SINOPSE:
Anos 1930.
Bobby (Jesse Eisenberg) é um jovem aspirante a escritor, que resolve se mudar de Nova York para Los Angeles.
Lá, ele deseja ingressar na indústria cinematográfica com a ajuda de seu tio Phil (Steve Carell), um produtor que conhece a elite de Hollywood.
Após um bom período de espera, Bobby consegue o emprego de entregador de mensagens dentro da empresa de Phil.
Enquanto aguarda uma oportunidade melhor, ele se envolve com Vonnie (Kristen Stewart), a secretária particular de seu tio - só que ela, por mais que goste de Bobby, mantém um relacionamento secreto.
CRÍTICA:
Woody Allen tem atualmente 80 anos, 48 longas no currículo e uma média de um filme por ano há décadas.
Segue filmando porque ama o que faz e porque, como ele mesmo diz: "tem uns loucos que topam me bancar".
Entretanto, por mais que a sua paixão pelo cinema ainda fale alto, nos últimos anos, ele tem se repetido.
É o que novamente acontece em 'Café Society', em exibição em 104 salas em todo o Brasil, onde vemos aqui e ali lembranças de 'Poderosa Afrodite', 'Tiros na Broadway' e até mesmo 'Meia Noite em Paris'.
O problema não é propriamente a repetição, mas para quem acompanha a sua carreira, fica a desagradável sensação de que ele já fez isto antes - e melhor.
Ao menos aqui, Allen mostra uma opção pouco usual: nesse, temos seguramente três 'filmes dentro do filme'.
Kristen Stewart e Jesse Eisemberg, em cena do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Imagem Filmes |
O primeiro deles, que toma cerca da metade da duração, é uma escancarada comédia romântica.
Situada na Los Angeles da década de 1930, essa parte tem bela fotografia em tons azulado e sépia para retratar visualmente a divisão de classes sociais na hierarquia cinematográfica de Hollywood e apresenta um cuidado extremo em como a personagem de Kristen Stewart, Vonnie, é apresentada.
Sua primeira aparição, por volta dos 15 minutos, é em meio a um brilho intenso, a luz na vida dos homens que a rodeiam.
Seus trejeitos e o modo de se vestir dão à personagem uma certa sensualidade casta, própria da época, que imediatamente remete aos filmes estrelados por Greta Garbo - que, não por acaso, possuíam uma série de restrições em relação ao comportamento feminino.
Se Kristen não é Garbo, ela até aparece bem nos momentos mais românticos e de sedução.
Já Jesse Eisenberg, em seu melhor papel no cinema em muito tempo, se sai bem como a nova persona do diretor (que Allen tem colocado nos seus filmes desde Kenneth Branagh em 'Celebridades'), interpretando de forma convincente a figura do ingênuo romântico.
Já Steve Carell, também muito bem, dá uma certa humanidade a um personagem que poderia facilmente cair no lugar comum.
O trecho de Los Angeles é o mais bem resolvido da trama: ágil, bem pontuado e com piadas divertidas, ela flui com facilidade, mesmo aparentemente sendo até previsível.
Steve Carell: humanidade a personagem |
A segunda parte, ambientada em Nova York, entrega um outro filme, mais sofisticado e com uma pitada de melancolia que o longa até insinua, através de frases soltas sobre o sentido da vida, típicos da filosofia do diretor.
Só que, por mais que tragam os mesmos personagens, o salto brusco de tom provoca uma certa ruptura, agravada pelo fato da subtrama novaiorquina não ser tão interessante e também pelo desaparecimento da personagem de Blake Lively, recurso já usado por Allen abteriormente, bem como o próprio desenvolvimento desta fase do filme, envolvendo paixões.
Por mais que Allen aqui queira passar ao espectador a verdade de que que a vida não é um conto de fadas, a transição fica superficial.
Casal com boa química |
O terceiro "filme dentro do filme" foca em outros personagens, como o irmão gângster de Bobby e sua família, soltos dentro da história como um todo, muito pouco para inserir tantos personagens e uma subtrama com tamanho peso.
Irregular, contando com alguns bons momentos graças à habilidade de Allen em escrever sequências onde o diálogo é ótimo, especialmente na metade inicial, o longa tem enquadramentos interessantes, mesmo recorrendo ao clássico plano/contraplano.
Temos aqui o filme de maior apuro estético de Allen, desde 'Meia Noite em Paris', especialmente em relação à fotografia - de Vittorio Storaro - figurino - de Suzy Benzinger - e direção de arte - de Santo Loquasto.
Nessa fase de vida, fica evidente que o cineasta quer soluções fáceis para problemas mais complexos, talvez por comodidade ou pela pressa auto-imposta para que possa logo começar seu próximo projeto.
No mais, é diversão de primeira - e eu aposto que Jesse Eisenberg deve levar alguns prêmios pela sua soberba atuação.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'CAFÉ SOCIETY'
Título Original:
CAFE SOCIETY
Gênero:
Comédia Dramática
Direção e Roteiro:
Woody Allen
Elenco:
Anna Camp, Armen Garo, Blake Lively, Corey Stoll, Craig Walker, Don Stark, Edward James Hyland, Gregg Binkley, James Thomas Bligh, Jeannie Berlin, Jesse Eisenberg, Judy Davis, Kaili Vernoff, Kelly Rohrbach, Ken Stott, Kenneth Edelson, Kristen Stewart, Lev Gorn, Liz Celeste, Max Adler, Parker Posey, Paul Schackman, Paul Schneider, Raymond Franza, Richard Portnow, Richard R. Corapi, Sari Lennick, Saul Stein, Sebastian Tillinger, Shae D'lyn, Stephen Kunken, Steve Carell, Steve Rosen, Steve Routman, Tom Kemp, Tony Sirico
Produção:
Edward Walson, Letty Aronson, Stephen Tenenbaum
Fotografia:
Vittorio Storaro
Montador:
Juliet Taylor, Patricia Kerrigan DiCerto
Duração:
96 min.
Ano:
2016
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
25/08/2016 (Brasil)
Distribuidora:
Imagem Filmes
Estúdio:
Gravier Productions
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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