terça-feira, 21 de janeiro de 2020

'MR. ROBOT': CRÍTICA DA 4ª TEMPORADA

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Última grande produção da década, série entrega excelente ano final
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SINOPSE:

Elliot Alderson (Rami Malek) é um hacker ambicioso, com o sonho de acabar com a terrível E Corp e melhorar o mundo.

CRÍTICA:

O mesmo formato que permite aprofundar personagens e tramas ao longo de vários capítulos e temporadas dá espaço para programas ficarem em estado de coma, meramente respirando por aparelhos durante anos e anos.

É por isso que ver uma série planejada desde o início, com direcionamento planejado, é tão satisfatório.

Os últimos anos foram marcados por várias produções do tipo, e agora Mr. Robot fecha a lista de grandes seriados da década com uma quarta temporada que amarra muito bem toda a jornada até aqui.

O seriado cresceu muito desde o primeiro momento que apresentou Elliot Alderson (Rami Malek), hacker ambicioso, com o sonho de acabar com a terrível E Corp e melhorar o mundo.

De lá para cá não só ele conseguiu, como também colheu os frutos de seus feitos ao ser preso, jogar os Estados Unidos em uma crise ainda mais profunda e comprar briga com o Dark Army, comandando pela enigmática Whiterose (BD Wong).

Agora tudo precisa chegar ao fim, e o programa demonstra a importância de cada fase na construção de seu elenco.

São episódios bastante reveladores, que discutem tanto a origem e financiamento do exército hacker chinês, como também os vários traumas do protagonista e, sim, o triste motivo da criação de seu “amigo imaginário” Mr. Robot (Christian Slater).

Cada capítulo parece colocar o dedo mais a fundo na ferida o que, narrativamente, é excelente.

A quarta temporada é impiedosa, não dá um segundo de respiro ao público e nem ao protagonista.

Um capítulo foca em respostas, outro em um passo importante para o conflito, já outro resgata algum elemento do ano dois.

É um ritmo frenético, que funciona bem quando o tema discutido é urgência, a iminência do fim e também a impulsividade de Elliot, abordada desde o começo da série.

Os poucos momentos que o ritmo desacelera são usados para elevar o impacto de decisões questionáveis, ou então destrinchar o emocional dos personagens.

Por exemplo, uma subtrama em que o protagonista se envolve com um de seus “alvos” para manipulá-la acaba com ele forçando-a cooperar de forma brutal, destruindo sua vida no processo, o que quase a leva ao ponto de suicídio. 

Mais do que nunca, o show sabe quando ser frio e chocante.

Praticamente todo episódio traz a equipe de produção no ápice de suas habilidades.

O criador Sam Esmail e seus roteiristas criam cenários inéditos para carregar a tensão, mas sempre trabalhando em função de amarrar as pontas soltas e esclarecer o que ficou em aberto.

Os diálogos aqui são alguns dos melhores de toda a série, e ressoam ainda mais graças à poderosas atuações: as cenas em que Christian Slater assume a narração, a excelente caracterização do traficante Fernando Vera (Elliot Villar), que rouba o foco sempre que dá as caras, ou então BD Wong dando dramaticidade à Whiterose e ao ministro chinês Zhang.

O subarco de Darlene (Carly Chaikin) e da agente Dominique DiPierro (Grace Gummer) também impressiona ao combinar drama, violência e bastante ação.

A trilha sonora de Mac Quayle complementa o suspense com sintetizadores pulsantes.

É um daqueles raros casos em que tudo parece se alinhar e ser executado a perfeição - e nada deixa isso mais visível do que a fotografia.

A estética visual é componente central do programa desde o piloto, e foi apenas evoluindo com o passar dos anos.

A partir da terceira temporada, ganhou um toque mais experimental, o que funcionou maravilhosamente bem como no episódio inteiramente realizado em plano-sequência.

Aqui isso é elevado, e o diretor de fotografia Tod Campbell domina o espectador com planos fluidos e movimentos inusitados.

A inventividade rouba os holofotes: um capítulo pode ser inteiramente conduzido sem diálogos, só através da comunicação não-verbal, enquanto o outro é gravado como uma peça de teatro.

Cada episódio tem algo de especial, e a estética se torna uma obra por si só.

Mr. Robot não entrega apenas um prato cheio aos fãs, mas serve um verdadeiro banquete de despedida.

O plano de Esmail de concluir tudo em “quatro ou cinco temporadas” é executado com o mais alto nível de qualidade, graças à uma equipe unida que passou muitos anos afinando suas habilidades.

Mais surpreendente é como a série consegue seguir com narrativas bizarras, as vezes que desafiam a própria lógica, mas ainda fechar tudo de forma coesa, justificada e bastante satisfatória.

É essa combinação de surrealismo e realismo sombrio que lhe dá personalidade única.

O programa poderia ser só mais um caso de sorte de iniciante, daqueles que começam bem e vão se desgastando, cegos pelo próprio sucesso.

Mas o controle que o criador exerceu ao longo dos anos nunca deixou a produção descarrilar - na verdade, o seriado chegou ao fim dos trilhos sem sequer balançar muito.

Com o iminente fim da década, as listas de retrospectivas terão um problema espacial para acomodar tantos clássicos dos últimos dez anos, como The Americans, Atlanta, The Leftovers, Fargo e incontáveis outros.

Mesmo com toda a dor de cabeça, o hacker vigilante, seu alter-ego imaginário e a série que combinou cultura tecnológica, ativismo, saúde mental e técnica cinematográfica artística, merecem seu lugar no pódio.

GALERIA DE IMAGENS:
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TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
MR. ROBOT
Formato:
Série
Gênero:
Drama, Thriller tecnológico, Thriller psicológico
Duração dos episódios:
44-46 minutos, 65 minutos (piloto)
Status:
Finalizado
Criador(es):
Sam Esmail
Estúdios:
Universal Cable Productions, Anonymous Content
Exibição:
Canal USA
Elenco:
Rami Malek, Carly Chaikin, Portia Doubleday, Martin Wallström, Christian Slater
N.º de temporadas:
4
N.º de episódios:
45

COTAÇÃO DO KLAU:

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