protagonista excepcional, há também Martin Freeman, que reprisa seu naturalismo habitual ao compor um personagem bem parecido com seus últimos trabalhos, mais uma vez de forma competente.
Os dois vilões do filme, por sua vez, são infinitamente superiores aos que vimos até aqui nos longas da Marvel.
Se Andy Serkis - aqui de 'corpo limpo', sem representar em captura de movimentos - encarna um personagem exagerado, daqueles que tiram sarro de todos e curtem a maldade intrínseca, Michael B. Jordan vai pelo caminho contrário, raivoso e muito bem fundamentado com base em uma tragédia familiar tipicamente shakespeariana.
Pela contextualização do embate com T'Challa, seu Killmonger desponta não só pela força física mas também pelo peso de seu passado de forma que o roteiro, habilmente, insira tal situação dentro do clima de preconceito e abandono típicos de boa parte da população negra nos Estados Unidos.
Michael B. Jordan é Killmonger |
Vale destacar ainda o interessante contraste de sotaques e vocabulário entre o povo de Wakanda e Killmonger, oriundo do submundo da California - quase um easter egg plantado por Ryan Coogler.
Bastante político ao apresentar o ambiente em torno de Wakanda, o longa oferece ao espectador a suntuosidade de uma nova cultura manifestada a partir de imagens, posturas, cores e roupas.
Em meio ao fascinante equilíbrio entre tradição e modernidade, o filme avança mais alguns passos dentro da novela do Universo Cinematográfico Marvel, situando-se entre os eventos de 'Capitão América: Guerra Civil' sem, no entanto, ser uma sequência direta do que lá acontece - ao menos não em relação aos demais super-heróis retratados.
Porém, em meio à tamanho apuro na ambientação, o filme entrega poucas cenas de ação.
Se os dois duelos envolvendo T'Challa são bem resolvidos e funcionam pela tensão, as duas sequências mais grandiosas exageram no CGI e na repetição de movimentos do Pantera Negra, especialmente no trecho situado na Coreia do Sul, ou mesmo na multidão que de repente surge em meio à batalha campal. A
Até divertem, mas estão longe de ser o prato principal neste que é o melhor e mais ambicioso filme da Marvel desde 'Capitão América 2 - O Soldado Invernal'.
Filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'PANTERA NEGRA'
Título Original:
BLACK PANTHER
Gênero:
Ação
Direção:
Ryan Coogler
Elenco:
Alexis Rhee, Andy Serkis, Angela Bassett, Atandwa Kani, Bambadjan Bamba, Chadwick Boseman, Connie Chiume, Danai Gurira, Daniel Kaluuya, David S. Lee, Elizabeth Elkins, Florence Kasumba, Forest Whitaker, Francesca Faridany, Isaach De Bankolé, John Kani, Letitia Wright, Lupita Nyong'o, Mark Ashworth, Martin Freeman, Michael B. Jordan, Nabiyah Be, Sasha Morfaw, Seth Carr, Shaunette Renée Wilson, Sope Aluko, Sterling K. Brown, Sydelle Noel, Tony Sears, Tunde Laleye, Winston Duke
Roteiro:
Joe Robert Cole, Ryan Coogler
Produção:
David J. Grant, Kevin Feige
Fotografia:
Rachel Morrison
Trilha Sonora:
Ludwig Goransson
Montador:
Debbie Berman, Michael P. Shawver
Estúdio:
Marvel Studios, Walt Disney Pictures
Distribuidora:
Walt Disney Pictures
Ano de produção:
2017
Duração:
134 min.
Estréia no Brasil:
15/02/2018
Classificação etária:
10 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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