segunda-feira, 9 de setembro de 2019

'ELITE': CRÍTICA DA 2ª TEMPORADA

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Série espanhola da Netflix consegue manter o nível de intrigas e paixões que a consagrou
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SINOPSE:

Na série espanhola, três jovens amigos - Samuel (Itzan Escamilla), Nadia (Mina El Hammani) e Christian (Miguel Herrán) - recebem bolsas de estudo de uma construtora após um colapso sofrido na sua escola anterior devido a obras mal feitas.

Sua nova escola é Las Encinas, um instituto de prestígio na Espanha, onde as pessoas de elite do país enviam seus filhos para estudar.

No Las Encinas, os três conhecem os ricos irmãos Marina (María Pedraza) e Guzmán (Miguel Bernardeau), cujo pai controla a construtora culpada pelo colapso do telhado de sua antiga escola.

Conhecemos também a namorada casual de Guzman, Lu (Danna Paola) e o filho da diretora da escola, Ander (Arón Piper).

O irmão de Samuel, recém-saído da prisão Nano (Jaime Lorente), e o irmão de Nadia, Omar (Omar Ayuso), logo se envolvem também no choque de estilos de vida, ressentimentos, inveja e atração sexual.

Através de uma série de cenas de flashbacks, é mostrado ao público que as histórias que se desdobram de um choque de estilos de vida de alguma forma levaram a um assassinato.

Essas cenas instantâneas, espalhadas pela narrativa principal, são da investigação policial inicial do crime e dos interrogatórios dos personagens principais, cujas respostas e evasivas destacam aspectos das histórias que levaram ao assassinato.

CRÍTICA:

Elite se tornou sucesso de popularidade, ajudando a colocar a Espanha no mapa da televisão mundial, ao lado de La Casa de Papel e (o ainda crescente sucesso de) Vis a Vis.

Afinal, quem não ama um bom drama adolescente, com um toque de mistério?

Os criadores Carlos Montero e Darío Madrona sabem que sua fórmula funciona e não tem medo de repeti-la na segunda temporada.

Dessa vez, a trama promove o retorno dos alunos para o colégio Las Encinas, tentando seguir em frente com suas vidas.

Porém, a morte de Marina (Maria Pedraza) ainda está presente no grupo, principalmente em Guzman (Miguel Bernardeau) e Samuel (Itzán Escamilla).

O primeiro sofre com a perda da irmã e usa métodos extremos para tentar superar a dor.

Já o segundo está determinado a tirar Nano (Jaime Lorente) da cadeia; investigando Polo (Álvaro Rico) e Carla (Ester Expósito) de perto, para provar a inocência do maninho.

Logo, não demora muito para um outro mistério surgir: um dos jovens desaparece e começa uma corrida contra o tempo para encontrá-lo vivo.

Em sua estrutura, a história segue a mesma: flashbacks contam o que aconteceu, culminando numa série de suspeitos a cada episódio, interconectando os diferentes arcos — sejam eles românticos ou de suspense.

O trunfo da segunda temporada é que não precisa mais perder tempo apresentando seus personagens ou usando cenas chocantes para chamar atenção do espectador.

É possível aprofundá-los um pouco melhor, enquanto insere novidades no elenco e adiciona um bar como cenário para novas tretas.

Ao mesmo tempo, a transição de assassinato para um desaparecimento gera mais tensão, já que não sabemos o que aconteceu com a vítima em questão; e o tempo que demora para tal caso ser solucionado também pode ser essencial no status da pessoa sumida.

Algo essencial para a repaginada dinâmica da série são seus três novos personagens, todos bem interessantes e afetando relações dentre os veteranos.

Desde o início, Rebeca (Claudia Salas) chama a atenção por sua atitude divertida e moderna, apresentando um lado mais vulnerável ao longo da temporada, além de incentivar mudanças em Samuel e Nadia (Mina El Hammani).

Valerio (Jorge Lopez) é aquele que traz o arco mais chocante da segunda temporada junto com Lucrecia (Danna Paola) - mas é capaz de construir uma persona cativante, que foge do estereótipo de "menino problemático".

Por fim, surge Cayetana (Georgina Amorós), a mais fraca dentre os novatos, ainda importante para o desenvolvimento da narrativa.

Sem falar que o trio consegue suprir a ausência de alguns rostos conhecidos que ficam sumidos; como Christian (Miguel Herrán) e Nano — provavelmente pelos compromissos de seus intérpretes com as filmagens de La Casa de Papel.

Quando você altera ligeiramente a receita, é possível trazer sabor novo para um prato já estabelecido - e é esse o sentimento da segunda temporada de Elite.

Os exageros e clichês ainda estão ali, bem firmes e fortes; principalmente em decisões (ou indecisões) estúpidas de certas pessoas. Ainda assim, existe algo mais intrigante nos recentes episódios, mesmo diante de uma trama irregular.

É como acrescentar um clima Segundas Intenções para uma história já descrita, por alguns, como a mistura de Rebelde com Big Little Lies.

Os fãs antigos podem ficar tranquilos, pois casais adorados como Nadia/Guzman e Ander (Arón Piper)/Omar (Omar Ayuso) seguem roubando cenas; mas existem inesperadas alianças que acabam desenvolvendo outros personagens, tirando-os de suas zonas de conforto.

Basta dizer que, se Guzman foi quem mais evoluiu na primeira temporada; os episódios recentes dão destaque para desenvolvimentos de Carla, Ander, Valerio e Nadia (apesar de todo o elenco trabalhar em sintonia).

A prova da competência emocional da série aparece quando o espectador percebe sua conexão com aqueles retratados na tela, inclusive levando-o a compreender pessoas e conceitos que não deviam merecer nossa torcida, normalmente.

Então, é bacana ver o texto trazendo um questionamento incômodo sobre segundas chances, moralidade e perdão; fugindo do caráter mais sensacionalista e superficial.

Justamente como o andamento da história se torna humano, vale a pena esperar pela resolução simplista do mistério no final da temporada.

Elite segue como um prato cheio de dramas, sensualidade e intrigas, capaz de mobilizar fãs pelo mundo afora.

Mas sua grande vitória é saber construir uma segunda temporada útil, sem apenas "causar mais", para trazer consequências naturais aos trágicos acontecimentos de sua estreia.

Nesse sentido, já é um avanço, em comparação a outras obras que falharam em manter interesse e relevância, como 13 Reasons Why.

GALERIA DE IMAGENS:


Foto Álvaro Rico, Danna Paola, Miguel Bernardeau

Foto Arón Piper, Omar Ayuso

Foto Danna Paola, Miguel Bernardeau

Foto Álvaro Rico

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
ELITE
Formato:
Série
Gênero:
Suspense
Elenco:
María Pedraza, Itzan Escamilla, Miguel Bernardeau, Miguel Herrán, Jaime Lorente, Álvaro Rico, Arón Piper, Mina El Hammani, Ester Expósito, Omar Ayuso, Danna Paola, Claudia Salas, Georgina Amorós, Jorge López
Duração dos episódios:
60 minutos
Criador(es):
Carlos Montero, Darío Madrona
País de origem:
Espanha
Empresa(s) de produção:
Zeta Producciones
Exibição:
Netflix
N.º de temporadas:
2
N.º de episódios:
16

COTAÇÃO DO KLAU:

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