SINOPSE:
No futuro, a sociedade se acostumou à prática da troca de corpos: após armazenar a consciência de uma pessoa, ela pode ser transferida a outra "capa", podendo viver várias vidas.
O mercenário Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman) acorda após 250 anos em outro corpo.
Além de se adaptar a esta situação e à nova sociedade, ele é contratado por um homem riquíssimo para descobrir o autor de seu próprio assassinato.
Tak conta com a ajuda de uma policial mexicana, Kristin Ortega (Martha Higareda), um ex-militar tentando ajudar sua filha e um robô equipado com inteligência artificial.
CRÍTICA:
Se você ainda não ouviu falar de 'Altered Carbon', nova série original Netflix baseada nos livros de Richard K. Morgan, veja primeiramente o trailer, que você encontra mais abaixo nessa página.
Basicamente, essa série traz elementos Cyberpunk, pós-humanistas e parece uma mistura dos longas 'Blade Runner' e 'Matrix' com as séries 'The Expanse' e 'Black Mirror', trabalhando bem temas típicos de sci-fi, enquanto cria uma boa atmosfera de mistério com uma intrigante história de detetive.
Se aparentemente a série entrega mais do mesmo, logo no começo já vemos que, pelo tom da história sobre a investigação do assassinato de um Matusa - como são chamado os ricaços praticamente imortais desse mundo - não é bem assim.
Vemos a vítima voltando à vida graças a uma tecnologia, implantada na base do cérebro em todas as pessoas e responsável por guardar memórias e personalidade para que todos - os que podem pagar, evidente - tenha direito à vida eterna.
A sociedade se acostumou à prática da troca de corpos: afinal, com a consciência de todas as pessoas armazenadas, ela pode ser transferida entre cápsulas diferentes com facilidade e a morte real só acontece se o backup for destruído.
O problema é que tentaram apagar também os backups do ricaço, quase conseguindo apagá-lo da existência.
Joel Kinnaman é o protagonista, Takeshi Kovacs - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Netflix |
Ambientado em Bay City, antiga San Francisco, no ano de 2384, a série abusa da estética cyberpunk vista em animes e no já citado 'Blade Runner', com direito até à famosa 'chuva perpétua'.
Nesse cenário, o mercenário Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman, o protagonista de 'Robocop' de José Padilha) acorda após 250 anos, contratado para descobrir o autor do assassinato de Laurens Bancroft.
Escolhido por fazer parte de um grupo de elite no passado, Tak conta com a ajuda da policial Kristin Ortega (Martha Higareda), um ex-militar, Vernon Elliot (Ato Essandoh) e uma inteligência artificial, Poe (Chris Conner), que tem o visual do famoso escritor de 'O Corvo'.
O visual é incrível, a metrópole é bela e decadente e enquanto as ruas de Bay City lembram 'Blade Runner', a arquitetura interna tem um aspecto único, como se o mundo digital se mesclasse com o real.
Kristin Ortega (Martha Higareda) em cena |
As lutas são muito bem coreografadas, a tecnologia presente é interessante e a podridão dessa sociedade aparece por todos os lados.
Além disso, a série mostra temas como divisão de classes e questões religiosas sobre corpo e alma, enquanto apresenta uma trama interessante de investigação estilo neo-noir, com elementos reconhecíveis para quem gosta do gênero, mas sem cair no óbvio.
Depois das coisas boas, vamos às falhas, que existem e não são poucas.
Comecemos pelo elenco, que não funciona tão bem como deveria e raramente entrega boas atuações.
Ato Essandoh é Vernon Elliot |
Kinnaman é um ator bonito, fotografa bem, mas é tão sem carisma que dar a ele mais uma vez o papel de protagonista é um perigo, ainda mais com um personagem aparentemente frio, calculista e complexo.
Geralmente nas séries, quando o protagonista não é bom, o elenco de coadjuvantes até salva a coisa.
Só que aqui, a maioria dos coadjuvantes não ajuda também, com exceção de Poe, a A.I. do Hotel O Corvo que é realmente ótimo.
Assim, tudo desmorona porquê, com elenco fraco, os diálogos ficam muito inconsistentes, já que, com muitos nomes tecnológicos e questões que precisam ser explicadas ao público, os personagens têm o hábito de fazer longos diálogos explicando tudo - e esse monte de palavras, ditas sem talento, cansa muito o espectador.
Ortega e Kovacs ainda incomodam mais, porque cada nova informação vêm acompanhada de um diálogo explicativo interminável.
Outro problema é que a narrativa demora para engatar.
Se no primeiro episódio parece que teremos um bom ritmo, já que conceitos básicos estão estabelecidos, a trama para de evoluir e passa a perder tempo demais em questões já vistas.
A impressão que dá é que tudo poderia ter sido reduzido a um filme de 2 horas e meia.
Chris Conner é a inteligência artificial Poe: melhor do elenco |
Apesar dessas falhas, 'Altered Carbon' é uma série única, com visual impressionante, temática intrigante e um universo bastante criativo.
É uma série que mantém a curiosidade do espectador do começo ao fim, mesmo quando o capítulo não funciona tão bem - é o melhor da Netflix, né? - tudo pode melhorar no episódio seguinte.
É verdade que a narrativa ainda precisa evoluir, tanto nos personagens quanto de aprofundamento de temas e relações, mas os elementos estão lá e ainda é possível se tornar algo tão complexo quanto 'The Westworld' ou 'The Expanse no futuro'.
Vamos aguardar.
INFORMAÇÕES PÓS ESTREIA:
A ficção científica, que já sofreu acusações de embranquecimento e pode perder seu fraco protagonista, Joel Kinnaman, para a segunda temporada, também não é o sucesso esperado pela Netflix.
Dados da agência Nielsen, especializada em analisar a audiência televisiva nos Estados Unidos, indicam que 'Altered Carbon' registrou uma queda progressiva de visualização: menos de 20% dos usuários que começaram a ver o seriado não chegaram até o final da primeira da temporada (via Deadline).
Lançado no dia 2 de fevereiro, o seriado atraiu quase 6 milhões de espectadores em seu dia de estreia.
Contudo, a atenção do público não foi cultivada e apenas 1 milhão de assinantes da Netflix assistiram aos 10 primeiros capítulos.
Ainda que comparar a estreia de uma obra com o retorno de uma série popular não seja justo, fato é que Altered Carbon registrou uma audiência muito inferior à de 'Stranger Things 2', cuja parte dos fãs poderiam ter sido cativados pelo novo sci-fi.
Apesar dos contratempos, 'Altered Carbon' parece seguir firme e forte nos planos da Netflix.
De acordo com Richard Morgan, autor do livro que deu origem à série e consultor executivo da obra televisiva, mais quatro temporadas estão previstas para a ficção científica.
Como não costuma cancelar seus seriados e levando em consideração que 'Altered Carbon' não encontrou grandes problemas com a crítica ou com o público apesar da queda de audiência, a probabilidade da confirmação de uma segunda temporada é alta.
Resta saber, de qualquer forma, como os novos capítulos serão desenhados e se o fraco Kinnaman retornará ou não.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
ALTERED CARBON
Gênero:
Policial, Ficção científica, Suspense
Criado por:
Laeta Kalogridis
Diretor:
Miguel Sapochnik
Elenco Principal:
Joel Kinnaman, James Purefoy, Martha Higareda, Kristin Lehman, Renée Elise Goldsberry, Ato Essandoh
Roteirista:
Laeta Kalogridis
País:
EUA
Ano de produção:
2018
Status:
Em andamento
Duração:
58 minutos
Lançamento:
02 de fevereiro de 2018
Produção:
Skydance Productions
Distribuição internacional / Exportação:
Netflix
COTAÇÃO DO KLAU:
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