SINOPSE:
Camden Town, bairro burguês de Londres, 1970.
Mary Shepherd (Dame Maggie Smith) é uma senhora idosa, que mora dentro de uma van.
Devido aos seus hábitos pouco higiênicos, os moradores não gostam nem um pouco quando ela decide estacionar o carro próximo às suas casas.
O único que a tolera é o escritor Alan Bennett (Alex Jennings), que permite que ela use seu banheiro de vez em quando.
Após algum tempo, os moradores conseguem que a prefeitura proíba que qualquer carro fique estacionado no bairro.
A intenção era que a sra. Shepherd deixasse o local, mas ela encontra uma saída quando Alan oferece que estacione na vaga existente em sua própria casa.
CRÍTICA:
Logo no início da projeção, o espectador é avisado de que 'A Senhora da Van', em exibição a partir de hoje em 28 salas em todo o Brasil, é baseado em fatos reais.
Afinal, a trama, surpreendente, mostra em detalhes como a pobreza nua e crua, escancarada ao alcance das mãos, bate às portas dos habitantes de um típico bairro de classe média-alta londrino.
É no relacionamento entre a senhora Shepherd (Dame Maggie Smith, absolutamente fantástica) e seus vizinhos que está a sutileza do roteiro e também a beleza da história.
A trama gira em torno do fato de a senhora Shepherd viver em uma van que, de tempos em tempos, troca de vaga ao longo do bairro de Camden Town, martírio para os vizinhos, devido aos hábitos pouco higiênicos da motorista, de passado misterioso.
Dame Maggie Smith como a senhora Shepherd, em cena do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Sony Pictures |
O único que a tolera é o escritor Alan Bennett (Alex Jennings), que cede o banheiro para que ela possa usá-lo – não sem muitas reclamações.
Assim, por mais que às vezes apareça uma ajuda, os moradores querem mesmo é que a senhora e sua van desapareçam de suas vidas, já que a existência de uma pessoa que aceite passar por necessidades morando tão próximo incomoda, não apenas pela existência de tal realidade em um bairro abastado mas, também, pela dificuldade em lidar com o diferente - e isso vale também para Alan.
Mesmo com todos os seus preconceitos, ainda assim Alan demonstrou humanidade ao ajudá-la.
E como é o verdadeiro Alan Bennett quem assina o livro e a adaptação para o teatro (onde foi sucesso com a mesma Dame Smith no papel) e também para o cinema, é natural que não haja uma mão muito pesada em relação ao incômodo da pobreza ao lado, apenas diálogos e comentários ácidos, típicos do senso de humor inglês e de uma certa comoção que logo se transforma numa espécie de “adoção coletiva da figura excêntrica do bairro”.
Alan Bennett (Alex Jennings) é o único que tolera a senhora por perto |
Assim, o explosivo tema, que poderia render bastante pela diferença de classes em um país capitalista de primeiro mundo é naturalmente minimizado.
Aqui, o foco do diretor Nicholas Hytner é ressaltar as personalidades tão anacrônicas da senhora Shepherd e de Alan e como aos poucos surgiu entre eles uma relação de respeito e agradecimento, com cada um guardando para si segredos bem particulares.
É possível notar um carinho palpável por ela, auxiliado pela atuação absurdamente espetacular de Dame Maggie Smith, desta vez em uma personagem de atitude que, em muitos casos, torna-se antipática para o próprio público.
A atriz, atualmente a maior da TV, teatro e cinema britânicos. consegue driblar bem estes momentos, e o espectador logo se rende pela personagem.
Já Alex Jennings constrói um Alan Bennett multifacetado em vários momentos e que tem na insegurança seu traço mais marcante.
Conduzido sempre em clima ameno, já que não há interesse em tocar em temas mais espinhosos, o longa cumpre sua função de trazer a história tão diferente ao grande público - depois do livro e dos palcos, agora nas telas de cinema.
Os dois protagonistas funcionam |
E com dois bons protagonistas, a trama funciona e é interessante.
O público paulistano já tinha gostado muito do longa, que foi exibido na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2015.
Depois de vermos Dame Smith detonar tudo com sua chique e sarcástica Lady Violet Crowley na série 'Downton Abbey', vê-la agora, sem maquiagem, suja e maltrapilha pode parecer um choque - mas para quem gosta de grandes interpretações, o choque é de emoção, pura e simples.
Vale uma olhada no longa, que a Sony Pictures tinha marcado para estrear aqui no Brasil anteriormente em 28 de janeiro, mas só estreou agora.
Antes tarde do que nunca.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'A SENHORA DA VAN'
Título Original:
THE LADY IN THE VAN
Gênero:
Drama
Direção:
Nicholas Hytner
Roteiro:
Alan Bennett
Elenco:
Alex Jennings, Dame Maggie Smith, David Calder, Dermot Crowley, Dominic Cooper, Frances de la Tour, James Corden, Jim Broadbent, Roger Allam, Russell Tovey, Sacha Dhawan, Samuel Anderson, Samuel Barnett, Stephen Campbell Moore
Produção:
Damian Jones, Kevin Loader, Nicholas Hytner
Fotografia:
Andrew Dunn
Montador:
Tariq Anwar
Trilha Sonora:
George Fenton
Duração:
108 min.
Ano:
2015
País:
Reino Unido
Cor:
Colorido
Estreia:
07/04/2016 (Brasil)
Distribuidora:
Sony Pictures
Estúdio:
BBC Films / TriStar Productions
Classificação:
10 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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