SINOPSE:
Inverno de 1968.
Com a carreira em baixa, Judy Garland (Renée Zellweger) aceita estrelar uma turnê em Londres, por mais que tal trabalho a mantenha afastada dos filhos menores.
Ao chegar, ela enfrenta a solidão e os conhecidos problemas com álcool e remédios, compensando o que deu errado em sua vida pessoal com a dedicação no palco.
CRÍTICA:
"O que você vê além desta parede?"
A frase, dita ainda sem qualquer imagem, é um convite ao espectador para ir além da persona pública de Judy Garland, ícone absoluto do cinema desde o sucesso, ainda adolescente, no clássico O Mágico de Oz (1939).
Por mais que até traga breves cenas do período, não é o objetivo desta cinebiografia abordar toda a vida da atriz, já que o foco de Judy: Muito Além do Arco Íris, que estreia hoje aqui no Brasil, está em sua decadência, quando teve que partir rumo a Londres para uma série de shows, por não conseguir meios de se sustentar nos Estados Unidos e mesmo que isto lhe custe a distância dos dois filhos menores, que não puderam acompanhá-la.
Para contar esta história, o diretor Rupert Goold fez uma escolha certeira e surpreendente: Renée Zellweger.
Nem tanto por sua qualidade vocal, já demonstrada em Chicago - que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, inclusive -, mas devido à transformação física sofrida pela atriz nos últimos anos, que lhe rendeu anos de afastamento da vida pública.
É impossível iniciar o longa sem ver em Renée a personificação da decadência, até com uma certa desconfiança: o impacto de sua caracterização é tamanho que é até mesmo difícil se lembrar que na tela está uma personagem, e não a própria atriz.
E Era exatamente isto que Goold desejava.
Entretanto, reduzir a atuação de Renée ao impacto de sua presença seria extremamente injusto.
Se a atriz continua insistindo em seus maneirismos típicos, especialmente o conhecido biquinho, ela também consegue transmitir um vazio no olhar que impressiona.
Entretanto, é no palco que atriz e personagem se transformam: com sua potência vocal, Renée traz para si a dramaticidade do momento de vida de Judy Garland e, por que não?, seu também.
Judy é sua grande volta por cima, a chance de provar ao mundo que ainda é uma boa atriz.
E ela consegue, com folgas.
Como pano de fundo, o longa aborda os vários problemas pessoais de sua personagem-título sem, no entanto, entrar em detalhes - não é este seu objetivo, afinal.
Os breves flashbacks da época de O Mágico de Oz têm por função muito mais ressaltar a pressão massacrante que sofrera desde a adolescência, sendo obrigada a tomar pílulas e mais pílulas para ser uma artista perfeita, tanto em competência quanto para a mídia.
Judy Garland foi uma cria de Hollywood, para o bem e para o mal, e isto lhe cobrou um preço alto, no âmbito pessoal.
No fim das contas, Judy é a reverência a uma grande artista, sem maquiar seus problemas, o que fica escancarado em seu desfecho comovente.
Ao mesmo tempo, trata-se de uma típica história de Hollywood, que cria candidatos a ídolos em profusão de forma a satisfazer a indústria, sem no entanto dar a devida importância à pessoa por trás da persona pública.
Por mais que excessos e abusos do tipo não sejam mais rotina, eles ainda acontecem só que em outra instância - estão aí as denúncias contra Harvey Weinstein, para nos lembrar do lado sujo de Hollywood.
Filmaço - e Renée favorita ao Oscar de Melhor Atriz.
GALERIA DE IMAGENS:
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
Título Original:
JUDY
Gênero:
Biografia, Drama
Direção:
Rupert Goold
Elenco:
Renée Zellweger, Jessie Buckley, Finn Wittrock, Rufus Sewel, Bella Ramsey
Roteiro:
Tom Edge
Música:
Gabriel Yared
Cinematografia:
Ole Bratt Birkeland
Edição:
Melanie Ann Oliver
Estúdios:
BBC Films, Pathé, Calamity Films
Distribuição:
Paris Filmes (Brasil)
Estreia:
30 de janeiro de 2020
Duração:
1h58min
COTAÇÃO DO KLAU:
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