Segundo Rodrigo Salem, do UOL, não demorou muito para surgir o primeiro filme vaiado no Festival de Veneza e a "honra" coube ao drama "At Any Price", dirigido pelo americano Ramin Bahrami e protagonizado por Dennis Quaid e Zac Efron.
Passado no cinturão do milho dos Estados Unidos, o longa parece mais uma campanha de marketing do lema "tradição, família e propriedade": Quaid faz um fazendeiro que herdou a responsabilidade de cuidar das fazendas de milho da família e tenta levar os filhos para o mesmo caminho.
O primeiro nem mesmo aparece no filme, já que passa um longo período na Argentina --vira herói da região por tentar escalar o Aconcágua.
O segundo, interpretado por Efron, é um "agroboy" mimado com problemas de relacionamento com o pai e que sonha em pilotar carros de corrida da Nascar.
Entre a competição agrícola tempos de crise e o "mimimi" de Efron e Quaid, que vivem por trilhas morais bem distorcidas, "At Any Price" derrapa feio ao transformar o americano do centro-oeste em um herói sempre perdoado por deslizes e tradições mofadas.
A direção de Bahrami não é nenhum pouco sutil.
Na única corrida de carros do longa, há uma longa seqüência de faces da plateia com o hino americano ao fundo.
A exaltação do caipira é compreensível: cinema americano em 2012 volta a olhar para o sul e para o interior, como ficou visível no último Festival de Cannes com a exibição de "Killing Me Softly", "Mud" e "Os Infratores", todos seguindo essa tendência.
Reuters
Zac Efron em Veneza
O problema de "At Any Price" é tratar seus personagens com uma benevolência quase católica.
O personagem de Efron só deixa de ser rebelde quando passa por uma situação limite.
O pai é basicamente casado com uma santa e a trai sem a menor cerimônia.
Mas tudo fica bem, mesmo com mil esqueletos por baixo das plantações de milho - afinal, o importante é manter a família unida.
E a resposta para essa pregação? As primeiras vaias do festival.
Merecidas.
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