segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

'ARQUIVO X - DÉCIMA TEMPORADA': DOIS PRIMEIROS EPISÓDIOS MANTÉM A MITOLOGIA DA SÉRIE E PREPARA FÃS E NÃO FÃS PARA OS DIAS ATUAIS


SINOPSE:

Quatorze anos depois da nona temporada, uma das séries mais queridas pelos fãs volta agora como uma minissérie em 6 capítulos independentes, mostrando o amadurecimento dos protagonistas Fox Mulder (David Duchovny) e Danna Scully (Gillian Anderson), além de personagens icônicos, como Skinner (Mitch Pileggi) e o Canceroso (William B. Davis).

CRÍTICA:

Há aproximadamente 14 anos - 19 de maio de 2002 - chegava ao fim uma das maiores séries de ficção científica da história, mas os fãs não tinham muito nem o que lamentar, muito menos o que comemorar.

Muitos já haviam abandonado a produção após a saída David Duchovny na oitava temporada, a história foi ficando cada vez mais desinteressante e, ao final, poucos sentiram o final da produção.

Ainda assim, a fantástica mitologia da série seguiu viva e muitos torciam para que um projeto retomasse o clima das primeiras temporadas da série.

Foram feitos dois longas para o cinema - 'Arquivo X: O Filme' e 'Arquivo X: Eu Quero Acreditar' - que se trouxeram de volta a dupla de agentes protagonistas, pouco empolgaram.

Agora, depois desse tempo todo, 'Arquivo X' está de volta, com seis episódios inéditos estrelados novamente por David Duchovny (Fox Mulder) e Gillian Anderson (Danna Scully), além de outros personagens igualmente queridos pelos fãs e sob o comando do criador da série, Chris Carter.

Os atores Gillian Anderson e David Duchovny no primeiro episódio da minissérie Arquivo X - Divulgação/Fox
Scully e Mulder, na primeira cena juntos da nova temporada - Fotos dessa postagem: Divulgação/Fox e EW
Depois da exibição dos primeiros dois capítulos aqui no Brasil e mesmo tanto tempo depois, o que se percebe logo de cara é que a produção não perdeu sua essência de paranormal, extraterrestre e, principalmente, aquele fundinho de paranoia.

Agora, sabemos que o 11 de Setembro foi fruto de uma conspiração alienígena, embora não necessariamente praticada por extraterrestres.

Foram homens poderosos, de uma super-elite, que usaram seres de outros planetas para começar a dominar o mundo e criar uma "Nova Ordem Mundial" que vigia a todos da Terra, monitorando conversas, localizações, como um próprio Big Brother global.

Anderson e Duchovny no set, observados por Chris Carter
Mas o principal achado é vermos novamente os protagonistas em ação, nos papéis que catapultaram suas carreiras ao longo dos anos 90.

Tanto Dana Scully quanto Fox Mulder, agora mais maduros, passaram por inúmeras provações em seus dez anos de FBI.

Scully agora é médica-cirurgiã no renomado hospital Our Lady of Sorrows em Washington, enquanto Mulder é apresentado como depressivo, desempregado e paranoico.

E sim, os dois não só não estão mais juntos, como não se falam há algum tempo.

Mitch Pileggi como o diretor do FBI, Skinner, em cena da décima temporada
Mas quando Tad O'Malley (Joel McHale), um famoso jornalista político de direita, entra em contato com Scully com um possível novo 'arquivo x', é para Mulder que ela logo liga.

Com uma breve narração de Duchovny para contextualizar um "Anteriormente, em Arquivo X...", o primeiro episódio relembra as funções dos protagonistas no início da série para, em seguida, nos mostrar onde eles foram parar.

Uma das coisas que deve agradar bastante aos fãs é o fato de que, inicialmente, a série parece focar em Mulder e Scully como parceiros e amigos que se preocupam um com o outro e se ajudam na procura por respostas.

Todo o lado romântico é deixado de lado, rendendo apenas alguma ironia por parte de Mulder.

Crítico à política de segurança americana pós-11 de setembro, os dois primeiros episódios dessa décima temporada são muito nostálgicos, o que deve agradar bastante aos fãs, que devem se emocionar ao ver (e ouvir) que a abertura original, com o tradicional assobio, continua lá, mesmo que com novo e quase imperceptível arranjo.

A dinâmica entre a dupla principal continua excelente: ela é a razão, ele o paranoico.

A nova temporada também foi feita para novos espectadores.

Evidentemente, o fã mais fanático vai querer tomar a série para si e apontar inúmeras ligações entre tramas e personagens vistos anteriormente, mas a história também funciona para quem nunca viu um só episódio das temporadas anteriores.

Com uma produção,  direção de arte, fotografia e direção impecáveis, a retomada da série parece conseguir justamente o proposto no início do projeto: agradar os apaixonados e conquistar uma nova geração de fãs.

Além dos ótimos David Duchovny e Gillian Anderson, de volta aos papéis de suas vidas, o primeiro capítulo traz uma participação importante de Joel McHale, num papel surpreendente para quem acostumou em vê-lo como o divertido Jeff de Community.

Destaca-se ainda as presenças de Mitch Pileggi como o diretor do FBI, Skinner e William B. Davis como o Fumante/Canceroso - reprisando seus personagens originais.

William B. Davis, intérprete do Fumante/Canceroso, no lançamento da décima temporada

Se o primeiro episódio fala sobre tudo o que o governo americano fez para esconder a presença de extraterrestres entre nós, o segundo continua na trajetória de abduções e procura de respostas - nem sempre conseguidas.

Quando o retorno foi anunciado, já sabia-se que a nova temporada teria apenas seis episódios, 18 a menos que suas nove antecessoras.

Quando estreou e durante os anos seguintes, a série ficou conhecida por ter sido a primeira a estabelecer uma mitologia que se estendia ao longo das temporadas - e, eventualmente, ao longo de toda a série - além de apresentar o "monstro da semana", sem deixar de lado o elemento procedural que era a principal base de todos os programas da época.

Com 24 capítulos, era complicado preencher todas essas horas somente com uma trama contínua, mas o time de roteiristas criava excelentes histórias individuais para preencher esses momentos de pausa na narrativa geral.

Agora, limitada ao seis capítulos encomendados, não é mais necessário o uso do "monstro da semana", abrindo um leque de possibilidades para que as histórias de Mulder, Scully, Skinner, o Canceroso, entre outros, tomem frente à qualquer perigo semanal previamente estabelecido.

O primeiro capítulo foca exclusivamente na mitologia e mostra aquilo que Carter, limitado pelas "leis da TV" dos anos 1990, poderia ter feito desde o início - mas que tirou da série daquilo que acabou se tornando um de seus grandes trunfos: os ótimos episódios filler (episódios ou arcos inteiros na série original do qual a mesma foi adaptada).

Tad O'Malley (Joel McHale) é um famoso jornalista político de direita

Não dá pra comparar a época quando a nova temporada foi exibida e agora: afinal, hoje, roteiristas, atores, diretores, produtores e emissoras tem uma liberdade muito maior.

Se 'Arquivo X' foi a grande responsável por transformar a Fox TV na quarta grande rede de TV americana - com seus prêmios, audiência absurda e rios de dinheiro em publicidade -  foram justamente os canais abertos que mais sofreram, quando os canais premium passaram a desenvolver suas próprias séries.

A partir daí, a TV só cresceu, com o lançamento dos canais por streaming, lançamentos mundiais, estreias de temporadas completas em um único dia - ou seja: o cenário definitivamente não é mais o mesmo daquele quando 'Arquivo X' nasceu e a série evoluiu com ele.

O que se espera, agora, é que os quatro episódios restantes mantenham a mesma pegada desses dois já exibidos.

Ah, sim: para quem perdeu a maratona com os melhores episódios das nove temporadas anteriores no dia que antecedeu à estreia, saiba que essas temporadas estão disponibilizadas, na íntegra, na Netflix.

Já as reprises da décima temporada são exibidas toda terça, às 22h30.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA: 
'ARQUIVO X' - DÉCIMA TEMPORADA
Título Original:
The X Files
O que é:
Série, minissérie em 6 episódios
Roteiro e produção executiva:
Chris Carter
Quando:
Segundas
Horário:
23h59
Onde:
Fox
Reprises:
Terças, 22h30

COTAÇÃO DO KLAU:

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