sexta-feira, 6 de setembro de 2013

'JOBS': SÓ PARA QUEM GOSTA DAS PORCARIAS CARAS QUE A APPLE FABRICA - E OLHE LÁ


Se você esperava que uma cinebiografia do lendário fundador da Apple,  Steve Jobs, mostrasse o homem por trás do mito, que humanizasse o cultuado CEO que levou o mundo nerd a cobiçar os gadgets eletrônicos de sua empresa como obras de arte, pode esquecer.

'Jobs' - que estreia hoje em 169 salas em todo o Brasil - se tem o nome de seu biografado no título, não desmistifica, apenas reforça o culto, ao meu ver sem noção, ao executivo genioso.

Presunçoso, o longa, muito acelerado e sem nenhum aprofundamento, é uma espécie de peça publicitária da Apple embalada por uma trilha sonora incidental edificante e onipresente, onde logo somos apresentados ao Steve Jobs dos tempos de faculdade, rebelde, apaixonado por conceitos estéticos e sonhando em fazer diferente, burlar o status quo.

O ator Ashton Kutcher como Steve Jobs - fotos dessa postagem: Divulgação/Playarte

O filme todo parece conduzido às pressas: passamos pela fundação da Apple na garagem do pai, as dificuldades iniciais, os primeiros êxitos, o crescimento repentino, o embate com Bill Gates (Microsoft), a rejeição dentro da própria empresa e a triunfal volta por cima - que transformou a corporação numa das mais valiosas do mundo -  em rápidas cenas.

O roteiro capenga deve ter sido baseado na biografia do empresário na Wikipédia, pois nada do que se vê na telona vai além deste ou de outro breve texto sobre sua trajetória de sucesso e sequer consegue responder quais as motivações que o levavam adiante, o porquê de ser capaz de abandonar a namorada grávida, ignorar uma filha ou se livrar sem maior dor de consciência de quem acreditava não lhe ser mais útil.

Se Steve Jobs era assim mesmo - um canalha com 'C' maiúsculo - 'Jobs', o filme, não consegue construir o homem por trás dessa personalidade controversa.

Ashton Kutcher, se não brilha no papel, também não compromete: o limitado ator incorpora trejeitos de Jobs - como o andar peculiar de corpo inclinado pra frente - e é ajudado horrores pela maquiagem, perfeita - e só.

Kutcher usa uma maquiagem perfeita para personificar Jobs

Só que o problema maior está no desenvolvimento tímido e superficial do personagem pelo roteiro, que em vez de jogar luz sobre a lenda, humanizando-a, só contribui para autenticá-la.

Em última instância, o longa é como uma imitação 'ching-ling' de um produto Apple: podia ser bem melhor, desde que contasse com talento e vontade de mostrar coisas novas.

Se vivo, Jobs, um chato, esquisito, anti social, perfeccionista e dado a estender seus projetos até que estivessem impecáveis, nunca aprovaria isso.

Cena do filme

Ao menos Jobs era um gênio, capaz de fazer um aparelho pior do que a Sansung, por exemplo, faz, mas que cobrava o dobro por ele e ainda achava uma legião de imbecis que comprassem.

O longa, nem isso consegue - só os iniciados na 'seita Jobs' vão gostar.

Fuja.

Confira o trailer do filme:

*****
'JOBS'
Título original:
Jobs
Gênero:
Drama
Direção:
Joshua Michael Stern
Roteiro:
Matt Whiteley
Elenco: 
Aaron Webster, Abigail McConnell, Adam C. Smith, Ahna O'Reilly, Alan D. Purwin, Amanda Crew, Annika Bertea, Ashton Kutcher, Brad William Henke, Brett Gelman, Clayton Rohner e outros
Produção:
Mark Hulme
Fotografia:
Russell Carpenter
Montador:
Robert Komatsu
Trilha Sonora:
John Debney
Duração:
122 min.
Ano:
2013
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
06/09/2013
Distribuidora:
PlayArte
Estúdio:
Dillywood / Five Star Institute / Silver Reel
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:

Nenhum comentário:

Postar um comentário