quarta-feira, 13 de outubro de 2010

LOUIS GARREL, MAIOR ASTRO DO CINEMA FRANCÊS

Maior astro do cinema francês, o lindo e talentoso Louis Garrel se prepara para viver o primeiro transexual de sua carreira.
Imagens: Internet

Louis Garrel chega para a entrevista no píer Plage du Majestic, numa ensolarada praia de Cannes, vestindo um paletó marrom todo puído por cima de uma camisa branca, com um colar no pescoço e um pingente minúsculo azul turquesa.


Se estivesse em uma vitrine, a combinação poderia não ser tão atraente. Mas, em seu corpo esguio, acompanhando os cabelos pretos, compridos e rebeldes, forma um conjunto "très chic".


Ele quase não sorri.
Talvez por vaidade –fica muito mais bonito sério–, talvez simplesmente por ser francês. Mas é simpático.


"Muitos brasileiros me abordam nas ruas de Paris."
Mais que os franceses e os paparazzi?
"Os franceses não se aproximam muito, as pessoas são mais tranquilas aqui", ameniza.

Pergunto sobre ser um sex symbol, ele bota a culpa no cinema.
"Existe algo super sexual no cinema, é uma arte que cria desejos. Quando alguém me para na rua e diz ‘je t’aime’, entendo que eu esteja na imaginação dele. Fiz um filme que virou parte dos seus sonhos."


Neto do ator Maurice Garrel, um dos mais atuantes do cinema francês - com 90 filmes -, e filho do cineasta Philippe Garrel, autor de "Amantes Constantes" e "A Fronteira da Alvorada", entre outros, Louis estreou no cinema aos seis anos de idade em um filme de seu pai chamado "Les Baisers de Secours", de 1989.


Mas se tornou estrela nas mãos do italiano Bernardo Bertolucci, com "Os Sonhadores", de 2003, ao lado do americano Michael Pitt e da francesa Eva Green.


Louis Garrel agora testa a mão, pela segunda vez, como diretor.
Seu primeiro curta- metragem chamou-se "Mes Copains" e foi rodado em 2008.


Neste ano, concluiu um média-metragem, de 44 minutos, chamado "Petit Tailleur" (algo como "aprendiz de alfaiate").
É um conto de amor, filmado em branco e preto.
Na trama, um alfaiate vê sua vida mudar ao se apaixonar por uma atriz tão bela quanto frívola.
"É todo construído em torno de mal-entendidos. Felizes mal-entendidos, como são todos os amores", diz Garrel.


Na trilha sonora, outra paixão: The Smiths, a banda liderada pelo músico Paul Morrissey.


Ele não sabe ainda quando vai ter coragem de dirigir um longa-metragem, mas já sabe do que vai tratar.
"Vai ser um melodrama, uma grande história de amor e morte."


MÚSICA E SEXO

A biografia e a arte de Louis Garrel se misturam o tempo todo.

É claro que fazer parte de uma família de artistas o ajudou, assim como a genética, mas a ousadia na escolha dos papéis que interpreta –aliás, a grande responsável por ele ser hoje um dos grandes astros do cinema francês– é toda sua. Ganhou o César - o Oscar francês - de revelação do ano em 2006 por "Amantes Constantes", dirigido pelo pai.


Mas foi nos filmes de Christophe Honoré que mais ousou, inclusive soltando a voz em "Canções de Amor", de 2007.
"Cantar diante de uma câmera é bem mais íntimo do que filmar cenas de sexo", diz.


Garrel não parece ter medo de desafios.
Namora uma mulher 18 anos mais velha - ele tem 27, ela 45 -, a atriz e diretora italiana Valeria Bruni Tedeschi, irmã da primeira-dama francesa Carla Bruni.
Os dois moram em um apartamento do 7º "arrondissement" - bairro - de Paris, na margem esquerda do rio Sena, perto da Place de la Concorde.

Com Valéria

No ano passado, adotaram Céline, uma menininha africana.
Mas ele prefere não falar de intimidades, e tudo que diz sobre sua namorada é que ela o ajuda muito no trabalho.
"Valeria leu o roteiro do meu filme umas cem vezes, discutindo cada réplica dos diálogos."


Seu próximo projeto é o mais ousado de sua carreira até aqui.
O filme, do diretor canadense Xavier Dolan, de 21 anos - de "Eu Matei Minha Mãe" -, chama-se "Lawrence Anyways".


E Louis Garrel, o maior sex symbol da França atual, vai viver um homem que quer mudar de sexo, convencido de que nasceu no corpo errado.
Para não ficar sozinho, ele pede à sua noiva que faça o mesmo.
"Louis não tem exatamente o físico para o papel. Isso é que será tocante em sua transformação. Não é um filme sobre a transexualidade, mas uma história de amor impossível", conta o diretor.


Homem ou mulher, ator ou cineasta, sexy ou romântico, difícil decidir qual é o melhor Garrel.

*****
Matéria de Thiago Stivaletti, publicada na revista "Serafina", de 26.9.2010

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