SINOPSE:
Após a estranha morte de seu avô (Terence Stamp), o jovem Jake (Asa Butterfield) parte com seu pai para o País de Gales.
Lá ele pretende encontrar a Srta. Peregrine (Eva Green), atendendo ao último pedido do avô, que lhe disse que "ela contará tudo".
Só que, ao chegar, descobre que o local onde ela viveria é uma mansão em ruínas, que foi atingida por um míssil durante a Segunda Guerra Mundial.
Ao investigar a área, Jake descobre que lá há uma fenda temporal, onde a Srta. Peregrine vive e protege várias crianças dotadas de poderes especiais.
Seus moradores vivem em um eterno looping, que faz com que o mesmo dia se repita todos os dias e termine antes do míssel atingir o casarão.
Isso faz também com que os peculiares nunca envelheçam.
Entretanto, uma ameaça vinda de dissidentes deve acabar com a paz e a segurança de lá.
CRÍTICA:
Em obras artísticas, metáforas sobre pessoas com poderes especiais que as afastam dos demais ao serem alvos de preconceito são clara alusão àqueles que sofrem por serem fisicamente diferentes, ou por pertencerem a outra cultura ou ambiente.
É assim com os mutantes da saga 'X-Men', acolhidos pelo professor Xavier em uma mansão e onde conseguem desenvolver suas habilidades.
Assim, podemos dizer que o novo longa do diretor Tim Burton, 'O Lar Das Crianças Peculiares', em exibição em 538 salas em todo o Brasil, é como um X-Men dirigido para os pequenos.
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| Ella Purnell e Asa Butterfield, em cena do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Fox Film |
Assim como na trama da Marvel, as crianças especiais se reúnem em um orfanato, aqui comandado pela durona, mas bondosa Srta. Peregrine (Eva Green) e lá aprendem como controlar seus poderes, além de se protegerem da hostilidade do mundo exterior.
Acontece que nem todos os peculiares são bondosos.
Um grupo de dissidentes, liderado pelo performático vilão Barron (Samuel L. Jackson), desejam alcançar imortalidade e depois de um experimento que falhou, eles acabam adquirindo uma aparência monstruosa e se tornando o que chamam de etéreos.
Para se aproximarem da aparência humana, eles precisam se alimentar dos olhos de outros peculiares, principalmente crianças.
Essa bizarrice fica por conta de Burton, já que no livro best seller de Ransom Riggs, em que a trama é baseada, os etéreos se alimentam das próprias crianças.
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| Eva Green é a Srta. Pelegrine |
No início, o longa lembra muito o estilo de outras obras de Burton, como a escala gótica de 'Edward Mãos De Tesoura', aliada ao humor debochado de 'Os Fantasmas Se Divertem' e o toque de heroísmo e fantasia de 'Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas'.
Se os personagens não são tão aprofundados quanto deveriam, o diretor opta por mostrar suas peculiaridades na prática, um acerto diante da necessidade do cinema em ser mais preciso e poupar tempo.
Apesar de construir bem a história do início ao meio, o roteiro perde força no final.
O embate entre as crianças e os vilões não fornece nenhuma emoção, tudo parece fácil e corrido demais, como se o diretor precisasse se livrar logo daquele momento para conseguir encerrar o filme.
Samuel L. Jackson continua interpretando a si mesmo e seu vilão Barron chama mais atenção pela cafonice de suas falas do que pelo seu grau de maldade.
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| Samuel L. Jackson como o vilão Barron |
Há algumas mudanças em relação ao livro que não se justificam, como a troca de poderes de alguns personagens - como Olive, que no filme tem o poder de fogo, mas no livro consegue voar - e a idade dos atores.
Para aqueles que não leram o livro, esses detalhes não farão diferença, mas para os que leram será uma diferença e tanto.
Algumas mudanças, entretanto, foram boas.
A Srta Peregrine – que no livro está mais próxima da aparência da Babá McPhee, mas é interpretada pela musa e linda Eva Green – está menos maternal e mais confrontadora e o clímax final também conta mais com a participação das crianças.
A adaptação de Burton não parece deixar brechas para uma sequência, já que seu final também é diferente do apresentado no livro.
Asa Butterfield se mostra novamente um ótimo ator e se sai muito bem no papel de Jake, que honra o legado de seu avô (Terence Stamp) e ajuda as crianças a se livrarem dos etéreos.
Ele chegou naquela fase em que não é mais um ator mirim, mas ainda não é cotado para papéis mais adultos e mesmo nesse meio termo, é animador ver que ele não ficou apenas como "promessa", após estrelar muito bem em 'A Invenção de Hugo Cabret'.
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| As 'crianças peculiares' da trama |
Se o longa talvez não faça jus ao livro – quase nenhuma adaptação faz – ao menos consegue resgatar um espírito de aventura e camaradagem que era bastante comum nos clássicos infanto-juvenis da década de 80 - como 'Os Goonies' e 'De Volta Para o Futuro'.
Isso só prova que Burton ainda consegue pensar e ser bem melhor do que ele vem mostrando em suas últimas produções.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'O LAR DAS CRIANÇAS PECULIARES'
Título Original:
MISS PEREGRINE’S HOME FOR PECULIAR CHILDREN
Gênero:
Fantasia
Direção:
Tim Burton
Roteiro:
Jane Goldman
Elenco:
Aiden Flowers, Allison Janney, Asa Butterfield, Chris O'Dowd, Ella Purnell, Ella Wahlestedt, Eva Green, Finlay MacMillan, Georgia Pemberton, Hayden Keeler-Stone, Judi Dench, Kim Dickens, Lauren McCrostie, Milo Parker, O-Lan Jones, Pixie Davies, Rafiella Brooks, Rupert Everett, Samuel L. Jackson, Terence Stamp
Produção:
Jenno Topping, Peter Chernin
Fotografia:
Bruno Delbonnel
Montador:
Chris Lebenzon
Trilha Sonora:
Danny Elfman
Duração:
127 min.
Ano:
2016
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
29/09/2016 (Brasil)
Distribuidora:
Fox Film
Estúdio:
Chernin Entertainment / Tim Burton Productions
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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