sábado, 31 de agosto de 2013

FESTIVAL DE VENEZA: AS ATENÇÕES FORAM TODAS PARA SANDRA BULLOCK, GEORGE CLOONEY, JAMES FRANCO, NICOLAS CAGE E BRUCE LABRUCE


O melhor do Festival de Cinema de Veneza, que acontece até o próximo dia 7 de setembro, você confere aqui:

'GRAVIDADE': GEORGE CLOONEY DIZ QUE BEBEU COMO PREPARAÇÃO E SANDRA BULLOCK FALA QUE FARÁ COMÉDIA "ATÉ MORRER"
*****
'GERONTOPHILIA': TRAMA COM RAPAZ GAY QUE SE RELACIONA COM IDOSOS APIMENTA VENEZA
*****
'JOE': NICOLAS CAGE É APLAUDIDO, DIZ QUE NÃO PENSA EM SE APOSENTAR E ELOGIA AFFLECK COMO BATMAN
*****
'CHILD OF GOD': LONGA DE JAMES FRANCO, COM NECROFILIA E VIOLÊNCIA, É APLAUDIDO
*****
'PHILOMENA': DAME JUDI DENCH E STEPHEN FREARS OVACIONADOS POR DRAMA REAL DE MULHER QUE TEVE SEU FILHO ROUBADO
*****
Confira:

'GRAVIDADE': GEORGE CLOONEY DIZ QUE BEBEU COMO PREPARAÇÃO E SANDRA BULLOCK FALA QUE FARÁ COMÉDIA "ATÉ MORRER"

George Clooney é quase um sócio do Festival de Veneza.

Quatro anos depois de um homem ter invadido sua coletiva nu e dois anos após abrir o evento com seu "Tudo pelo Poder", o galã retorna ao Lido para apresentar "Gravidade", junto da atriz - e uma de suas melhores amigas - Sandra Bullock e do diretor mexicano Alfonso Cuarón ("Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban").

A mistura épica de ficção científica e drama familiar foi exibida pela primeira vez na (27) e arrancou aplausos da imprensa mundial, com Clooney interpretando Matt Kowalsky - um astronauta veterano em sua última missão no espaço - enquanto Bullock vive uma cientista estreando fora da Terra.

Os dois têm a missão de consertar uma falha no telescópio Hubble, algo corriqueiro para funcionários da NASA, mas acabam enfrentando problemas.

"Apesar de ficar sozinho no espaço no filme, nunca me senti assim nas filmagens. Eu sempre estava cercado por 500 pessoas", contou Clooney, que, ao contrário da amiga Sandra, não teve nenhum treinamento especial para lidar com cabos ligados ao corpo ou movimentos lentos em gravidade zero.

"Minha preparação foi basicamente beber durante o filme todo. Sandy que teve o trabalho duro. Ela precisava se movimentar de forma devagar, mas fazer isso e falar normalmente é muito difícil. Eu nunca conseguiria."

George Clooney brinca com Sandra Bullock, na apresentação de 'Gravidade' à imprensa em Veneza - Reuters

Já a estrela Sandra Bullock telefonou para astronautas na Estação Espacial Internacional para pegar dicas para o seu papel, mas a "Miss Simpatia" dos EUA garante que jamais irá abrir mão de papéis cômicos.

"Farei comédia até o dia em que eu morrer: comédia inapropriada, comédia engraçada, comédia que mexe com os gêneros, comédia retorcida, qualquer comédia que houver", disse Bullock à TV Reuters na quinta (29).

"Até um programa de TV ruim - se for aí que eu tiver de ir no final das contas, irei se houver comédia", disse ela um dia depois da exibição de "Gravidade" em Veneza.

Numa entrevista coletiva na quarta, ela contou que sua preparação para o papel incluiu fazer uma chamada à Estação Espacial Internacional, deixando um recado para os astronautas. Com uma ponta de espanto na voz, ela contou que foi respondida.

"Eu ficava fazendo perguntas idiotas - 'Onde vocês vão ao banheiro?' -, e no final obtive um ponto de vista dessas pessoas que idolatramos, esses astronautas", disse ela.

"E o ponto de vista é que eles se importam com a vida, com a nossa vida e muito com o que eles têm feito com ela - por isso eles estão lá em cima. Mas fiquei realmente honrada por eles terem retornado a minha chamada, e a gente sabe que eles são pessoas normais que fazem coisas extraordinárias."

Ela disse que a filmagem de "Gravidade" - onde passou muito tempo numa caixa iluminada por lâmpadas LED por causa dos efeitos especiais - foi física e mentalmente desafiadora.

"Não foi um passeio no parque para nenhum dos envolvidos, especialmente Alfonso", disse Bullock.

"Falo da imensa pressão sob a qual ele estava, os técnicos estavam, ninguém sabia se isso funcionaria até o dia em que entrei no primeiro aparelho. Nem eles sabiam se isso iria funcionar tecnicamente ou se o ator no aparelho conseguiria, era uma grande incógnita a cada dia, porque estávamos todos no mesmo barco."

Confira o trailer extendido de 'Gravidade':


'GERONTOPHILIA': TRAMA COM RAPAZ GAY QUE SE RELACIONA COM IDOSOS APIMENTA VENEZA

O diretor canadense Bruce LaBruce, que não poupa cenas de nudez e sexo em seus longas, dirigiu seu filme mais sensível, mas isso não impediu "Gerontophilia" de apimentar um pouco o morno primeiro dia do Festival de Veneza.

O filme, como entrega o título, é sobre um jovem (Pier-Gabriel Lajoie) que descobre seu desejo sexual por homens bem mais velhos.

A obra foi apresentada para a imprensa na quarta (27) e está sendo tratada como um "escândalo instantâneo" pela mídia italiana.

Há um pouco de exagero: "Gerontophilia" tem cenas fortes - como o garoto lambendo feridas causadas no corpo de um idoso imóvel na cama - mas a intenção de LaBruce é de incomodar menos.

Tanto, que o longa não sairá no Canadá com a censura "NC-17" - dada para filmes com sexo explícito.

O diretor Bruce LaBruce e o ator Pier-Gabriel Lajoie chegam para a exibição de "Gerontophilia" em Veneza - Getty Images

Obviamente que a obra toca em aspectos difíceis para o público comum, como o sexo entre duas pessoas de idades extremamente opostas - a homossexualidade, no caso, é uma rotina na carreira do canadense.

LaBruce sabe disso e escolhe focar a câmera em longos closes de corpos nus mais velhos.

O público presente ao festival aplaudiu o longa, e a história do rapaz que se apaixona por um doente idoso e precisa raptá-lo para impedir que volte a ser exageradamente medicado larga na frente pelo prêmio "Queer Lion", concedido para filmes de temática homossexual exibidos em Veneza.

Confira o trailer de "Gerontophilia":


'JOE': NICOLAS CAGE É APLAUDIDO, DIZ QUE NÃO PENSA EM SE APOSENTAR E ELOGIA AFFLECK COMO BATMAN

Protagonista do drama norte-americano "Joe", de David Gordon Green, o ator Nicolas Cage chegou de cabelo escuro e longas e finas costeletas à coletiva do filme, concorrente ao Leão de Ouro e aplaudido no Festival de Veneza nesta sexta (30).

De ótimo humor, Cage falou de tudo - inclusive da indicação de Ben Affleck como o próximo Batman, o que tem sido alvo de polêmicas e elogios no meio cinematográfico.
"Estou feliz por Ben. Ele sempre fez um excelente trabalho, será ótimo para ele", disse Cage.

Em "Joe", Cage interpreta um ex-presidiário que ganha a vida como microempresário, agenciando trabalhadores ilegais para um trabalho perigoso, a aplicação de produtos tóxicos para acelerar o desmatamento de áreas florestais.

No festival, ele não quis comentar, no entanto, um desvio violento na trajetória de seu personagem – envolvendo o uso de armas de fogo.

A uma jornalista italiana que perguntou se haveria, nos Estados Unidos, "uma tendência a resolver as coisas usando rifles", apesar da presença da polícia, o ator afirmou:
"Não sei o que a faz pensar que eu seja alguma espécie de porta-voz sobre essa questão das armas na América. Não sou. Você vai ter que procurar outra pessoa" - mas não se irritou com essa e nenhuma outra pergunta.

Nicolas Cage em Veneza - Reuters

O ator também destacou que não foi nenhuma espécie de "comentário sobre a crise econômica, social ou social no mundo" que o atraiu ao filme.
"Para mim, tratou-se apenas de interpretar o meu papel", resumiu.

Com 35 anos de carreira, Cage diz que não quer "atuar", já que a palavra às vezes parece querer dizer "mentir".
"Prefiro a palavra 'ser'. Na verdade, o que procuro cada vez mais é encontrar a verdade do personagem, com a máxima pureza", disse.

Cage também não poupou elogios à sua convivência com o diretor David Gordon Green ("Segurando as Pontas"):
"Daria três saltos mortais, pelado, por ele. Havia um espírito fraterno entre nós, não só pelo seu modo de dirigir, como seu olho para escolher o elenco".

O ator também elogiou o garoto Tye Sheridan - que interpreta Gary, que se torna seu protegido e com quem desenvolve uma relação paternal, já que seu pai biológico (Gary Poulter) é um alcoólatra violento.

Poulter, que morreu antes de ver o filme pronto, era um morador de rua em Austin, Texas, onde "Joe" foi filmado - o diretor e os atores também não lhe pouparam elogios.

Cage disse que ele o lembrava de Richard Farnsworth - cujo último filme foi "História Real" (1999), de David Lynch e que valeu uma indicação ao Oscar de melhor ator ao intérprete, morto aos 80 anos em 2000.

Tye Sheridan, por sua vez, disse que "Nic é uma pessoa muito fácil de conviver" - maior desafio, para ele, foi fumar o primeiro cigarro de sua vida numa cena.
"Mas Nic e David me ajudaram. David se preocupou com minha saúde e me deu um cigarro fraco", contou.

Indagado por uma jornalista chinesa se faria um filme na China, onde, segundo ela, teria muitos fãs, Cage sorriu e respondeu: "Estarei lá em três semanas filmando 'The Outcast', com (o diretor) Nick Powell. E há outras conversas em andamento".

Quando ela lhe perguntou "o que o atraía" no cinema chinês, ele lembrou o diretor Zhang Yimou ("adorei 'Lanternas Vermelhas'") e o ator Tony Leung (protagonista de "Amor à Flor da Pele", de Wong Kar-wai).

Questionado se pensa em aposentadoria - como Johnny Depp e Brad Pitt já declararam em recentes entrevistas - Cage diz que ainda não.
"Não sei o que vai pela cabeça desses dois, mas eu não me vejo me aposentando. Quero explorar esta minha profissão o resto da minha vida. O que não quer dizer que eu não tenha aquelas fantasias, de vez em quando, de ficar à beira de uma piscina, ou numa praia sem fazer nada, bebericando um drinque", disse aos risos.

'CHILD OF GOD': LONGA DE JAMES FRANCO, COM NECROFILIA E VIOLÊNCIA, É APLAUDIDO

Violento e explícito, com cenas de assassinato, necrofilia e masturbação, "Child of God" - uma adaptação de romance de Cormac McCarthy - foi aplaudido na manhã deste sábado (31) no Festival de Veneza.

Mesmo nas cenas mais fortes ou nas mais gratuitas – como uma em que o ator Scott Haze aparece defecando, o filme escapou das vaias - e Haze pode ser considerado um dos favoritos até agora a uma premiação, ao lado de  Dame Judi Dench, que estrela "Philomena".

Para Haze, o filme de James Franco exigiu um extraordinário esforço físico, como o diretor foi o primeiro a reconhecer.
"Ele ficou isolado por três meses, dormindo no escuro, até em cavernas, sem falar com ninguém. E na filmagem continuou assim, isolado", contou Franco.

Haze mudou-se para o Tennesee, cenário original da história – embora o filme tenha, na verdade, sido feito em West Virginia – para assimilar o sotaque.

O ator contou que um amigo lhe ofereceu uma cabana para ficar sozinho, o que ele achou importante para "encontrar a fisicalidade e a animalidade de Lester" (nome do personagem, Lester Ballard).

"Li o roteiro com minha namorada, tentando descobrir com que partes de mim eu podia me conectar com a alma dele. Ele é um homem realmente isolado da sociedade, não apenas um maníaco", revelou.

O ator Scott Haze e o agora também diretor James Franco, hoje pela manhã em Veneza - Getty Images

Sobre a violência de várias sequências de "Child of God", Franco disse considerá-la "bastante moderada em relação a tantos outros filmes", sem citar nenhum.

Para ele, "não se trata de um thriller e sim de um estudo de personagem".
E disse que "tudo que está no filme estava no livro", embora tenha admitido ter mudado o final na telona, deixando mais ambíguo o destino de Lester – no livro, ele morre internado num hospital.

"Child of God" é o segundo capítulo de uma trilogia de Franco baseada em literatura – o primeiro foi "As I Lay Dying", inspirado em William Faulkner, apresentado em Cannes este ano, também com Scott Haze.

Franco comparou seu trabalho com roteiros originais ou adaptações.
"Eu me esforço bem mais quando estou adaptando o livro de alguém, que sempre admiro, como é o caso deste. Quando escrevo um roteiro original, pego mais leve comigo, não me forço tanto".

Mas disse "não considerar superiores" os roteiros baseados em livros.

Franco citou como inspirações desde "Taxi Driver", de Martin Scorsese, até "A Criança" e "O Filho", dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, passando por Gus Van Sant.

Scott Haze mencionou o Coringa de Heath Ledger em "Batman" e também Robert De Niro, de "Taxi Driver".

Confira um teaser de 'Child of God':


'PHILOMENA': DAME JUDI DENCH E STEPHEN FREARS OVACIONADOS POR DRAMA REAL DE MULHER QUE TEVE SEU FILHO ROUBADO

No dia em que se esperava que James Franco pudesse monopolizar as atenções com seu concorrente ao Leão de Ouro "Child of God", foi o veterano diretor inglês Stephen Frears quem mais brilhou.

Neste sábado (31), "Philomena",  novo trabalho do diretor de "A Rainha", foi ovacionado pelos jornalistas e membros da indústria cinematográfica em sua primeira exibição mundial.

Os aplausos apareceram não apenas ao fim da produção de forma abundante, mas ao longo de toda a projeção.

É fácil de entender o porquê: o roteiro co-escrito por Jeff Pope e pelo comediante Steve Coogan - que também atua no filme - é uma potente mistura de drama e humor sarcástico, uma fórmula que administrada da maneira errada pode resultar em uma obra melosa ou simplesmente errada.

Não é o caso de "Philomena", que possui todos os elementos nos lugares corretos: da maravilhosa trilha de Alexander Desplat à direção mais tradicional de Frears.

Stephen Frears, Dame Judi Dench e o ator e co roteirista Steve Coogan apresentam "Philomena' em Veneza - AFP

Mas o principal trunfo do filme está na química entre Coogan, um ex-jornalista demitido de um alto cargo no governo inglês após um e-mail "brincando" com os ataques de 11 de setembro, e Dame Judi Dench, uma senhora que, quando jovem, teve o filho roubado de suas mãos das freiras que a mantinham em cativeiro em um mosteiro na Irlanda, nos anos 1960.

A história verídica ganha contornos de filme de "parceria" no estilo "Um Estranho Casal" (1968) quando a filha da ex-enfermeira encontra o jornalista e pede sua ajuda - ele, por outro lado, tenta se recuperar do escândalo que custou seu emprego.

Segundo quem assistiu, Dame Dench está simplesmente apaixonante como uma mulher de bondade e fé quase inabaláveis (ou inacreditáveis), qualidades que servem de antídoto ao humor venenoso de Coogan por todo o filme.

"Encontrei a verdadeira Philomena, que agora está com 80 anos e ela é imensamente engraçada e cheia de vida. Nos demos bem de cara. Não é sempre que tenho a oportunidade de encontrar alguém para que possa capturar sua essência", disse Judi - já a maior candidata ao prêmio de melhor atriz do festival.

Na verdade, a exibição em Veneza adianta a corrida do Oscar, possivelmente colocando "Philomena" na briga por uma vaga em categorias como roteiro adaptado, atriz para Dame Dench e até melhor filme - a produção foi comprada pelos irmãos Weinstein, dois dos mais poderosos executivos de Hollywood.

No Brasil, o filme não tem data ou distribuidora.

Mas a preocupação de Stephen Frears não é com prêmios, ao que tudo indica.

Tratando de um tema sério sobre uma instituição da igreja católica que mantém jovens em cativeiro e vende seus bebês para americanos ricos - até a atriz Jane Russell (1921-2011) teria sido cliente - o diretor só deseja uma coisa:
"Quero que o Papa veja meu filme. Ele parece ser um cara bacana."

De minha parte, eu sou suspeitissimo pra falar de Dame Judi Dench - eu simplesmente adoro ela e torço para que uma das minhas atrizes favoritas leve todos os prêmios que puder levar por esse papel - Oscar inclusive.

Confira o trailer de 'Philomena':


*****
Com UOL, Rodrigo Salem (Folha de S.Paulo), Reuters, AFP e Getty Images

Nenhum comentário:

Postar um comentário