quarta-feira, 13 de outubro de 2010

HOMOFOBIA, NOS EUA E AQUI: MOMENTOS PREOCUPANTES

Ativistas gays dos Estados Unidos denunciaram, nesta semana, o aumento de crimes contra homossexuais em 2010.

O último caso registrado ocorreu em Bronx, Nova York, onde homossexuais foram seqüestrados e torturados por um bando criminoso.

Outros crimes estiveram presentes no Stonewall Innm, bar em que nasceu o movimento americano de defesa aos direitos gays, e a invasão de privacidade de um universitário - filmado por colegas enquanto tinha momentos íntimos -, que resultou em suicídio, conforme postei aqui na semana passada.

“Estamos vivendo momentos terríveis nos Estados Unidos”, declarou o ativista Steven Goldstein, da ONG Garden State Equality.

Alguns dos causadores dos crimes já foram identificados: fazem parte do bando Latin King Goones.

A polícia de Nova York afirmou que eles barbarizaram um garoto de 17 anos, espancando-o e abusando sexualmente com desentupidor de pia, por ele ser gay.

Enquanto isso, aqui no Brasil, o pastor medieval Silas Malafaia espalhou outdoors homofóbicos pela região metropolitana do Rio de Janeiro.

Ao lado de sua foto, a frase: "Em Favor da Família e e preservação da espécie humana. Deus fez macho e fêmea".

Neste fim de semana, muitos dos cartazes - cerca de 200 - , apareceram pichados por tinta vermelha e com frases como: "Gays amam".

Foto: site MixBrasil
O cartaz sem noção do Malafaia, devidamente pichado

A revanche tem até nome: "Operação Mancha no Malafaia", é organizada pelo professor Aloisio Reis e também tem adesivos para colar no carro.

A campanha de Malafaia é uma resposta à iniciativa da Igreja Cristã Contemporânea a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que repudiou publicamente os outdoors do fundamentalista.

Em nota, um dos fundadores da ICC, o pastor Marcos Gladstone alega que a atitude de Malafaia “é algo desonesto e pouco civilizado. Na verdade, as lideranças que estão por trás destes outdoors não são democráticas, porque na verdade se pudessem não permitiriam sequer que esse debate existisse”.

Confira a nota, na íntegra:

Vemos com grande preocupação a publicação de alguns outdoors de caráter homofóbico do Pr Silas Malafaia que vem sendo difundidos em nossa democrática cidade do Rio de Janeiro, em franca reação a campanha progressista que a Igreja Cristã Contemporânea lançou no mês de outubro em prol do casamento gay.

Digo que nossa cidade é democrática, porque entendo que a democracia se constitui precisamente no debate, e entendo que nem todos são obrigados a concordar conosco.
Não são obrigados a concordar, mas são obrigados a nos respeitar enquanto cidadãos livres, de um país livre.

Os outdoors publicados nos colocam como uma ameaça a procriação da espécie humana e à preservação da família.

Nos atacar em um debate honesto e franco seria, insisto, algo legítimo no âmbito da democracia.

Mas falsamente nos acusar de ser uma ameaça, quando na verdade, os difusores desta campanha sabem que não somos, é algo desonesto e pouco civilizado.

Na verdade, as lideranças que estão por trás destes outdoors não são democráticas, porque na verdade se pudessem não permitiriam sequer que esse debate existisse.

Explico melhor: nossa Igreja não defende que o mundo seja gay, nem deseja que aqueles que sejam heterossexuais tenham a sua orientação sexual revertida.

Já os nossos detratores se pudessem nos imporiam (como ainda fazem na maioria de suas Igrejas) “tratamentos” violentíssimos de reversão que deixam traumas permanentes nas pessoas.

Muitas dessas pessoas chegam em nossa Igreja, oriundas desses meios religiosos, absolutamente flageladas, e nós as acolhemos defendendo um amor de Deus a todos, sem preconceitos de qualquer espécie.

Se não defendemos um mundo gay, o que defendemos?

Um mundo onde todos possam viver em paz e solidariedade, e onde as MINORIAS como a nossa possam ser respeitadas sem ser demonizadas, patologizadas e finalmente violentadas ao extremo.

Ou seja: o mundo NÃO é gay, mas nós somos e exigimos respeito.

Não somos uma ameaça a família, pois formamos famílias por vezes muito mais estruturadas que muitos lares ditos normais.

Eu e meu companheiro estamos adotando legalmente uma criança e desejamos o melhor futuro para ela; com carinho e principalmente dignidade.

Não somos uma ameaça a procriação precisamente porque Deus nos constituiu ENQUANTO minoria e assim seguiremos, pois os planos de Deus são perfeitos.

Não queremos revolucionar o mundo. Mas queremos transformá-lo através da inclusão, não da supressão de uma maioria por uma minoria. Minoria expressiva e que enquanto tal possui os mesmos direitos da maioria justamente por que no jogo democrático somos plurais e singulares ao mesmo tempo: unum et pluribum!?. As diferenças nos singularizam, a democracia nos torna cidadãos e o Evangelho nos torna irmãos!

Neste sentido divulgo este manifesto de repudio a homofobia religiosa que estes outdoors buscam difundir. Não precisamos de muros. Precisamos, sim, de pontes!

Marcos Gladstone, fundador da Igreja Cristã Contemporânea.

*****

Vejo com muita preocupação esse onda homofóbica, aqui e pelo mundo, botando suas asinhas de fora.

Felizmente, existem pessoas com a cabeça no lugar, como o pastor Marcos Gladstone, que pregam o amor e a paz, ao contrário do Malafaia, pregador da discórdia e do ódio.

Um comentário:

nessa disse...

tenho varios amigos gays, e amo todos, eles , as opções deles , eu nem lembro só sei que os amo, com suas escolhas , e nunca vi eles falarem mal da familia, e ter odio de alguem porque deixa claro isso tb é uma forma de preconceito

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