quarta-feira, 19 de junho de 2019

'BATMAN': LONGA DE TIM BURTON COMPLETA 30 ANOS DE LANÇAMENTO HOJE!

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Saiba tudo sobre o clássico, que estreou nos cinemas em 19 de junho de 1989
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Batman, de Tim Burton, um dos primeiros filmes de super-heróis de todos os tempos, completa exatamente neste 19 de junho 30 anos de seu lançamento.

Como eu fiz uma manhã inteira de malabarismos para poder estar na primeira sessão - e fiquei na sala de cinema pelas próximas quatro - queria rememorar com vocês o impacto que esse belo longa fez nos nossos corações e mentes.


Hoje em dia, filmes de super-heróis são tão comuns que se tornaram a fonte mais rentável e bem sucedida da Hollywood atual.

Mas se formos voltar ao passado e olhar 30 anos atrás, esta realidade era bem diferente.

Foi somente em 1989, no aniversário de 50 anos do Batman, que a Warner tirou do papel o primeiro filme do icônico personagem criado pelo artista Bob Kane em 1939.

Antes disso, a imagem mais popular que se tinha do personagem era a interpretada por Adam West na cult série da década de 1960 – aquele do “Pow”, “Soc”, “Wham”.

Essa versão do personagem era mais voltada ao humor, dono de um tom extremamente farsesco e caricato.

Também gerou um longa-metragem em 1966, rodado entre a primeira e a segunda temporadas, para lançar a bat série nos mercados de fora dos EUA.

Sim, meus queridos, ADAM WEST FOI O PRIMEIRO BATMAN DOS CINEMAS.


Desta forma, em 1989 foi a primeira vez que o personagem de fato ganhou um tratamento diferenciado e cinematográfico – no melhor sentido da palavra.

Não havia muito precedente, já que na época histórias em quadrinhos ainda eram consideradas coisa de criança e todo estúdio que se prezava via o material como um tremendo risco.

A não ser a própria Warner, que em 1978 tirou do papel, recebeu inúmeros elogios e lucrou  horrores com 'Superman - O Filme'.

Essa foi a primeira vez que um filme tratou tais obras com seriedade, apelando tanto aos adultos quanto às crianças.

Richard Donner, o diretor, fez com que todos acreditassem que um homem podia voar – esse era inclusive o slogan da produção.

No elenco, grandes astros da época davam o respaldo necessário, trazendo credibilidade ao projeto.

Marlon Brando – o maior ator americano à época – viveu o pai kryptoniano do herói, e Gene Hackman, ator que já tinha duas indicações e uma vitória no Oscar deu vida ao vilão Lex Luthor.


Com Batman, o desejo do estúdio era por uma proposta similar: uma obra calcada no realismo, sem esquecer se tratar de uma história de quadrinhos.

Essa mescla de fantasia com sobriedade e elementos adultos fazia toda a diferença - mas nem sempre foi assim.

O filme quase seguiu os moldes coloridos e bem humorados do seriado de TV, e por pouco não teve Bill Murray como o Homem Morcego e Eddie Murphy como Robin!

Nesta época, o diretor Ivan Reitman (Os Caça-Fantasmas) era cotado para comandar a produção.


Mas a opção da Warner e dos produtores Peter Guber e Jon Peters (os homens que fizeram este motor girar) foi mesmo por um tom mais sério, maduro, intenso e sombrio.

Depois de muitos diretores serem considerados, o comando do filme terminou nas mãos de Tim Burton, então um cineasta novato de 30 anos de idade, vindo do setor de animação da Disney, com apenas dois longas no currículo – o infantil As Grandes Aventuras de Pee-Wee (1985) e Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice, 1988).

Foi inclusive o sucesso do segundo, lançado pela própria Warner, que fez os produtores escolherem Burton de vez – o diretor teve assim mais de um ano para o lançamento Batman, já que Beetlejuice estreou no início de 1988.


De Burton, que depois adotaria de vez o estilo sombrio e o visual gótico, saído do expressionismo alemão, partiu a ideia para a criação daquele universo particular – que englobou a construção de uma imensa Gotham City em estúdio e sua direção de arte, o visual dos personagens (como o uniforme do herói – uma armadura negra), a trilha sonora imponente de Danny Elfman e os demais elementos.

O visual de Batman mistura elementos típicos do cinema noir, com uma criminalidade pulsante (bem similar a filmes de gângsters da década de 1930, o filme inclusive parece passado em tal década), com o visual fantástico, de sombras e cenários de angulações distorcidas, do expressionismo do cinema alemão - vide F.W. Murnau.

Por falar nesta atmosfera, muitos acreditavam que o filme sequer era indicado para seu público-alvo.


O crítico Gene Siskel, na época chegou a dizer que Batman “não era um filme para crianças”.

Já seu companheiro de programa, Roger Ebert, foi além, e citou:

“Não é apenas um filme sombrio ou noir, mas existe um grande nível de hostilidade e raiva neste filme, um grande nível de sentimentos ruins. É um filme extremamente perturbador”.


Quanto aos atores, depois de muita procura e ofertas – como é esperado num filme assim, de orçamento estimado na casa dos US$35 milhões (o que na época era um absurdo) - a produção optou por Michael Keaton, um ator que vinha basicamente de comédias, tinha estrelado  Beetlejuice, também de Burton, um ano antes e não tinha o porte do personagem como os fãs queriam.

A opção de Burton era por um homem comum, extremamente identificável, que deixava fluir seu lado negro e assustador devido a um grande trauma.

A proposta de entregar algo completamente fora do padrão, do esperado e atuando contra o estereotipo se mostrou muito bem sucedida e Keaton ainda permanece como o Batman preferido de muitos - para muitos também, ele é melhor Bruce Wayne do que Batman.

Só que na época, os fãs do Morcego odiaram a escolha por Keaton, dizendo, por baixo, que não conseguiam vê-lo como o personagem.

Numa época pré internet, mais de 50 mil cartas foram enviadas para a Warner se posicionando contra a escolha do ator.


Para acalmar os ânimos, a Warner divulgou imagens do ator dentro da armadura – os fãs ainda imaginavam o collant típico dos heróis, como nos quadrinhos, na série de TV e o usado por Christopher Reeve em Superman (1978).

A ideia da armadura foi revolucionária e coloca o herói, que não possui poderes sobre-humanos como os outros super-heróis, numa situação de vantagem, se tornando inclusive à prova de balas.

A roupa também dava todos os músculos e a altura que Keaton precisava para ser o herói.

Recentemente, Shazam! usou a mesma estratégica com o ator Zachary Levi.


Quanto ao vilão Coringa, o astro Jack Nicholson só topou o interpretar quando a Warner armou uma “armadilha” para o ator.

A fim que o astro aceitasse, a Warner fez chegar aos seus ouvidos que Robin Williams iria ficar com o papel – a quem o personagem havia realmente sido oferecido.

Assim, Nicholson pulou na oferta - e Williams por outro lado não gostou nada de ter sido usado como isca.

No meio das filmagens, alertado pelo seu agente sobre o imenso potencial de vendas de produtos licenciados com a sua imagem como o Coringa,
Nicholson pediu uma reunião com a diretoria da Warner e exigiu um novo contrato, que lhe daria, além de uma porcentagem da bilheteria ao invés de um salário fixo pelo filme, um percentual em cada produto ou boneco do Coringa que fosse lançado;

Foi uma manobra arriscada se o filme se mostrasse um fracasso, mas, visionário, Nicholson acabou embolsando cerca de US$80 milhões para viver o palhaço do crime – ainda hoje, um dos maiores cachês a um ator na história.


Kim Basinger não topou de primeira viver a repórter Vicki Vale, sendo substituída pela atriz Sean Young (Blade Runner – O Caçador de Androides).

Young chegou a rodar cenas como Vale, mas numa delas, na qual andava a cavalo, caiu e quebrou a clavícula, precisando se afastar por completo da produção.

Assim, Basinger foi chamada às pressas e depois de reajustes na oferta salarial, topou o desafio.

Além disso, Basinger insistiu para aumentar seu papel no filme.

Na cena final, a do duelo entre Batman e Coringa na catedral de Gotham, Vale ficaria de fora, lá embaixo.

Basinger insistiu para que sua personagem estivesse no ato final e assim, os roteiristas ao lado da atriz reescreveram o desfecho para incluí-la.

Isso que é iniciativa!


Realmente talvez seja muito difícil para a geração de hoje, nascida numa era de filmes eventos e colossos semanais, entender o fenômeno cultural que foi Batman.

Não existia precedentes para esta magnitude.

Só em matéria de merchandising, por exemplo, os materiais promocionais de Batman (como cartazes, outdoors e o símbolo amarelo do Morcego) começaram a ser veiculados um ano antes da estreia.

Até mesmo no Brasil vimos o símbolo do herói espalhado pela cidade.

E sim, como o trailer só passava nos cinemas, muitos de nós, bat maníacos, íamos até ás salas, comprávamos o ingresso, entrávamos, assistíamos ao trailer espetacular - e depois íamos embora.

Afinal, nenhum filme se equipararia a Batman, né?

Relembre o icônico trailer:


O filme lucrou mais de US$40 milhões em sua estreia, somando mais de US$250 milhões só nos EUA.

Pelo mundo, Batman arrecadou mais de US$ 410 milhões - um verdadeiro arrasa-quarteirão para a época.

Se a bat série (1966-1968) foi a responsável pela primeira grande 'Batmania' mundial, o filme de 1989, seguramente detonou a segunda 'Batmania' mundo afora.

Era o início de uma nova era.


E o que temos hoje no terreno de superproduções megalomaníacas se deve muito a este filme.

Os blockbusters haviam dado seu start com Tubarão (1975) e depois disso, na década de 1980, abriam a porta como nunca antes para o cinema entretenimento.

Mas é seguro dizer que Batman elevou o jogo a outro patamar.

Como previu o astro Sylvester Stallone após o lançamento deste filme, o cinema comercial estava prestes a mudar, atores davam lugar a marcas, efeitos e personagens.


Tim Burton fez no ano seguinte um dos seus filmes mais simpáticos - 'Edward Mãos de Tesoura', catapultando ao estrelato seus protagonistas Wynona Rider e Johnny Depp.

Logo depois, fez 'Batman Returns', para muitos - eu inclusive - o melhor filme do Morcego e que, além de Michael Keaton como um Batman/Bruce espetacular,  tinha uma espetacular Michelle Pffeifer como a Mulher-Gato e Danny DeVitto como o Pinguim.

Tivemos depois disso os dois longas horrorosos de Joel Schumacher, a brilhante trilogia de Chris Nolan com Chris Bale e o Morcego meia boca de Ben Affleck.

Só esperamos, como bons bat-maníacos que somos, que Robert Pattison faça pelo menos metade do que Tim Burton fez em 1989.

O Morcego, agora com oitenta anos, merece!

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