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Ator egípcio, de 'Lawrence da Arábia', Dr. Jivago' e 'Funny Girl' sofreu um ataque cardíaco nesta sexta-feira, no Cairo
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O ator egípcio Omar Sharif, que fez filmes como "Lawrence da Arábia", "Doutor Jivago" e "Funny girl – Uma Garota Genial", morreu nesta sexta (10), aos 83 anos.
Em maio deste ano, o empresário do ator confirmou que ele estava com Alzheimer.
"Ele está morando no Egito estes dias e está recebendo cuidados de seu filho Tarek e outros", afirmou na ocasião.
Omar Sharif na varanda do seu apartamento no Cairo, em 2011 - Reuters |
Sharif, que nasceu Michel Shalhoub em Alexandria, Egito, em 10 de abril de 1932, foi uma das maiores estrelas de cinema na década de 1960 e o primeiro ator árabe a ganhar fama internacional - e isso já no seu primeiro longa, "Lawrence da Arábia" (1962) dirigido por David Lean e estrelado por Peter O'Toole.
Passou a usar o 'Sharif' - que significa 'nobre' em árabe - porquê seu pai não aprovava sua carreira de ator.
Por seu papel como Sherif Ali na super produção, Sharif foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e se não levou a estatueta da Academia, levou duas no Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Ator Secundário em Cinema e Melhor Ator Revelação do Ano.
Em cena de 'Lawrence da Arábia' - Arquivos do Klau |
Com o sucesso de "Lawrence da Arábia", Sharif fez três filmes em 1964 - incluindo "A Voz do Sangue" e "O Rolls-Royce Amarelo".
Com Julie Christie, em cena de 'Dr. Jivago' - MGM |
Mas foi no ano seguinte (1965) que Omar conseguiu o seu primeiro papel principal em uma produção de língua inglesa, com o personagem-título de "Doutor Jivago".
A super produção de mais de quatro horas de projeção, baseada no romance best seller do russo Boris Pasternak, tornou Sharif e seu par romântico, Julie Christie, em astros no mundo todo.
Recebendo o Globo de Ouro por 'Dr. Jivago' - Acess Hollywood |
Pelo papel, ele levou o Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Dramático.
Confira um compilado de cenas de 'Dr. Jivago':
Ainda nos anos 60, ele também estrelou "O Ouro de Mackenna" (com Gregory Peck, Telly Savalas e Julie Newmar) e a trágica história de amor "Mayerling", no qual fez par romântico com Catherine Deneuve.
Em 1968, outro destaque na carreira: o musical 'Funny Girl', onde contracenou com a diva Barbra Streisand.
Em cena de 'Funny Girl' com Barbra Streisand - Divulgação |
Corretíssimo da primeira à última cena, Sharif e o musical foram banidos dos países árabes, justamente pelo fato de a estrela do filme, Streisand, ser judia - isso no auge da guerra entre israelenses e árabes.
Veja cena de 'Funny Girl':
Assim, o ator, não podendo voltar ao seu Egito natal, fixou residência em Paris, onde protagonizou diversos longas.
Na década de 1980, Sharif, já podendo transitar pelos países árabes novamente, voltou esporadicamente ao cinema egípcio.
Foi nessa época também que foi a grande estrela da inauguração do Maksoud Plaza, o primeiro hotel cinco estrelas de São Paulo.
Na festa da inauguração, ficou famosa a foto de Dona Dulce Figueiredo, primeira dama do país e casada com o General Figueiredo, último ditador do regime militar, sentada no colo do astro.
Na época, a censura à imprensa daqui proibiu - mas a foto correu o mundo e Dona Dulce, já falecida, consolidou sua fama de biscate - agora internacional.
Em 2004, ganhou o prêmio Cesar de melhor ator, o equivalente francês ao Oscar e também o Leão de Ouro de ator no Festival de Veneza, por seu papel de Monsieur Ibrahim no filme francês "Uma amizade sem fronteiras/Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran".
Veja o trailer do filme:
Havia vinte anos que o ator se dedicava mais aos telefilmes e às séries de TV do que aos longas, com papéis que não faziam jus ao seu talento.
Em 2007, Sharif foi condenado a dois anos de prisão - que cumpriu em liberdade condicional - e a fazer 15 sessões de terapia para controlar a raiva, por ter agredido em 2005, num estacionamento de Los Angeles, um manobrista que não aceitou que ele pagasse com euros.
O ator atacou e insultou o funcionário - Juan Anderson, de origem guatemalteca - com adjetivos racistas, como "mexicano burro" , depois de o manobrista se negar a aceitar uma nota de 20 euros como pagamento.
O ator também estava entre os mais renomados jogadores de bridge do mundo e escreveu diversos livros sobre o jogo de cartas.
Em 2009, ao divulgar o filme "Al Mosafer/O Viajante" no Festival de Veneza, Sharif disse que teve "muitas aventuras com mulheres", mas apenas um "grande amor" - sua mulher, em casamento que terminou em 1974.
"Eu sou o único ator no mundo que não tem um centro em sua vida. Eu morei em hotéis em toda a minha vida e comi em restaurantes - sempre. Tive uma vida feliz, não há por que chorar" - disse ele ao final da entrevista em Veneza.
Profético - vai deixar saudades.
Confira os principais filmes da carreira Omar Sharif:
"Um Castelo na Itália" (2013)
"Al Mosafer" (2009)
"Mar de Fogo" (2004)
"Uma amizade sem fronteiras" (2003)
"O 13º Guerreiro" (1999)
"O Ladrão do Arco-Íris" (1990)
"Os Possessos" (1988)
"Top Secret! Superconfidencial" (1984)
"Funny Lady" (1975)
"Juggernaut - Inferno em Alto-mar" (1974)
"O Último Refúgio" (1971)
"Funny Girl - A Garota Genial" (1968)
"A Noite dos Generais" (1967)
"Felizes Para Sempre" (1967)
"Doutor Jivago" (1965)
"O Rolls-Royce Amarelo" (1964)
"A Queda do Império Romano" (1964)
"Lawrence da Arábia" (1962)
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