SINOPSE:
Durante uma severa tempestade em Marte, o astronauta Mark Watney (Matt Damon) é atingido por destroços, dado como morto e abandonado no planeta vermelho.
No entanto, o cientista sobrevive milagrosamente, mas acorda sozinho, com poucos suprimentos e sem saber como sobreviver, até que uma missão de resgate consiga alcançá-lo a tempo.
CRÍTICA:
O cineasta Ridley Scott, autor de vários ótimos filmes, ultimamente vem tendo mais baixos do que altos em sua carreira.
Foi assim com 'Prometheus', sua volta ao universo de 'Alien', que se foi impressionante visualmente, não foi um bom filme - o próprio diretor vem dizendo isso, mesmo que cifradamente, nas entrelinhas.
Mas Scott é Scott, um dos diretores mais criativos e surpreendentes de todos os tempos.
Agora, ele se redime com todos os méritos em 'Perdido Em Marte', em cartaz em 436 salas em todo o Brasil e onde o diretor repete a capacidade de impressionar desde a abertura, dessa vez com paisagens vermelhas e estéreis.
Só que aqui, a produção vai além do visual impecável, e entrega uma boa história, grandes personagens e é capaz de despertar a curiosidade do espectador sobre cada aspecto dos acontecimentos retratados na telona.
Extasiado, o espectador mergulha na trama desde a primeira cena do longa, uma celebração da inteligência e engenhosidade humanas e onde o humor é um mais que bem vindo bônus.
 |
| Matt Damon interpreta o protagonista Mark Watney - Fotos dessa postagem: Divulgação/ Fox Film do Brasil |
Na trama, durante uma missão a Marte, o astronauta Mark Watney (Matt Damon, espetacular) é dado como morto após uma grande tempestade obrigar sua equipe a retornar à Terra.
Só que o cientista sobrevive, se encontra sem recursos, com pouca comida e sozinho no planeta hostil.
A partir daí, Watney precisa então usar criatividade para sobreviver por um longo período, encontrar uma maneira de avisar à NASA que está vivo e pior: sem saber quanto tempo esse resgate vai demorar.
Criador notável, de visuais absurdamente maravilhosos, Ridley Scott é também um competente diretor de atores e aqui, ele tira de Matt Damon uma das melhores interpretações masculinas dos últimos tempos.
Afinal, é o soberbo desempenho de Damon que segura o filme até o final, alternando entre estados emocionais extremos, como euforia, depressão, esperança, desapego, tudo de forma muito convincente.
 |
| Watney na paisagem desértica de Marte |
Como único ator na maior parte das cenas, Damon se entrega completamente ao papel, uma entrega que muitas vezes lembra a de Tom Hanks em 'Náufrago'.
E a tarefa não é fácil, pois, afinal, Watney passa muito tempo sozinho tentando solucionar problemas de comida, água e como viajar longas distâncias.
Videologs do cientista sobre seus pensamentos e experimentos ajudam a humanizar Watney - tanto quanto a bola 'Wilson' ajudou Tom Hanks no filme de 2000.
Se para alguns, os vídeos parecem uma saída fácil para fazer o personagem expor o que faz e sente, entretanto, logo fica claro que esse tipo de documentação seria algo que um cientista orgulhoso como ele faria numa situação dessas.
 |
| Marte em visual impressionante |
Com isso, o longa ganha muito no aspecto emocional e também no realismo, constante apesar do absurdo das situações.
Obviamente, muitos vão apontar falhas, como acontece em todo sci-fi, mas a ideia aqui é surpreender a maioria dos espectadores – e isso Scott consegue fazer com folga.
Ele só perde um pouco a mão perto do final, mas a essa altura, o espectador já está totalmente mergulhado na trama e, assim, fica mais fácil o impossível se tornar mais real.
 |
| O centro de controle da NASA |
E é justamente esse realismo que obriga a história a ter personagens demais envolvidos no resgate e em dado instante, a trama foca demais na NASA e no seu JPL (Jet Propulsion Laboratory, Laboratório de Propulsão a Jato), onde vários cientistas se reúnem para montar a missão de resgate.
Embora personagens e elenco sejam fortes - temos Kate Mara, Kristen Wiig, Sean Bean, Jeff Daniels e Chiwetel Ejiofor entre eles - e todos participem de boas cenas, toda vez que a narrativa deixa Watney de lado, o longa perde ritmo e fica arrastado – algo problemático para um filme que já é longo por natureza - mas belo.
 |
| Chiwetel Ejiofor em cena do longa |
Espetacular esteticamente, o planeta vermelho é maravilhoso, os ambientes dos habitats e das naves remetem a '2001: Uma Odisseia No Espaço', sem deixar de ser realista.
 |
| Visual remete muito a '2001' |
A fotografia é uma das mais inspiradas dos últimos tempos, com incríveis planos abertos dos cenários desolados e closes bem utilizados para reforçar a tensão.
Tecnicamente o problema é outro: a ideia de fazer piada com o gosto musical da capitã Melissa Lewis (Jessica Chastain), que ama 'dance music' antiga, funciona no começo, mas não funciona como trilha sonora.
Mark odeia as músicas, mas as ouve por falta de opção e as animadas canções ainda quebram o clima de algumas cenas mais tensas.
Se Scott não fez algo perfeito, esse é de longe o seu melhor filme em muitos anos.
Incrível e inspirador, o longa é capaz de fazer uma nova geração se interessar pelo espaço - assim como 'Gravidade' e 'Interestelar' fizeram recentemente.
Filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'PERDIDO EM MARTE'
Título Original:
THE MARTIAN
Gênero:
Ficção Científica
Direção:
Ridley Scott
Roteiro:
Drew Goddard
Elenco:
Aksel Hennie, Brian Caspe, Chen Shu, Chiwetel Ejiofor, Donald Glover, Eddy Ko, Enzo Cilenti, Geoffrey Thomas, Greg De Cuir, Gruffudd Glyn, Jeff Daniels, Jessica Chastain, Jonathan Aris, Kate Mara, Kristen Wiig, Lili Bordán, Mackenzie Davis, Mark O'Neal, Matt Damon, Matt Devere, Michael Peña, Mike Kelly, Naomi Scott, Narantsogt Tsogtsaikhan, Nick Mohammed, Peter Linka, Sean Bean, Sebastian Stan, Szonja Oroszlán, Yang Haiwen
Produção:
Mark Huffam, Michael Schaefer, Ridley Scott, Simon Kinberg
Fotografia:
Dariusz Wolski
Montador:
Pietro Scalia
Trilha Sonora:
Harry Gregson-Williams
Duração:
141 min.
Ano:
2015
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
01/10/2015 (Brasil)
Distribuidora:
Fox Film do Brasil
Estúdio:
Genre Films / International Traders / Mid Atlantic Films / Scott Free Productions / Twentieth Century Fox Film Corporation
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
Nenhum comentário:
Postar um comentário