O personagem The Lone Ranger foi criado por George W. Trendle e desenvolvido pelo escritor Fran Striker.
Dos livros, suas histórias saltaram para HQs bem legais e o personagem - sempre acompanhado pelo seu cavalo branco Silver e seu inseparável companheiro Tonto, um índio comanche - apareceu ainda numa ótima série nos anos 50.
Com tudo isso, não seria novidade se um dos grandes estúdios resolvesse fazer um longa com o personagem - a Disney topou, mesmo reduzindo seu orçamento inicial.
Mesmo assim, o longa custou US$ 250 milhões, mais US$ 175 milhões gastos com marketing, totalizando US$ 425 milhões.
A super produção 'O Cavaleiro Solitário' que estreia hoje aqui no Brasil, é produzida por Jerry Bruckheimer e dirigida por Gore Verbinski - os dois responsáveis diretos pelo sucesso de 'Piratas do Caribe - e foi uma das mais comentadas dos últimos tempos, principalmente porquê aqui a trama é contada pela ótica do índio Tonto e não pela do Cavaleiro Solitário.
Justamente por isso, a Disney escalou como Tonto uma de sua maiores jóias da coroa: Johnny Depp, que encheu os cofrinhos do Mickey muitas e muitas vezes interpretando o capitão Jack Sparrow na milionária saga dos piratas.
Johnny Depp como o comanche Tonto, aqui ao lado do cavalo Silver: Jack Sparrow fantasiado de índio - fotos dessa postagem: Divulgação/Disney
Mas os trailers divulgados já mostravam que algo não ia bem na super produção - e deu no que deu.
‘O Cavaleiro Solitário‘ estreou nos cinemas americanos na semana passada com a promessa de ser um dos maiores fracassos do ano, e, infelizmente, a promessa se cumpriu.
Em uma semana em cartaz, a produção estrelada por Depp e Armie Hammer - que faz o Cavaleiro - arrecadou só US$ 48,7 milhões nos EUA e trouxe menos de US$ 50 milhões durante seu primeiro fim de semana em todo o mundo - valores muito abaixo da expectativa da Disney, que previa US$ 60 milhões em cada um dos mercados.
Nessa semana, especialistas em bilheteria revelaram ao 'The Hollywood Reporter' que o prejuízo vai se aproximar ou até mesmo ultrapassar a marca de US$ 150 milhões de dólares - mesmo com o apelo que Johnny Depp sempre provoca no mercado internacional.
Armie Hammer como o Cavaleiro Solitário, alter ego do 'Texas Ranger' John Reid: ainda cru para ser protagonista
Ainda assim, afirmou o analista Matthew Harrigan, é menos que os US$ 200 milhões dólares de prejuízo gerados por 'John Carter - Entre Dois Mundos', outro fracasso recente da Disney e que inclusive causou a demissão de Rich Ross, presidente do Disney Studios.
A previsão dos especialistas é que o longa encerre sua carreira nos cinemas com apenas US$ 125 milhões arrecadados nos EUA, e US$ 150 milhões no resto do mundo – somando um total de US$ 275 milhões.
“É muito decepcionante. Tudo era perfeito no papel, e o resultado em bilheterias foi incrivelmente frustrante”, revelou Dave Hollis, vice-presidente executivo da Disney.
Mas, afinal, o que deu de tão errado no projeto?
Assim, como a série de TV original dos anos 50, o filme é voltado para toda a família - crianças principalmente - e repete à exaustão as mesmas fórmulas de 'Piratas do Caribe', atualizando os conceitos dos personagens e adicionando novos elementos.
Na história original, o policial do Texas John Reid é o único sobrevivente de uma emboscada promovida pela gangue do Buraco na Parede.
Salvo por Tonto, um índio comanche seu amigo de infância, Reid decide trazer a justiça para o Velho Oeste vestindo uma máscara , portando uma arma com balas de prata - que nunca usa para matar - montado num lindo cavalo branco, Silver.
Já aqui no longa, John Reid (Armie Hammer) é um advogado que acaba de retornar à sua cidade natal e e está disposto a cumprir a justiça ao pé da letra, levando os criminosos ao tribunal, apesar da resistência da polícia local, chefiada pelo próprio irmão - que pretende eliminar o fugitivo Butch Cavendish e seu bando.
Durante a missão os policiais são assassinados, com exceção de John, que fica à beira da morte.
O índio Tonto (Johnny Depp) o encontra e, ao perceber que um cavalo branco (Silver) escolhe o rapaz, passa a ajudá-lo - Tonto acredita que John foi escolhido por um mensageiro espiritual e que, como voltou da morte, não pode mais ser morto.
A partir de então, John passa a usar uma máscara, se torna o Cavaleiro Solitário e, ao lado de Tonto, faz de tudo para reencontrar Cavendish.
O primeiro problema do longa, logo de cara, é o tom, que nunca escolhe entre o extremamente cartunesco e o extremamente dramático.
Justamente por isso, o vilão Butch Cavendish (William Fichtner) resultou muito violento se comparado aos outros personagens, principalmente se levarmos em consideração que o filme tem como público alvo crianças.
William Fichtner como o vilão Butch Cavendish: violento demais
Outro problema é como alguns personagens interessantes tiveram pouca participação, como Red Harrington (Helena Bonham Carter), que ficou praticamente sumida na trama.
E a escalação dos atores também resultou equivocada: Armie Hammer pode ser lindo de viver, mas prova aqui que ainda não está pronto para um papel importante, principalmente de protagonista.
A Muito acima da média Helena Bonham Carter, como Red Harrington: desperdício de talento
E a estrela Johnny Depp?
O ator sempre acima da média faz aqui seguramente o seu pior papel em muitos anos e seu Tonto não tem, nem carisma, nem energia - e isso apesar de Tonto ser o narrador da trama.
Se Depp é o eixo central do longa, não soube interpretar Tonto, que nada mais é que o Capitão Jack Sparrow vestido e maquiado como índio.
Durante as filmagens no Novo México, Depp foi homenageado pela Nação Comanche e se tornou membro honorário: seu eu fosse o Cacique da tribo, depois de ve-lo como Tonto em ação, cassaria a honraria.
Mas o principal problema é que o filme é longo demais (149 minutos) e, por isso mesmo, não tem ritmo - fatal para um blockbuster.
Se trouxe referências a westerns clássicos - como 'Era Uma Vez no Oeste' e 'Três Homens em Conflito', além de uma divertida homenagem à série de TV estrelada por Clayton Moore (1949 e 1957) que tornou o personagem famoso no mundo - isso pode fazer com que o longa agrade a um público mais velho, mas passa batido aos jovens, principal fonte de renda nesse tipo de superprodução.
No longa da Disney, o Cavaleiro e o índio Tonto não fazem dupla
Na semana passada, na estreia americana, 'O Cavaleiro Solitário' pegou pela frente o atual campeão do Top 10 de lá, a animação 'Meu Malvado favorito 2'.
Aqui no Brasil, o filme pegou outra grande pedreira - a mais que aguardada super produção da Warner, 'O Homem de Aço' - e, apesar da legião de fãs que Depp tem por aqui, o desempenho abaixo do esperado deve se repetir por aqui, se depender do boca a boca entre os jovens.
Com duas horas a meia de duração, oscilação de ritmo e referências que nada dizem para alguém entre 13 e 17 anos, o filme vai ser um tormento para uma turma que não consegue ficar nem uma hora numa sala de cinema com o celular desligado.
Um desperdício de talentos, de tempo, de grana e, principalmente, da paciência do espectador.
Confira o trailer do filme:
*****
'O CAVALEIRO SOLITÁRIO'
Título Original:
THE LONE RANGER
Gênero:
Aventura
Direção:
Gore Verbinski
Roteiro:
Eric Aronson, Justin Haythe, Ted Elliott, Terry Rossio
Elenco:
Armie Hammer, Helena Bonham Carter, Johnny Depp, Tom Wilkinson, Tonya Kay, Travis Hammer, Turner Ross, W. Earl Brown, Walter Anaruk, Will Koberg, William Fichtner e outros
Produção:
Gore Verbinski, Jerry Bruckheimer
Fotografia:
Bojan Bazelli
Montador:
Craig Wood, James Haygood
Trilha Sonora:
Jack White
Duração:
149 min.
Ano:
2013
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
12/07/2013
Distribuidora:
Disney
Estúdio:
Jerry Bruckheimer Films / Silver Bullet Productions
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:
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