Pessoalmente, nunca gostei do tipo de humor que o ator britânico Sacha Baron Cohen faz.
É do tipo "Pânico", com muita escatologia e ofensas, tudo no limite entre o politicamente incorreto e a ofensa pura e simples, o que eu detesto.
Mas tenho de reconhecer que, atualmente, poucos humoristas tem a coragem de ser tão corrosivos, transgressores, ofensivos e ainda assim terem alguma graça, como ele.
Em "O Ditador", que estreia hoje aqui no Brasil, e diferentemente da estrutura de "Borat-O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Casaquistão Viaja à América" e "Brüno" - onde Cohen fingia ser um repórter para tapear e humilhar seus entrevistados - ele escreveu uma boa história - e surpresa das surpresas, uma história romântica - o que, lógico, não quer dizer que seus personagens deixarão de passar pelas mais vexatórias situações como os idiotas participantes de seus longas anteriores.
Aqui, Cohen é o almirante-general Aladeen (como o personagem de "As Mil e Uma Noites"), psicótico e narcisista ditador da República Wadiya, no Oriente Médio, odiado tanto pelo seu povo como por seus assessores mais diretos, entre eles Tamir (Sir Ben Kingsley, simplesmente sen-sa-cio-nal).
Imagens: Divulgação/Paramount Pictures Brasil
Sir Ben Kingsley como Tamir e Sacha Baron Cohen como Aladeen, em cena de "O Ditador"
Calcado nítidamente no ex-ditador líbio Muammar Gadaffi, Aladeen é mais uma caricatura dos ditadores da região, acusado, entre outros crimes, de pôr em prática um programa nuclear para armas de destruição em massa, o que o leva a ser ameaçado por sanções da ONU.
Mesmo sendo totalmente contra o Ocidente, o ditador aceita ir aos Estados Unidos para discursar em uma assembleia da ONU e defender a soberania de seu país.
No entanto, este é o momento que Tamir, seu capacho favorito, esperava para se livrar do ditador: durante a viagem, Aladeen é sequestrado e o assessor não só coloca um sósia em seu lugar, como ainda raspa a característica barba do tirano para que ele não seja mais reconhecido.
Jogado nas ruas de Nova York como um anônimo, ele receberá ajuda de Zoey (Anna Faris), dona de uma loja de produtos naturais, pacifista e altruísta.
Anna Faris como Zoey, em cena do filme
Anna Faris tem um talento especial para interpretar mulheres boazinhas sem escorregar nos clichês e sua Zoey não apenas irá trazer à tona a humanidade do protagonista, mas também suas próprias contradições.
Como divertidos destaques, ainda temos as participações de atores convidados como Megan Fox e Edward Norton que, interpretando a eles mesmos, aparecem topando fazer sexo com o ditador por dinheiro - afinal, todos têm seu preço.
Se as participações são constrangedoras, só mesmo em um filme de Sacha Baron Cohen elas conseguem parecer comuns - e esse é um dos grandes achados do roteiro.
O cineasta Larry Charles, que já havia trabalhado com Cohen em "Borat" e "Brüno", volta a dirigir seu amigo nesta produção - a menor das três mas, mesmo assim, a melhor.
Diretor seguro a cada cena, Charles faz aqui seu melhor filme, ajudado por uma bonita fotografia - de Lawrence Sher.
Sacha Byron Cohen, em cena do filme
Se não tem o mesmo impacto ou as cenas mais comentadas dos filmes anteriores - como a luta nudista de "Borat" ou a indignação de pessoas sobre a troca de crianças por Ipods em "Brüno" - "O Ditador" tem um bom roteiro, que conta muito bem a história, locações primorosas e um desempenho maduro de Baron Cohen.
Confira o trailer do filme:
*****
'O DITADOR'
Título Original:
The Dictator
Diretor:
Larry Charles
Elenco:
Sacha Baron Cohen, Anna Faris, John C. Reilly, Sir Ben Kingsley, B. J. Novak, Kevin Corrigan, J.B. Smoove, Jim Piddock, Edward Norton, Megan Fox
Produção:
Sacha Baron Cohen, Alec Berg, David Mandel, Scott Rudin, Jeff Schaffer
Roteiro:
Sacha Baron Cohen, Alec Berg, David Mandel, Jeff Schaffer
Fotografia:
Lawrence Sher
Trilha Sonora:
Erran Baron Cohen
Duração:
94 min.
Ano:
2012
País:
EUA
Gênero:
Comédia
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Paramount Pictures Brasil
Estúdio:
Four by Two / Kanzaman
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:
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