sábado, 16 de fevereiro de 2019

FESTIVAL DE BERLIM: PRIMEIRA DIREÇÃO DE WAGNER MOURA, 'MARIGHELLA' É OVACIONADO E EXIBIÇÃO SE TRANSFORMA EM GRANTE ATO ANTI-BOLSONARO

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'Nosso filme é maior que Bolsonaro' - disse Moura, na entrevista coletiva lotada de correspondentes internacionais - premiere de gala teve aplausos de pé e presença de Jean Wyllis
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O ator Wagner Moura foi ao Festival de Cinema de Berlim - um dos mais importantes do mundo - divulgar seu primeiro trabalho como diretor, a cinebiografia 'Marighella', estrelada por Seu Jorge e Bruno Gagliasso.

O filme foi exibido para o público nesta sexta (15) fora da competição oficial - e casou furor.

O ator e diretor levou para a coletiva de imprensa pós exibição uma placa com o nome de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro e cujo crime ainda não foi solucionado e nenhum culpado preso.

Wagner também concedeu entrevista coletiva e respondeu tudo o que foi perguntado - algumas perguntas foram sobre o filme e a maioria, sobre a atual situação política no Brasil - ao lado de 30 membros da equipe, entre técnicos e artistas.

Wagner Moura, Seu Jorge e Bruno Gagliasso em Berlim - Divulgação

Aos brados de 'Marielle Presente', Moura levou consigo uma placa de rua em homenagem à vereadora do PSOL Marielle Franco, executada a tiros há 11 meses no Rio de Janeiro, como forma de relembrar que, até agora, o crime não foi solucionado.

Wagner Moura ao lado de Maria Marighella (dir.), neta de Carlos Marighella, e demais membros da equipe do filme em Berlim - TOBIAS SCHWARZ AFP/GETTY IMAGES

Aos jornalistas, Moura falou espera que o filme seja maior que governo Bolsonaro:

“Meu primeiro instinto, depois de ler a biografia em que se baseia o roteiro, foi produzir o filme. Como não encontrei um diretor, eu me arrisquei, já que não achava que ia ser tão complicado. Só me considero um ator que dirige. Por outro lado, foi a experiência artística mais importante da minha vida. Nós o iniciamos em 2015, depois do golpe de Estado [o impeachment de Dilma Rousseff]. Não é uma resposta a um Governo em particular. Espero que meu filme seja maior que o atual Governo de Bolsonaro, e é a primeira resposta da cultura a esta situação. Marighella fala de alguém que resistiu naquela época e se dirige a quem resiste agora: a comunidade LGBTI, os negros, os moradores das favelas…”

Confira o vídeo editado onde Wagner responde em inglês:


Marighella, cinebiografia inspirada no livro Marighella – O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo, do jornalista Mário Magalhães, estreou sob aplausos em sessão dedicada à imprensa no Festival de Berlim, tendo o músico e ator Seu Jorge no papel do guerrilheiro baiano.


O Pôster do longa - Divulgação
A obra acompanha os últimos cinco anos de vida de Carlos Marighella - do golpe militar de 1964 até seu assassinato em 1969 - numa operação da polícia considerada um dos marcos do fim da guerrilha urbana durante a ditadura.

MAIS IMAGENS:


Getty Images
No filme, o ator Bruno Gagliasso interpreta o (fictício) delegado Lúcio, baseado em diversos agentes da repressão contra a luta armada, nos tempos da ditadura militar.

A primeira inspiração, no entanto, foi o agente do temido Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Sérgio Paranhos Fleury.

Em conversa com jornalistas em Berlim, Gagliasso se emocionou a falar do filme:

“Não sei se vocês sabem, mas tenho uma filha negra. Eu sei da importância desse filme para a minha filha no futuro. Com esse filme, fui a um lugar onde nunca imaginei ir. Wagner [Moura] é ainda melhor diretor do que ator. Esse filme é forte, visceral, potente, mas movido por amor. Isso ninguém pode esquecer”, disse.

Por fim, a estreia em Berlim teve a presença mais do que honrosa do ex-deputado federal Jean Wyllis, que no Brasil, continua sofrendo os mais variados – e alguns tresloucados – ataques.

Foi acusado de dar dinheiro para Adélio Bispo, que esfaqueou Jair Bolsonaro.

Seria até namorado do criminoso.

Estaria encenando ao sair do Brasil – as ameaças sobre sua vida não seriam para valer.

Jean Wyllys estava na sessão de gala de “Marighella”, no Festival de Berlim.

Foi aplaudido e recebeu um beijo na boca de Wagner Moura - que serviu como uma espécie de desagravo à sua importância como defensor da democracia e dos direitos LGBTs no Brasil.

Veja:


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